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Operação da PF mira Robinson Faria, governador do Rio Grande do Norte

Agentes cumprem 11 mandados expedidos pelo STJ
O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria Foto: Jorge William / Agência O Globo
O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria Foto: Jorge William / Agência O Globo

RIO — A Polícia Federal (PF) cumpriu mandado de busca e apreensão na manhã desta terça-feira em imóveis do governador Robinson Faria (PSD) e na Governadoria do Estado. A operação foi autorizada pelo Superior Tribunal e Justiça (STJ) e está relacionada a supostos crimes cometidos desde 2006. Ao todo, participaram da operação 70 agentes e 11 mandados, sendo nove de busca e apreensão e dois de prisão temporária, foram expedidos.

Os alvos dos mandados de prisão temporária (válida por cinco dias) são Magaly Cristina da Silva, servidora da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, e Adelson Freitas dos Reis, assessor técnico aposentado, também da Assembleia.

A Assembleia Legislativa esteve envolvida na Operação Damas de Espadas, deflagrada em 20 de agosto de 2015, para coibir o uso de funcionário fantasmas para desvio de recursos públicos. A Polícia Federal não confirmou a relação da "Anteros" com a esta operação.

A Operação Damas de Espadas descortinou um esquema fraudulento formado por servidores da ALRN. Segundo o Ministério Público, entre os anos de 2006 e 2011, foram desviados cerca de R$ 5,5 milhões dos cofres da casa por meio de inclusão de funcionários fantasmas na folha de pagamento, com a verba sendo repassada para os beneficiários do esquema criminoso.

Magaly foi citada na denúncia do Ministério Público Estadual à época, como “servidora da Assembléia Legislativa desde o ano de 1987, tendo sido convidada para ocupar umcargo pelo Deputado Robinson Faria; que até então a depoente ocupava o cargo de secretária nas empresas do Seu Osmundo, pai de Robinson; que foi lotada em diversos setores da AL (Recursos Humanos, Presidência); que atualmente é Coordenadora do Projeto Assembléia Cidadã (...)".

PF cumpre mandados de busca e apreensão na Governadoria do RN Foto: Aura Mazda / O Globo
PF cumpre mandados de busca e apreensão na Governadoria do RN Foto: Aura Mazda / O Globo

Robinson Faria é pai do deputado federal Fábio Faria (PSD-RN). Na semana passada, a GloboNews revelou que em sua delação, o executivo da JBS, Ricardo Saud, relatou ter acertado durante um jantar o pagamento de "algo em torno de R$ 10 milhões" à família do parlamentar em troca do controle do serviço de água e esgoto do Rio Grande do Norte, negócio que acabou não se concretizando.

JANTAR COM JOESLEY

A defesa do deputado federal Fábio Faria (PSD-RN) protocolou na segunda-feira na Justiça petição em que contesta relato do executivo da J&F sobre discussão a respeito de pagamento de propina durante jantar na casa do dono da JBS, Joesley Batista.

A defesa de Faria contesta a versão e incluiu na petição trecho de áudio de Whatsapp enviado pela mulher de Joesley Batista, Ticiana Villas Boas, a Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos e mulher do parlamentar, no dia 1º de julho. As duas foram colegas de trabalho no "SBT" e estavam presentes no jantar citado.

Na mensagem de voz, obtida pela GloboNews, Ticiana diz achar "um absurdo isso tudo que está acontecendo":

"Aquele jantar, imagina só, não tem nada a ver do que falaram, foi um jantar normal, eu não vi nada de dinheiro, de nada que beirasse ser ilícito. Se você for chamada para depor ou tiver qualquer tipo de implicação para você, eu sou sua testemunha de defesa e vou deixar claramente que é um absurdo", afirmou Ticiana na mensagem.

Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira, Ticiana Villas Boas confirmou o envio da mensagem, mas dá a entender que o contexto é diferente do mencionado pelos advogados de Fábio Faria:

"Como revela o áudio, nem ela nem Patrícia, durante o período em que estiveram juntas no jantar em sua casa, presenciaram qualquer conversa com conteúdo ilícito. Em vários momentos do encontro, os casais se dividiram em grupos de homens e mulheres, e Ticiana imaginou que Patrícia, assim como ela, não sabia que nas conversas entre os maridos eles trataram de propina", diz a nota.

OUTRO LADO

"O governador Robinson Faria nega veementemente a prática de qualquer irregularidade durante seu mandato de deputado estadual, encerrado em 2010 e reforça que sempre esteve à disposição para prestar qualquer esclarecimento. Apesar de não concordar com a diligência realizada nesta data, tem profundo respeito pela justiça e confia no rápido restabelecimento da verdade. Até o momento a defesa não teve acesso aos autos", disse o advogado José Luis Oliveira Lima, por nota.