Por Alessandra Modzeleski, G1 — Brasília


A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) concedeu entrevista a jornalistas enquando sessão do Senado estava suspensa — Foto: Alessandra Modzeleski/G1

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou nesta terça-feira (11) que ela e as demais senadoras de oposição permanecerão ocupando a mesa do plenário, onde fica a cadeira do presidente, até que os destaques apresentados por oposicionistas para alterar a proposta de reforma trabalhista sejam analisados em plenário.

Mais cedo, algumas senadoras ocuparam a mesa e se recusaram a deixar o local. Elas sentaram à mesa do plenário assim que a sessão foi aberta, por volta de 11h, quando o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), ainda não estava no local.

Por volta de 12h, quando Eunício chegou ao plenário, ele quis ocupar a cadeira da presidência. Mas a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), sentada no lugar, não quis sair.

Apesar da resistência da senadora, Eunício usou o microfone para avisar que cortaria o som se não pudesse se sentar. Após essa confusão, ele suspendeu a sessão. A ocupação já durava mais de 3 horas até a última atualização desta reportagem.

“Só tem uma possibilidade de fazer um acordo [para deixar o local]. É aprovar um dos destaques, principalmente o que se refere ao direito da mulher grávida e lactante. Se não for aprovado, esqueça. Não vai ter acordo”, afirmou Gleisi Hoffmann, que é presidente nacional do PT.

Além da petista, ocupam a mesa do Senado as senadoras Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Fátima Bezerra (PT-RN) e Regina Sousa (PT-PI).

O destaque que as senadoras defendem que precisa ser apreciado se refere à proposta de que grávidas e lactantes poderão trabalhar em locais insalubres de graus "mínimo" e "médio", desde que apresentem atestado médico.

A oposição apresentou o destaque para retirar a proposta da reforma trabalhista. Atualmente, as leis trabalhistas não permitme que mulheres nessas condições trabalham em locais insalubres, independente do grau.

Senadoras almoçam na Mesa Diretora do Senado após suspensão de sessão que discutia a reforma trabalhista — Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Tramitação

Na semana passada, o relator da reforma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo na Casa, rejeitou todas as sugestões de alteração ao projeto apresentadas por parlamentares.

A rejeição dessas sugestões faz parte da estratégia do Palácio do Planalto de não alterar a redação aprovada pelos deputados. Isso porque, se o Senado mudar o texto da Câmara, a reforma voltará à análise dos deputados, e levará mais tempo para entrar em vigor.

Enquanto as senadoras permaneciam na mesa do plenário, o presidente do Senado se reuniu com alguns senadores para decidir como dar continuidade à sessão.

Aos jornalistas, Gleisi afirmou que o senador Paulo Paim (PT-RS) saiu da sala da presidência da Casa e trouxe uma proposta a elas.

“Eles liberariam a galeria para os movimentos sindicais e deixariam todas os senadores falarem", relatou a petista.

O grupo de senadoras, no entanto, não aceitou. Elas pedem que os destaques sejam apreciados e votados. “A maioria deles é a favor disso. Só não votam porque o governo não libera. Qual o problema de voltar à Câmara?”, questionou Gleisi.

Presidente do Senado suspende sessão após discussão e manda desligar luzes e microfones

Presidente do Senado suspende sessão após discussão e manda desligar luzes e microfones

Luzes

Segundo Gleisi Hoffmann, as senadoras ocuparam os lugares para dar “palavras as mulheres”. Ela relatou que, quando chegou ao plenário, Eunício Oliveira pediu a elas que deixassem os lugares. Elas se recusaram e o peemedebista suspendeu a sessão.

Cerca de cinco minutos após Eunício ter determinado a suspensão da sessão, as luzes no plenário foram parcialmente apagadas. Nessa hora, o painel eletrônico marcava a presença de 49 dos 81 senadores no plenário.

Segundo Gleisi Hoffmann, a ordem para apagar as luzes do plenário partiram do presidente do Senado.

“Ele disse: se vocês não saírem, eu vou apagar as luzes. Então nós não vamos sair. Ele apagou as luzes e fechou os microfones. Ele achava o quê? Que nós iriamos sair? É um ato autoritário”, classificou a senadora.

A assessoria de Eunício, porém, não disse de quem partiu a ordem para desligar as luzes.

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