Rio Apenas mais um dia no Rio

Após horror vivido por motoristas, só duas equipes da PM patrulhavam a Linha Vermelha

Blitzes foram feitas na altura do Caju, sentido Centro; e na altura da Favela do Lixão, em Caxias
Blitz da PM na Linha Vermelha, na pista sentido Dutra, próximo à Favela do Lixão Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Blitz da PM na Linha Vermelha, na pista sentido Dutra, próximo à Favela do Lixão Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

RIO - Na manhã seguinte à noite de terror vivida por motoristas na Linha Vermelha , apenas dois veículos do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE) faziam blitzes em dois trechos da via: na altura do Caju, sentido Centro, e na altura da Favela do Lixão, em Duque de Caxias, sentido Baixada Fluminense. Às 9h, no entanto, as equipes recolheram os cones e encerraram a fiscalização no sentido Baixada. Ao deixar o local, um dos policiais militares pegou um celular para fazer fotos da equipe de reportagem do GLOBO.

Durante a ação, os policiais paravam os carros para checar a documentação. Com isso, um grande congestionamento se formou nos dois sentidos da via. Em direção à Rodovia Presidente Dutra, motoristas reclamaram da operação policial depois do tiroteio que aconteceu na noite deste domingo, na altura da Favela da Maré.

— A blitz deveria ser preventiva. Mas a polícia só faz isso aqui depois que acontece alguma coisa. É uma ação reativa. Moramos em São João de Meriti e sempre que precisamos sair de casa à noite preferimos a Avenida Brasil porque tem saídas para escapar — comentou a auxiliar administrativa Bruna Marques, de 24 anos, que foi parada na blitz com o marido, o técnico em edificações Jefferson Serra, de 31 anos. Eles tiveram o carro rebocador por falta de vistoria.

Blitzes foram feitas na altura do Caju, sentido Centro; e na altura da Favela do Lixão, em Caxias
Blitzes foram feitas na altura do Caju, sentido Centro; e na altura da Favela do Lixão, em Caxias

Já o funcionário público federal Mauro Nogueira, de 48 anos, criticou a forma como os policiais fazem a blitz. Ele contou que, na noite de domingo, passou um pouco antes do tiroteio. Ele soube o que estava acontecendo ouvindo o rádio, já na altura da Rodovia Presidente Dutra, na altura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

— Poderíamos ter ficado no meio do tiroteio. Mas, graças a Deus, passamos antes. Hoje de manhã, precisei ir a São Gonçalo e fui pela Avenida Brasil temendo a Linha Vermelha. O problema nessas blitzes, pelo menos em todas que fui parado, é que os policiais não revistam os carros. Eles pedem somente documentos — criticou.

MOMENTOS DE HORROE EM MEIO AO TIROTEIO

Na noite deste domingo, motoristas e passageiros precisaram ficar uma hora e quinze minutos abrigados dentro do 22º BPM (Maré), até poderem sair com a pista já liberada. Eram cerca de 80 pessoas. Os veículos foram abandonados na pista para escapar dos disparos.

Segundo um sargento do 22º BPM, houve uma troca de tiros entre criminosos da Favela Nova Holanda e policiais militares, que estavam na via expressa. Ele contou ainda que os tiros eram disparados a esmo pelos bandidos em direção à pista. O policial afirmou que os tiros partiram, inicialmente, dos criminosos.

Por conta do tiroteio, os policiais do 22º BPM interditaram a Linha Vermelha duas vezes: uma às 20h17m, e a outra, às 22h44m. Eles também acionaram um veículo blindado para entrar na favela e conter o confronto.

Por volta das 20h40m, a energia do batalhão foi cortada, aumentando o pânico. Crianças, idosos e mulheres ficaram meia hora às escuras.

O secretário municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação, Índio da Costa, por pouco não fica no meio do fogo cruzado. Ele postou um vídeo no Facebook para contar que estava passando com a família pela Linha Vermelha quando percebeu a movimentação estranha na via e optou por seguir pela Avenida Brasil.

À tarde, motoristas que estavam em um dos acessos à Ponte Rio-Niterói já tinham enfrentado problemas. Muitos tiveram que voltar na contramão, após um suposto arrastão na via.

Em nota, a Polícia Militar informou, na manhã desta segunda-feira, que não houve registro de roubos ou feridos na Linha Vermelha. Na noite deste domingo, de acordo com a corporação, equipes do Batalhão de Vias Expressas (BPVE) interditaram os dois sentidos da via expressa devido a disparos de armas de fogo no interior do Complexo da Maré “com o intuito de resguardar os usuários da via”.

Em meio ao tiroteio na Linha Vermelha, o 22º BPM (Maré) ficou às escuras Foto: Domingos Peixoto - 16/07/2017 / Agência O Globo
Em meio ao tiroteio na Linha Vermelha, o 22º BPM (Maré) ficou às escuras Foto: Domingos Peixoto - 16/07/2017 / Agência O Globo