Blog do Valdo Cruz

Por Valdo Cruz


Soldados bloqueiam a fronteira entre o Brasil e a Venezuela no último sábado (2) — Foto: Edmar Barros/AP

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ao blog que era previsível o fracasso da entrega da ajuda humanitária à população venezuelana. "Era previsível. Todos sabem que o Nicolás Maduro, apesar de toda grave crise na Venezuela, ainda tem o controle do território, ele não iria permitir a entrada de uma ajuda articulada pelos Estados Unidos", afirmou Maia.

Segundo ele, o Brasil não pode correr o risco de dar um "pretexto" para justificar uma operação mais extremada contra a Venezuela, como uma intervenção militar, como podem acabar decidindo os Estados Unidos. "Temos de tomar todo cuidado, não podemos dar qualquer pretexto para justificar algo pior, não tínhamos que intervir nisso", afirmou Rodrigo Maia.

O presidente da Câmara dos Deputados foi consultado pelo presidente Jair Bolsonaro a respeito da participação do Brasil na operação de entrega de ajuda humanitária à população da Venezuela. Rodrigo Maia manifestou suas dúvidas sobre a viabilidade da operação na conversa com o presidente, colocando-se no mesmo lado de uma ala dos militares do governo que também não via com bons olhos a operação.

O receio da ala militar era que o Brasil acabasse se envolvendo em conflitos diretos com militares venezuelanos, que poderiam resultar em feridos e até mortos, dando pretexto para que os Estados Unidos decidissem por uma medida de força militar contra a Venezuela. Nos dois últimos dias, venezuelanos no território brasileiro entraram em conflito com militares daquele país na fronteira.

Dois caminhões com ajuda humanitária, que chegaram perto do posto de controle venezuelano na fronteira, tiveram de ser retirados do local para evitar incidentes mais graves. Diante do clima de tensão, o Ministério da Defesa determinou que a Força Nacional e a Polícia Rodoviária Federal fizesse uma barreira para afastar os manifestantes venezuelanos do local neste domingo (24).

Segundo assessores diretos do presidente Bolsonaro, a medida foi necessária exatamente porque a situação estava correndo o risco de sair de controle. Um incidente mais grave, segundo militares, seria "desastroso" para o Brasil, que poderia ser acusado por Maduro de servir de instrumento dos Estados Unidos para justificar uma intervenção militar no país vizinho.

— Foto: Editoria de Arte/G1

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