Economia

País cria 9.821 empregos em junho e tem terceiro mês positivo, aponta Caged

Saldo, porém, continua impulsionado pela agropecuária; maioria dos setores teve resultado negativo
Carteira de trabalho Foto: Arquivo
Carteira de trabalho Foto: Arquivo

BRASÍLIA - Pelo terceiro mês consecutivo, o país teve saldo positivo de geração de empregos. Em junho, foram criados 9.821 postos de trabalho, um aumento de 0,03% em relação ao mês anterior. Nesse mesmo mês no ano passado, o saldo havia sido negativo em 531.765 vagas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério do Trabalho. Os números mostram desempenho positivo também no semestre: no acumulado do ano até junho houve criação de 67.358 vagas, uma expansão de 0,18% em relação ao estoque no final do ano passado.

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Em junho foram 1.181.930 admissões e 1.172.109 desligamentos. O saldo positivo no mês foi impulsionado por dois setores: agropecuária e a administração pública. No primeiro, houve saldo positivo de criação de vagas de 36.827 novos postos. Segundo o Ministério do Trabalho, o cultivo do café foi o destaque nesse setor, com criação de 10.804 vagas, sobretudo em Minas Gerais. Na Administração Pública houve criação de 704 novas vagas.

Nos demais setores considerados pelo Caged, houve mais desligamentos do que admissões. A Construção Civil e a Indústria da Transformação perderam 8.963 e 7.273 vagas, respectivamente. Serviços e Comércio tiveram redução de 7.273 e 2.747 postos.

No acumulado dos últimos 12 meses, contudo, o saldo ainda é negativo, reflexo do mau desempenho do mercado de trabalho no ano passado. De junho de 2016 até o mês passado houve redução de 749.060 postos, uma retração de 1,91%.

No recorte geográfico, quatro regiões tiveram crescimento do nível de emprego em junho. Apenas o Sul teve redução de 14.620 vagas. O Sudeste foi a região que teve maior saldo positivo, com criação de 9.273 empregos. Entre os estados, verificou-se resultados positivos em 13 deles, com destaque para Minas Gerais (+15.445) e Mato Grosso (+5.779). O Rio teve desempenho negativo: houve uma perda de 5.689 vagas.

O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, afirmou que o governo tem motivos para comemorar com o resultado de junho. Questionado, ele negou que tenha sido um resultado aquém do esperado:

— Não frustrou o governo. O governo não esperava números negativos. E nós tivemos números positivos — disse.

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Ele ainda ressaltou que espera saldo positivo também para o ano. Questionado sobre a ordem de grandeza desse número, Nogueira se utilizou de um argumento esotérico para dizer que prefere não fazer previsões:

— Os astrólogos e profetas às vezes erram as previsões. Eu quero dizer que estamos apostando em números positivos. Quem está apostando que o Brasil não vai dar certo, está errado. O Brasil, a capacidade que nosso país tem, está acima de qualquer pessoa, de qualquer pensamento ideológico. O país está acima de todos.

O ministro ainda estimou que as novas profissões regulamentadas na reforma trabalhista, como trabalho intermitente, teletrabalho e os novos contratos parciais, têm potencial de gerar 2 milhões de empregos nos próximos dois anos. Ele afirmou ainda que a medida provisória (MP) que trará mudanças na lei da reforma deve estar pacificada logo após a volta do recesso parlamentar, em agosto. E garantiu que o Caged sofrerá alterações para abarcar essas novas profissões.

SALÁRIO MÉDIO AUMENTA

Nogueira destacou ainda a evolução do salário médio real de quem está sendo contratado. A remuneração dos trabalhadores cresceu 3,52% para novas vagas no primeiro semestre, na comparação com 2016, indo para R$ 1.463,67. O crescimento foi maior para as mulheres, 4,25%. Mas elas continuam com o salário menor do que os homens: R$ 1.370,29 ante R$ 1522,23 para eles.

O salário médio de admissão cresceu para todas os níveis de escolaridade, com exceção do superior completo. Para esses trabalhadores houve uma variação real negativa de 0,1%.

O ministro foi questionado sobre o impacto, no mercado de trabalho, do fim da safra, uma vez que a geração de empregos tem se ancorado na agricultura.

O coordenador-geral de estatísticas, Mário Magalhães, explica que, de fato, o ciclo produtivo da agricultura no Sudeste e Centro-Oeste, que é mais substancial, se encerra em maio, com algum reflexo em junho e julho. Os números, segundo ele, devem arrefecer em julho e agosto, mas voltam a crescer no fim do ano com novo ciclo, dessa vez no Nordeste, sobretudo com cana-de-açúcar.

— Não é tão volumoso, mas ao mesmo tempo ajuda a segurar a criação de empregos — disse Magalhães.