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O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Apesar de uma reunião inconclusiva de mais de quatro horas da cúpula do PSDB sobre uma saída dos tucanos do governo Michel Temer, o presidente interino da legenda, Tasso Jereissati, deixou o encontro, na noite desta segunda-feira, afirmando que o desembarque do partido está acontecendo mesmo sem uma definição de seus caciques. No encontro, que teve pizza como prato principal na ala residencial do governo de São Paulo, o partido estabeleceu uma nova condição para decidir sobre se entrega a Temer os ministérios que comanda. Segundo Tasso, é preciso conhecer a posição majoritária da bancada do partido na Câmara antes de tomar uma decisão.

"Essa decisão será discutida após termos definida uma posição da bancada federal. Nós conseguimos identificar (uma tendência) na bancada na CCJ, mas não na bancada (que vai votar) no plenário", afirmou.

Entretanto, pouco antes, o líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Trípoli, havia dito aos jornalistas na frente de Tasso que existe uma maioria na bancada a favor da admissibilidade da denúncia contra Temer numa votação em plenário.

"Há hoje uma maioria no sentido da admissibilidade mas não sei quantificar ainda", disse Trípoli.

Tasso, então, admitiu que um desembarque da sigla do governo Temer está se desenhando mesmo sem uma orientação da direção do partido.

"Viemos aqui informar aos governadores o que está acontecendo na bancada federal e trocar ideias. Não há consenso. Mas o que estou observando é que o partido por si mesmo está desembarcando independentemente do controle ou da minha vontade", afirmou.

Trípoli e Tasso anunciaram para esta terça ou quarta-feira uma reunião da bancada do PSDB na Câmara para mapear a postura dos deputados tucanos na votação em plenário do relatório que virá da Comissão de Constituição e Justiça sobre a admissibilidade da denúncia contra Temer. Na CCJ, cinco dos sete deputados do PSDB votarão a favor da denúncia da Procuradoria-Geral da República.

Substituto para Aécio

Na presença do presidente afastado do PSDB, senador Aécio Neves, a cúpula tucana também acertou antecipar para agosto a eleição interna que aconteceria somente em maio de 2018. A convenção partidária escolherá o novo presidente do PSDB e demais integrantes da Executiva nacional. Tasso negou que um afastamento imediato de Aécio da presidência do PSDB tenha sido assunto da reunião.

"Não discutimos isso. Em agosto vamos fazer uma nova convenção que não vai ser só a eleição de uma nova Executiva mas vai haver ampla discussão sobre o futuro do partido", disse Tasso.

Aécio foi reconduzido ao comando do partido em dezembro passado. Ele está afastado da presidência desde que apareceu numa gravação pedindo R$ 2 milhões ao dono da JBS, Joesley Batista.

Nesta segunda-feira à noite, ele se juntou a outros 15 tucanos, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cinco governadores do partido, outros senadores e deputados, para discutir o racha do partido quanto ao futuro do governo Temer.