Economia Imóveis

Consultoria adianta as tendência das novas formas do morar

Segundo o portal WGSN, as barreiras deixam de fazer sentido em espaços físicos e o design se volta para as casas

Julia Curan, consultora do portal WGSN
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Luciana Prezia/Divulgação
Julia Curan, consultora do portal WGSN Foto: / Luciana Prezia/Divulgação

Das famílias tradicionais aos lares compartilhados, a sociedade muda e o modo de morar muda com ela. Julia Curan, consultora do portal WGSN, líder em tendências, fará uma palestra sobre o assunto (a convite da Oppa) no dia 20 no auditório do CasaShopping, para um público de 100 arquitetos. E adianta aqui os pontos principais:

ARRANJOS FAMILIARES

Em um momento em que vivemos a economia do compartilhamento, o ideal que conhecíamos da casa também sofre transformações, já que as motivações do consumidor na busca por uma casa mudam. Por exemplo: até o final do século XX, muitas famílias não moravam em esquemas multigeracionais porque a expectativa de vida não permitia: de acordo com o Psychology Today, um jovem de 20 anos nos anos 2000 tem mais chance de ter sua avó viva que um jovem na mesma idade teria de ter sua mãe viva nos anos 1900. No século XXI, os lares multigeracionais cresceram muito, unindo sob um mesmo teto avós, filhos, netos e até bisnetos.

Outro exemplo: viver em vans, carros e motorhomes foi uma prática popularizada nos anos 1960 e esse lifestyle tem sido revisitado pelos millennials, que têm o chamado de “O novo sonho americano”. De acordo com a marca Roam, o usuário pode “assinar um contrato e viver ao redor do mundo, de Bali a Madri”. A companhia criou uma rede global de co-living spaces, que oferecem tudo para que os “viajantes” se sintam em casa (e no trabalho) assim que cheguem em seu novo destino.

Também temos presenciado um movimento de pais solteiros que encontraram uma forma inovadora de morar: eles procuram outros núcleos familiares com uma formação parecida para dividir uma casa. A CoAdobe se descreve como “Single mothers house sharing”. É uma plataforma digital que funciona como uma rede social de mães solteiras. No website, elas podem se inscrever e criar o seu perfil, respondendo a diversas perguntas relacionadas ao que buscam em alguém para dividir uma casa. A partir daí, a usuária pode navegar por outros perfis e buscar o “perfect match” para sua futura casa compartilhada.


A marca Roam criou uma rede global de co-living spaces
Foto: Reprodução
A marca Roam criou uma rede global de co-living spaces Foto: Reprodução

GERAÇÃO DO DESAPEGO

Duas fortes tendências aparecem como reflexo de uma geração do desapego, geração essa onde o “ser" é o novo “ter". Para esse público, consideramos duas gerações importantes: millennials e os jovens da geração Y. A primeira tendência chamamos de “No Boundaries”. Explicando: barreiras deixam de fazer sentido em espaços físicos. O design se volta para casas e peças modulares, que permitem espaços adaptados que podem mudar a todo o tempo. Paredes que separavam os espaços por função estão sumindo, resultando em espaços abertos e multifuncionais. A segunda tendência chamamos de “Empty Design": como reflexo de um estilo de vida que prioriza o que é essencial, o design também está abraçando o vazio como uma forma de oferecer uma pausa com uma abordagem clean e contemplativa. No Japão, Fumio Sasaki é um minimalista que vive em uma casa praticamente vazia, tendo reduzido suas posses para três camisas, quatro pares de calças, algumas meias, uma caixa e um sofá cama. Já escreveu um livro sobre isso, chamado Goodbye Things.


Fumio Sasaki é um minimalista que vive em uma casa praticamente vazia
Foto: Reprodução de vídeo/CNA Insider
Fumio Sasaki é um minimalista que vive em uma casa praticamente vazia Foto: Reprodução de vídeo/CNA Insider

URBAN JUNGLE

O urban jungle reflete uma demanda das pessoas em se aproximar da natureza, do verde, agora dentro de casa. Além da casa, as selvas urbanas invadem escritórios, o varejo e hotéis, e a integração de espaços verdes em ambientes aumenta à medida que preocupações ecológicas se tornam uma prioridade global do consumidor. Um estudo da Universidade de Cardiff afirma: “simplesmente enriquecer um espaço com plantas pode aumentar a produtividade em 15%”.