01/12/2013 13h13 - Atualizado em 01/12/2013 13h52

SUS vai oferecer remédio a portador do HIV assim que for diagnosticado

Medida visa melhorar saúde e reduzir novos contágios, informa ministério.
Antes, portador do vírus só recebia antirretrovirais ao apresentar sintomas.

Do G1 Rio

Uma nova portaria do Ministério da Saúde determina que as pessoas com HIV poderão iniciar o tratamento com medicação antirretroviral assim que receberem o diagnóstico.

Atualmente, a indicação para início da terapia ocorre somente quando o paciente já apresenta sintomas da Aids – como, por exemplo, perda de peso, febre, diarreia e fadiga – ou quando o exame de contagem de linfócitos CD4 apresenta resultados alterados (abaixo de 500 células/mm³).

O objetivo da nova estratégia, anunciada pelo ministro Alexandre Padilha neste domingo (1º), Dia Mundial de Luta contra a Aids, é melhorar a qualidade de vida das pessoas que têm o vírus e diminuir a transmissão do HIV. Segundo o ministro, iniciar o tratamento assim que o paciente recebe o diagnóstico reduz em 96% a chance de ele transmitir o vírus para outras pessoas.A portaria deve ser publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial.

De acordo com o ministério, apenas França e Estados Unidos já adotam essa abordagem para o tratamento de HIV. "O Brasil é o primeiro país em desenvolvimento", destaca o secretário de Atenção em Saúde, Jarbas Barbosa. "Essa medida pode ser um ponto de inflexão importante para mudar a história da transmissão da Aids", acrescenta. Ele aponta que os medicamentos são capazes de praticamente zerar a carga viral no sangue do paciente, o que reduz o risco de transmissão.

A expansão da oferta dos antirretrovirais no Sistema Único de Saúde (SUS) é acompanhada pelo aumento de sua produção nacional. Atualmente, o Brasil fabrica metade dos 20 medicamentos oferecidos pela rede pública, que incorporou, nos últimos dois anos, duas novas drogas – tipranavir e maraviroque.

Barbosa explica que, atualmente, o Brasil tem cerca de 300 mil pessoas em tratamento contra o HIV. Dados epidemiológicos de 2012 indicam que o país tem ao redor de 700 mil pessoas infectados pelo vírus. Somente no ano passado, 39 mil pessoas descobriram que estão contaminadas. Com a mudança no protocolo de tratamento, espera-se que outras 100 mil pessoas passem a tomar antirretrovirais.

Unidades móveis

Uma nova portaria do Ministério da Saúde determina que as pessoas com HIV poderão iniciar o tratamento antirretroviral assim que receberem o diagnóstico. (Foto: Janaína Carvalho / G1)Unidade móvel que fará testes rápidos de HIV em pessoas de grupos de risco (Foto: Janaína Carvalho / G1)

Estima-se ainda que 140 mil estão infectadas e não sabem que têm a doença. Por causa disso, a pasta lançou uma iniciativa para levar unidades móveis de testagem rápida a locais de concentração de grupos vulneráveis, como pontos de prostituição ou casas noturnas de público predominantemente gay, entre outros. A primeira região metropolitana a receber uma unidade é o Rio de Janeiro. O teste rápido indica se a pessoa está com vírus em apenas meia hora.

Prevenção
Além de lançar o novo protocolo de HIV, o governo também iniciará, no Rio Grande do Sul, um estudo inédito com a adoção da chamada Profilaxia Pré-Exposição (PREP) e expansão para a atenção básica a Profilaxia Pós Exposição (PEP). O teste será realizado como projeto-piloto por meio de um termo de cooperação técnica com a  Secretaria Estadual de Saúde gaúcha. A PREP é o uso diário de antirretrovirais em pessoas não infectadas, mas que estão sob risco elevado de infecção pelo HIV, com o objetivo de bloquear a contaminação pelo vírus.

Assim, será  introduzida nos Serviços de Assistência Especializada (SAE) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do SUS a oferta de antirretrovirais para populações prioritárias, como homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, travestis, transexuais, pessoas que usam drogas, entre outras.

Já a PEP, que já existe nos SAE e será expandida para as UPAs, é uma medida de prevenção que consiste em dar medicamentos a um paciente até 72 horas após uma provável exposição ao vírus da Aids. Ela já é utilizada em casos de risco de contaminação por profissionais de saúde, na atividade laboral, devido a acidentes, e em casos de relações sexuais, para reduzir o risco de transmissão do HIV, quando ocorre falha nas outras medidas de prevenção.

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