(Foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência)
A presidente Dilma Rousseff inaugurou, nesta quinta-feira (7), o primeiro sistema de transporte de massa por cabo do Brasil, o teleférico do Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio. Ela estava acompanhada do governador do Rio, Sérgio Cabral, e do prefeito Eduardo Paes. A comunidade foi pacificada no final do ano passado.
Eles seguiram no teleférico do Morro do Alemão até o Morro do Adeus.
O teleférico deve atender a cerca de três mil pessoas por hora, em média 30 mil por dia. O transporte tem 3,5 quilômetros de extensão e contará com 152 gôndolas. Seis estações foram construídas entre Bonsucesso e Fazendinha, mas inicialmente apenas três entrarão em funcionamento: Bonsucesso, Adeus e Baiana.
"O teleférico será visto por todos com olhos da boa inveja", disse Dilma, explicando que a obra além de necessária, é bonita e mostra respeito aos moradores.
Na cerimônia de inauguração, a presidente afirmou ainda que faltava a presença do ex-presidente Lula, que tinha muito carinho e respeito pelo projeto.
A presidente Dilma agradeceu a parceria feita com o governador Sérgio Cabral e também com o vice-governador Luiz Fernando Pezão, a quem chamou de "pai do PAC".
teleférico do Alemão (Foto: Lilian Quaino/G1)
Em seu discurso, ela ressaltou uma carta que recebeu da moradora do Complexo do Alemão, Rosinete Nascimento da Silva, que tem dois filhos, Tiago, de 11 anos, e Maria Clara de, 7. Na carta, a moradora agradecia a obra do teleférico porque já estava prestes a se mudar para outro lugar.
Rosinete, que estava na plateia, ficou muito emocionada ao ser lembrada e disse que está se sentindo "uma princesa e não vai mais sair do bairro onde mora há 19 anos".
A presidente Dilma e o governador Sérgio Cabral lançaram um selo dos Correios comemorativo à obra e inauguraram um posto do INSS para atender a comunidade.
Cabral, num discurso bem informal, falou diretamente aos moradores que foram prestigiar o evento.
"Zelem por isso. Cuidem disso. Aqui não tem só responsabilidade do governo. Não aceitem demagogia", disse ele.
Ainda em tom de informalidade, o governador deu um conselho aos moradores.
"Não pode soltar pipa nem balão perto do teleférico. A lei e a ordem tem tudo a ver com democracia", afirmou.
De acordo com o site do governo do Rio, no primeiro mês de funcionamento a população e os visitantes não precisarão pagar passagem. A tarifa será de R$ 1 para moradores, que terão direito a duas gratuidades por dia, e visitantes. Haverá ainda integração gratuita com a SuperVia. O usuário que usar o teleférico e o trem pagará o valor do bilhete ferroviário, R$ 2,80. Para os turistas, foi criado um pacote especial, de 12 bilhetes unitários a R$ 10.
Moradores comemoram novo transporte
Ruth Alves, de 48 anos, vive há 40 no Morro do Adeus. Com problemas no joelho, ela sofre para descer a pé de sua casa, perto da estação do teleférico, até o trabalho, uma fábrica de calçados em Bonsucesso, no subúrbio.
(Foto: Lilian Quaino / G1)
Com o teleférico, ela acredita que a saúde vai melhorar muito, porque passará a descer o morro de gôndola. “A gente tem mototáxi, mas tenho medo. Prefiro o teleférico, que prece bem mais seguro”, disse ela.
O funcionário público Jailton Marques trabalha no Centro do Rio e afirma que o novo transporte vai facilitar a vida dos moradores, principalmente dos idosos. “A comunidade melhorou, ganhou mais visibilidade e até os empregos aumentaram”, contou ele, também morador do Adeus.
Trajeto em 16 minutos
O teleférico faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e deve integrar todo o conjunto de favelas.
Atualmente, quem chega à estação ferroviária de Bonsucesso e mora na Fazendinha leva, em média, mais de uma hora e meia de deslocamento. Com o novo sistema, o mesmo trajeto será feito em 16 minutos.
No final do ano passado, o teleférico passou por testes finais. Sua construção foi inspirada num projeto adotado em Medellín, na Colômbia, e deverá trazer mais opções de lazer e cultura às áreas de seu entorno, com bibliotecas, salas de leitura e auditórios. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou dos testes: ele pegou o teleférico na estação de Bonsucesso e foi até o Morro da Baiana.
PAC no Alemão
Reunindo 12 comunidades, o Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, abriga mais de 30 mil famílias. Segundo o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), os investimentos nas obras de urbanização do PAC do Complexo do Alemão somam R$ 939, 4 milhões.
Estão previstas a construção de novas moradias e a implantação de um sistema de saneamento integrado com redes de abastecimento de água, coletores de esgotamento sanitário e redes de drenagem pluvial. Quadras de esportes, creches, escolas e uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) também fazem parte das obras do PAC.