O presidente do Vasco, Eurico Miranda, decidiu assumir os holofotes do Vasco nesta segunda-feira para se posicionar sobre os protestos que tomaram São Januário na noite de sábado, durante a vitória por 1 a 0 contra o Avaí. Na ocasião, torcedores gritaram "Fora Eurico" durante o apagão no estádio. Depois, entoaram gritos de "Ah, é Edmundo", ídolo vascaíno e aliado a uma chapa de oposição.
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Depois dos gritos, houve até confusão na arquibancada de São Januário, e a polícia disparou balas de borracha. O tumulto não foi inédito neste ano: contra o Corinthians, há dez dias, torcedores acusaram seguranças do clube de agredirem aqueles que gritavam palavras contra Eurico. As manifestações pedindo a saída do presidente aumentaram neste ano, que será de eleições no Vasco. Eurico, no entanto, se irritou com a associação dos protestos ao período eleitoral:
- Não dá pra assistir passivamente a isso isso e deixar dizerem que é do período eleitoral. Que período eleitoral? Antes do jogo começar? Pagarem pra virem grupos na arquibancada pra chegar com esse tipo de manifestação? Não tem nada de período eleitoral - disparou Eurico.
Em outros momentos da entrevista coletiva, o presidente do Vasco alegou que a revolta dos torcedores é "dirigida", sem especificar quem estaria coordenando os atos.
- Quem viu o jogo percebeu que é uma coisa absolutamente dirigida. A matéria sai como "protesto". Que protesto, meu Deus? Protesto de quem? Por que não diz que o protesto é dirigido? Colocam como se fosse um protesto espontâneo. Protesto contra o quê? - questionou Eurico, de forma retórica.
A coletiva do presidente vascaíno foi convocada de surpresa na manhã desta segunda-feira. De acordo com a programação do clube, quem falaria seria o goleiro Martín Silva.
PODER MODERADOR
Perguntado sobre as denúncias de censura de torcedores vascaínos, que disseram estar sendo bloqueados pelos perfis oficiais do Vasco no Facebook e no Twitter após criticarem a atual administração, Eurico devolveu a pergunta a um jornalista: questionou se poderia tecer críticas na página oficial de um veículo de comunicação. Informado que se trata de algo recorrente, Eurico não mudou sua posição:
- Se eu entrar lá e disser que é uma "merda", vão deixar botar? Isso aqui é uma entidade privada. Não posso deixar usarem o Facebook oficial do Vasco para denegrir o próprio Vasco. Vão continuar reclamando, mas no oficial, não. Façam onde quiserem. Não sou muito chegado a rede social, não. Mas existe uma coisa chamada de moderador, não? Agora aqui passou a ter moderador - disse Eurico.
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Eurico ainda não confirmou se será candidato no pleito deste ano. A oficialização das chapas vai ocorrer apenas no fim do ano. O presidente do Vasco garantiu, no entanto, que não se sentiu fragilizado politicamente pelos protestos ouvidos em São Januário recentemente.
- Eu pessoalmente não me sinto nada atingido. Nada. As pessoas podem achar que isso me atinge. Não, muito pelo contrário. Porque eu tenho consciência das coisas. Uma coisa é o que você coloca em mídia social. Outra coisa é o sócio do clube, que efetivamente vota, e vê como está sendo tratado o patrimônio que é dele. Estou falando isso no sentido de dar tranquilidade ao futebol. Esqueçam esse negócio de política - pediu Eurico.
Depois, questionado sobre o que diria àqueles que duvidam do sucesso do Vasco diante da atual posição do time -- sexto colocado no Brasileiro, com 12 pontos --, Eurico foi sucinto:
- Nada. Continuem duvidando.