• Redação Globo Rural
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Como montar o irrigador caseiro do Dr. Washington:

1. O irrigador solar é composto por várias partes como: (Veja a Figura 1)

irrigador_esquema_figura1 (Foto: Divulgação/Embrapa)

Figura1 (Foto: Divulgação/Embrapa)

(1) recipiente primário

(2) funil de acoplamento ao recipiente (1)

(3) acoplador dos recipientes (1) e (4)

(4) recipiente secundário
(5) duto de sucção
(6) válvula
(7) duto alimentador
(8) pressurizador ou bomba solar
(9) tubo de escape do ar quente
(10) acoplador dos recipientes (8) e (11)
(11) recipiente de saída
(12) duto gotejador ou sifão duplo
(13) válvula de saída do sifão (11)
(14) gota;
(15) base ou suporte de sustentação

Este sistema funciona com sifões acoplados: as peças (4),(5) e (7), compõem o sifão-fonte;

O tubo (12) forma dois sifões – um direto (extremidade dentro da garrafa (11) e outro inverso (forma de U).

Na figura 1, o recipiente (1) armazena líquido, à pressão ambiente, que será usado no processo de irrigação por gotejamento. Este pode ser uma garrafa plástica de volume maior que as demais que formam o sistema ou qualquer recipiente à pressão ambiente que armazene a água. Este recipiente pode está conectado ao acoplador (3) ou acoplado ao funil (2).

O funil (2) serve para fixar o acoplador (3) à base (15) e também para acoplar ao recipiente (1). Permite que este recipiente seja removido para abastecimento ou reabastecer diretamente pelas aberturas da borda.

O acoplador (3), (ver Figura 2), serve para conectar o funil (2), o duto de sucção (5), o recipiente (4) e o duto alimentador (7). É uma peça de plástico, PVC, ou pode ser de outro material, com roscas internas (19) nas extremidades para conectar às garrafas. A vedação é feita por anéis de borracha (20) e/ou fita veda rosca.

irrigador_esquema_figura2 (Foto: Divulgação/Embrapa)

Figura 2 (Foto: Divulgação/Embrapa)

No recipiente (4), o nível de líquido deve estar acima da metade de sua altura. A extremidade superior de (5) deve ficar próxima ao topo (fundo visto de boca para baixo) do recipiente (4), enquanto a extremidade inferior deve atingir a fundo do recipiente (1). Estas extremidades devem ser cortadas em forma de “V” ou “rabo de peixe” ou ainda em diagonal.

O duto alimentador (7) conecta os acopladores (3) e (10) que, por sua vez, conecta os recipientes (8) ao (11).

O acoplador (10), (ver Figura 3), também tem um corpo (20) em plástico, PVC, ou pode ser em outro material, rosqueável (24) aos recipientes (8) e (11) e com as mesmas vedações do acoplador (3), anéis de borracha (25).

O pressurizador ou bomba solar (8) é um dispositivo formado por uma garrafa de vidro pintada de preto fosco, mas pode ser um outro material que seja resistente à pressão atmosférica.

O formato cilíndrico de uma garrafa não é o melhor, já que uma pequena área é útil à incidência de luz, mesmo assim, a temperatura no dia ensolarado chega acima de 50oC, suficiente para ocorrer o efeito térmico. Uma garrafa metálica, por exemplo de alumínio, seria mais eficiente na troca de calor e na variação de pressão versus temperatura. Este recipiente não pode ficar onde tem sombra.

As válvulas (6) e (13) pode ser daqueles usadas em equipo médico/hospitalar que estrangula o tubo conforme muda a posição de um knob. Ou pode ser qualquer outro dispositivo que faça o controle da passagem de líquido.

irrigador_esquema_figura3 (Foto: Divulgação/Embrapa)

Figura 3 (Foto: Divulgação/Embrapa)

Os dutos (5), (7), (12) são mangueiras plásticas de equipo médico/hospitalar usados na aplicação de soro e outros líquidos, ou podem ser usadas capas plásticas de fios elétricos. As dimensões destes dutos e tubos podem ser mudadas conforme a necessidade da aplicação.

O duto (12) pode ser conectado a um dispositivo chamado de “distribuidor” (ver Figura 4) que serve para conectar várias mangueiras que vão para o solo entregar a água por gotejamento. O distribuidor pode ser uma outra garrafa PET cortada na base (29) para entrar o duto (12) e o flutuador ou boia (27), por exemplo um pedaço de isopor.

No pedaço da garrafa (fundo) se faz um furo (26) para passar o duto (12) e conectar o flutuador (27).

Uma vez montado o flutuador (27) e do duto (12) na parte menor da garrafa (fundo), esta pode ser novamente encaixada na parte restante da garrafa, como mostra a Figura 4.

A parte maior da garrafa é usada para coletar a água que sai pelo duto (12) do irrigador solar. Na tampa da garrafa (30), pode-se ligar várias mangueiras finas (31) que levarão a água para o solo. Inicialmente, este recipiente deve ter água para que haja a flutuação da boia.

Ainda, pode-se colocar nas extremidades dessas mangueiras uma ponta porosa (32) que indicará se o solo precisa de água. O nível de água (28) no distribuidor deve está na mesma altura do recipiente (1) e de mesma profundidade.

A base (15), na Figura 1, pode ser feita de chapa metálica ou de madeira ou ainda de pedaços de chapas ou canos plásticos, tendo dois orifícios na parte superior com diâmetro suficiente para passar os pescoços das garrafas.

Ou ainda pode ser suportado por estacas fincadas no solo. Pode ter o formato apresentado na Figura 1, ou qualquer outro, contanto que o recipiente (4) fique nível acima do recipiente (11).

Passo a passo : montagem do sistema feito com garrafas de vidro e pet

As garrafas de vidro são os recipientes (4) e (8), enquanto as demais são de PETs. É necessário que estas garrafas (4) e (8) sejam de paredes rígidas para suportarem as pressões formadas internamente e a atmosférica.

As Figuras 2 e 3 mostram os feitios dos acopladores (3) e (10), são peças projetadas e/ou construídas para se conectarem às partes já mencionadas.

Os corpos (16) e (21) feitos de plástico ou outro material rígidos tendo roscas (19) e (24) com anéis de vedação (20) e (25). Ou pode ser também encaixes para as próprias tampas das garrafas.

A instalação deve seguir os seguintes passos:

1 - ligar nas extremidades do tubo (18) (ver Figura 2) dois pedaços de mangueiras ou capas de fio elétrico com comprimento conforme as profundidades dos recipientes (1) e (4), tendo cortes nas extremidades livres, com já citado. Forma-se o duto de sucção (5);

2 - ligar com mangueira ou capa de fios elétricos ao tubo (17) e instalar a válvula (6). Verificar o comprimento necessário;

3 - acrescentar a outra extremidade interna do tubo (22) um pedaço de mangueira de comprimento suficiente para atingir o fundo do recipiente (11), esta extremidade deve ter corte em "V". A extremidade externa será conectada depois ao tubo (17) no acoplador (3);

4 - ligar à extremidade interna do tubo (23), que fica dentro do recipiente (11), um pedaço de mangueira plásticas ou capa de fio com comprimento conforme a profundidade deste recipiente. A extremidade deve ter corte como citado anteriormente.

5 - ligar uma mangueira de comprimento suficiente para formar o sifão inverso (forma de U) à extremidade externa do tubo (23). Este sifão deve ter aproximadamente a altura da garrafa PET grande. Nesta mangueira se coloca a válvula (13).  Assim, formando o duto gotejador.

6 - fechar as válvulas (6) e (13);

7 - encher todos os recipientes com água. No recipiente (4) o nível deve ficar pouco abaixo do pescoço da garrafa. Deixar um espaço livre para que a extremidade superior do duto de sucção (5) fique acima do nível da água, quando esta garrafa for fixada ao acoplador (3). Encher completamente o recipiente (11). O recipiente (1) pode ser instalado como será explicado no item 9;

8 - conectar o acoplador (3) ao recipiente (4). Verificar vazamento. Deve ficar bem vedado. Uma forma de verificar se há vazamento, coloque a garrafa (4) e o acoplador (3) de boca para baixo. Mantenha fechada a válvula (7), em seguida, sopre fortemente a extremidade do duto de sucção (5). Isto fornecerá pressão interna na garrafa (4). Se sair água na junção do acoplador (3), então, precisa-se melhorar a vedação. Repetir este processo até não observar a água saindo;

9 – para facilitar a fixação da garrafa (4) e o acoplador (3) à base (15), usa-se o funil que nada mais é do que uma garrafa cortada na altura de seu ombro. Isto também ajuda na reposição de água no recipiente (1).

10 - passar o recipiente do pressurizador (8) pelo outro orifício da base (15) e conectá-lo ao acoplador (10). Deve ficar bem vedado. Para verificar a vedação, colocar um pouco de água dentro do recipiente (8). Observe que no acoplador (10) há o tubo (9) saliente (ver na Figura 3) acima do nível da rosca. Sobrando fortemente na extremidade inferior do tubo (9), aumenta a pressão no interior do recipiente (8), então, a água tenderá a sair se a vedação estiver ruim. Caso aconteça, melhorar a vedação;

11 - Conectar o duto alimentador (7). No item 2 deste descritivo, uma mangueira e a válvula (6) foram conectados aos tubo (17) do acoplador (3), então, deve-se ligar a outra extremidade dessa mangueira ao tubo (22) do acoplador (10). Formando o duto de alimentação (7). Esta conexão deve ser realizada antes de inserir o recipiente 11;

12 - manter a válvula (13) fechada e rosquear o recipiente (11) cheio de água;

13 –uma garrafa PET cortada na imediação do ombro pode ser encaixada em baixo do funil descrito no item 9. Esta garrafa pode ser o recipiente (1) ou qualquer outro que possa ser instalado neste local e que o tubo de sucção (5) possa ser mergulhado;

14 - manter a válvula (6) aberta e a (13) fechada, depois pressionar lentamente o recipiente (11), se for de plástico. Isto passará água pelo duto (9) do acoplador (10) para o pressurizador (8) e também para o recipiente (4) através do duto alimentador (7). Ao liberar o recipiente (11), parte da água em (8) retornará para (11), fluirá água do recipiente (4) para o (11) completando o seu volume perdido. Isto, também remove o ar que se encontra no duto alimentador (7). Por fim, o recipiente (1) fornecerá água para (4) completando o nível. Assim, o duto alimentador (7) fica cheio d'água tornando mais rápida a resposta no fornecimento de água ao recipiente (11);

15 - instalar a mangueira do gotejador (12) no elemento flutuador que se encontra dentro do distribuidor. Dentro deste deve ter água para fazer a flutuação;

16 – as mangueira que saem do distribuidor podem ter pontas porosas instaladas no solo. Desta forma, a água só será entregue se houver necessidade do solo;

17 - abrir a válvula (13) e expor o sistema ao Sol. O recipiente (8) não deve ficar em local de sombra ou abaixo do nível da plantação;

18 - periodicamente verificar o conteúdo do recipiente (1). Este recipiente pode ser um tanque, ou um tonel que receba água canalizada e controlada por boia;

19 – Não pode faltar água no recipiente (1), assim os outros (4) e (10) também perderá seu conteúdo. Tendo que reiniciar todo o processo de abastecimento manual para que o irrigador possa voltar a funcionar.

20 - pode ainda ser aplicado o processo de fertirrigação, adicionando insumos à água.

Como funciona o irrigador solar

irrigador_esquema_figura4 (Foto: Divulgação/Embrapa)

Figura4 (Foto: Divulgação/Embrapa)

Quando a luz solar ou outra fonte de calor incide no recipiente pressurizador ou bomba solar (8). Assim chamado por ser o responsável em impulsionar o gás (ar) do seu interior quando as suas paredes aquecem ao absorverem a luz.

A parede externa de (8) é pintada com tinta preta fosca para maximizar a absorção de luz e a converter em calor. 

O calor atravessa a parede deste recipiente e aquece o gás (ar) interno, que se expande, exercendo pressão nas paredes. A única maneira do ar escapar é pelo tubo (9), que conecta os recipientes (8) e (11).

Logo, a água do recipiente (11) é impelida a sair pelo duto (12) para o ambiente externo.
Quando o efeito sifão ocorre no duto (12), o nível d'água em (11) decresce com o escoamento em (12). Um escoamento contínuo ocorre durante alguns segundos, diminuindo gradativamente até entrar no estado de gotejamento.

Com a saída da água do recipiente (11), há o decréscimo de pressão que provoca o escoamento de água do recipiente (4) para o (11) pelo duto (7).

Observa-se que durante o escoamento, a pressão no recipiente (4) diminui, provocando o fluxo d’água do recipiente (1) para o (4). isto é, a sucção da água do recipiente (1) que se encontra à pressão atmosférica. Portanto, o nível da água em (4) é mantido, enquanto que continua a fluir água para o recipiente (11).

Este fato acarreta no reabastecimento do recipiente (11) parcial ou total, como também produz um aumento no fluxo pelo duto (12) sob cercas condições.

Após isto, os processos de escoamento e gotejamento se desencadeiam até que a iluminação cesse e as paredes da bomba solar (8) se esfrie. Durante o esfriamento, o recipiente (11) é reabastecido e o fluxo de água interrompido. O sistema fica pronto para mais outro ciclo de fornecimento de água para irrigação.

O sifão em forma de U impede que o ar externo entre no recipiente (11) e complete o volume com ar, isto prejudicaria o reabastecimento do recipiente (11).

Como montar o acoplador (3) e (10)

Os acopladores (3) e (10) pode ser montados de diversas maneiras. Aqui indicaremos uma delas.

Material necessário:
1) cano de PVC 1 ¼”;
2) cola araldite ou silicone;
3) lixa 220;
4) mangueira de equipo hospitalar ou similar;
5) quatro tampas das garrafas PETs e de vidro ou similar com diâmetro menor do que o interno do cano de PVC;
6) broca de 4 mm de diâmetro ou pedaço de arame (prego sem cabeça) nesta medida, cravado em um cabo de madeira de comprimento igual ao da largura da mão;
7) folha de plástico ou de cartolina 5 x 5 cm

Montagem caseira do acoplador (3)
A) corte um pedaço com 40 mm de altura de cano liso de PVC para água;
B) faça um furo fora do centro na tampa da garrafa PET que fornecerá o funil (2) mostrado na Figura 1. Para isto, use a broca ou aqueça o arame ou prego. Veja Figura 2. Não retire o vedante já existente na tampa, colocado pela fabrica;
C) faça dois furos na tampa da garrafa de vidro, recipiente (4), como mostrado na Figura 2. Para isto, use a broca ou aqueça o arame ou prego. Não retire o vedante já existente na tampa, colocado pela fabrica;
D); fure lateralmente e na meia altura o pedaço de cano do item A.
E) lixe a parede interna do pedaço de cano;
F) coloque verticalmente este pedaço de cano sobre a folha de plástico ou cartolina;
G) coloque a tampa da garrafa PET dentro do cano com o lado interno voltado para baixo. Procure centralizá-la;
H) prepare a cola e despeje nas abertura entre a parede do cano e da tampa. Espere secar;
I) depois de seco, passe um pedaço da mangueira com 10 cm de comprimento pelo furo nesta tampa. Deixe cerca de 2 cm além da borda. Passe cola em volta da mangueira. Deixe secar;
K) depois seco, verifique a mangueira se ficou firme;
L) passe pelo furo lateral no cano de PVC um pedaço de mangueira com 10 cm de comprimento. Deixe cerca de 5 cm para fora da parede lateral;
M) passe a parte o pedaço da mangueira, descrita nos itens I e K, que se encontra dentro do cano por um dos furos na tampa da garrafa de vidro;
N) passe a outra extremidade da mangueira, que sai na lateral do cano, pelo outro furo da tampa da garrafa de vidro. Não insira ainda esta tampa no cano de PVC;
O) complete de cola o espaço sobre a tampa da garrafa PET até cobrir o furo lateral, cerca de 5 mm. Não deixe a mangueira que sai lateralmente dobrar, estrangulando a passagem. Procure fazer um cotovelo suave;
P) baixe a tampa da garrafa de vidro para dentro do cano de PVC, até que a cola preencha a abertura entre as paredes do cano e da tampa. Procure centralizá-la;
Q) deixe secar;
R) após a secagem, verifique se a mangueira lateral dá passagem, soprando em uma das extremidades. Retire a folha de plástico ou a cartolina. Caso tudo bem, então, está pronto o acoplador (3).

Montagem do acoplador (10)

Esta montagem segue praticamente os mesmos passos da anterior:
a) pedaço de cano de PVC nas mesmas dimensões que o anterior; 8

b) fure em três posições a tampa da garrafa PET (11), ver Figura 1, e como mostrado na Figura 2. Não remova a vedação de fábrica;
c) faça dois furos na lateral do cano de PVC, de preferencia radialmente.
d) faça um furo na tampa da garrafa de vidro pintada de preto, bomba solar (8). Não remova a vedação de fábrica;
e) o processo de colagem segue os mesmos princípios usados na montagem anterior;
f) realizados os passos de colagem, deixe secar;
g) verifique se os tubos dão passagens. Caso positivo, está pronto o acoplador (10).
Agora é só montar o sistema como descrito na seção anterior.