Exclusivo para Assinantes
Política Home

MPF procura nas Bahamas R$ 113 milhões atribuídos a Paulo Preto, apontado como operador do PSDB

Dinheiro que seria de ex-diretor da Dersa passou pela Suíça, mas ainda não foi localizado
Paulo Vieira de Souza foi diretor da Dersa, estatal responsável por obras viárias, entre 2007 e 2010 Foto: Marcelo Saraiva / Agência O Globo
Paulo Vieira de Souza foi diretor da Dersa, estatal responsável por obras viárias, entre 2007 e 2010 Foto: Marcelo Saraiva / Agência O Globo

SÃO PAULO - Depois de descobrir que o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza movimentou R$ 113 milhões em contas bancárias na Suíça, o Ministério Púlbico Federal (MPF) de São Paulo aguarda informações das autoridades das Bahamas para saber se o dinheiro foi parar lá. A suspeita é que os valores sejam repasses ilegais feitos ao ex-diretor da estatal, conhecido como Paulo Preto e apontado como operador do PSDB . Vieira nega a existência de contas no exterior.

ENTENDA : O que pesa contra Paulo Preto na Justiça de SP

Segundo as investigações, o último destino do dinheiro teria sido o banco Deltec Bank and Trust Limited, que fica em Nassau, nas Bahamas. Os promotores solicitaram a cooperação internacional com o país da América Central no final de março.

LEIA: PF investiga documentos da Dersa encontrados em 'bunker' de ex-secretário de Alckmin

Foi por meio de outra cooperação internacional que, em outubro do ano passado, autoridades da Suíça localizaram quatro contas do Groupe Nantes no banco Bordier & Cie, no país europeu. Vieira constaria como beneficiário das contas. O Groupe Nantes é uma offshore com sede no Panamá. Segundo as autoridades suíças, as contas tinham a soma de 25 milhões de francos suíços (R$ 113 milhões). De acordo com investigadores, o dinheiro saiu da conta em fevereiro de 2017 para o banco de Nassau. Falta, agora, confirmar essa informação.



As informações constam num processo que o ex-diretor da Dersa é investigado no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) junto com o senador José Serra. O caso é baseado nas delações da Odebrecht, cujos colaboradores afirmaram que pagaram propina para atuarem em obras do governo de São Paulo, comandado, na época, pelo PSDB. O dinheiro teria sido repassado a tucanos por meio de caixa dois. Serra sempre negou as acusações.

Ainda que já tenham se passado três meses sem respostas das Bahamas, a força-tarefa do MPF paulista tem esperança em receber essas informações, já que há histórico de experiências bem sucedidas de colaboração judicial com Bahamas.

LEIA: Envolvida na Lava-Jato, Dersa tem R$ 15 bilhões em contratos suspeitos

Embora seja um conhecido paraíso fiscal, Bahamas já passou a faz parte do grupo de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que cooperam por meio da troca de informações tributárias por tratados multilaterais. A ideia desse acordo global é combater o financiamento do terrorismo e crimes de lavagem de dinheiro. A receita federal estima que brasileiros tenham $ 27,8 bilhões nas Bahamas.

Paulo Preto nega todas as acusações. Em janeiro, a defesa dele pediu ao ministro Gilmar Mendes, do STF, que suspenda o acordo de cooperação internacional com as autoridades suíças.

LEIA: Em São Paulo, juíza da Lava-Jato conjuga delicadeza e rigor

O ex-diretor da Dersa é réu na Justiça Federal de São Paulo em um processo que o acusa de desviar R$ 7 milhões que deveriam ser utilizados para reassentar famílias desapropriadas em obras viárias do Rodoanel Sul, entre 2009 e 2011. Vieira também alega inocência neste processo. Ele chegou a ficar 36 dias preso sob a alegação de que intimidara testemunhas, mas foi solto por habeas corpus de Gilmar Mendes.