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no Bom Dia Brasil

Uso político de recursos públicos por Temer vai piorar a crise fiscal

O presidente Michel Temer se move com muita desenvoltura com o único propósito de se fortalecer na luta contra a denúncia do procurador-geral da República. A ida dele à casa da deputada dissidente do PSB foi entendida claramente como um esforço de fortalecer o seu lado na votação prevista para 2 de agosto da aceitação ou não da denúncia de corrupção passiva. O principal foco do presidente, no qual ele gasta sua energia e seu tempo, é ele mesmo e sua permanência no Planalto.

Na política isso causa efeitos imediatos. Se ele assedia deputados que estavam se arrumando para ir para o DEM, provoca reação dos democratas, seus aliados. E foi esse incêndio que ele quis apagar indo até a casa do deputado Rodrigo Maia. O que ele ganha de um lado, pode perder do outro, se provocar atritos políticos.

Na economia, no entanto, é um jogo de “perde-perde” para o país. Se ele usar os cofres públicos e órgãos da área econômica nessa luta para ficar na cadeira de presidente, o custo pode ser muito grande.

Já houve a vergonhosa liberação de emendas parlamentares durante o processo de votação na Comissão de Constituição e Justiça. Agora, Temer está sendo pressionado por vários grupos de interesses e lobbies para aumentar o gasto.

O problema é que a situação está calamitosa. A arrecadação está caindo, órgãos públicos estão em penúria. projetos do governo para aumentar a arrecadação estão fracassando, como, por exemplo, o Refis e a repatriação. O Refis pode ser um cavalo de Tróia; em vez de arrecadar, pode virar uma anistia para devedores da Receita, pelo projeto do deputado Newton Cardoso Junior. O da repatriação está trazendo menos dinheiro do que o programado. Amanhã será divulgado o relatório bimestral de receitas e despesas e a expectativa é que mostre o aumento das dificuldades de se chegar à metal fiscal do ano que, como todos sabem, é de déficit.

Se Temer ficar usando recursos políticos para aumentar seus votos, enfrentará reações políticas. Mas se usar recursos fiscais, dinheiro público, o risco será o de cavar mais o fosso da crise em que o Brasil já está.

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