Impacto do bem

EC São Paulo ( SP ) 21/07/2017 Renovatio / VerBem é uma ONG que distribui óculos de grau gratuitamente para a população de baixa renda. Eles representam uma tecnologia alemã que permite fabricar óculos e armação por apenas R$ 39, o mais baixo preço no país. A produção é feita no sede deles, sob responsabilidade do Josef, refugiado tcheco. Foto: Edilson Dantas / Agencia O Globo Foto: Agência O Globo

Cresce o total de empresas que buscam soluções para problemas sociais

Negócios trazem propostas inovadoras e atraem investidores

por Glauce Cavalcanti

RIO - Um par de lentes de grau pode ser a ponte para que crianças possam aprender e adultos, trabalhar. Saber que mais de 45 milhões de brasileiros precisam usar óculos e não sabem disso abriu os olhos do jovem fluminense Ralf Toenjes, de 25 anos, para o problema. Após conhecer a associação alemã OneDollarGlasses (Óculos a um dólar, em tradução livre), ele fundou a ONG Renovatio, em São Paulo. Em três anos, já distribuiu 15 mil óculos em 14 estados do Brasil, apoiado por R$ 1,5 milhão em doações. Com a crise, porém, os recursos encolheram. Para manter a operação, Toenjes criou a VerBem, um negócio social.

— Minha captação caiu de R$ 1,5 milhão para R$ 300 mil. Então, transformei o projeto em negócio social. As vendas de óculos a preços mais acessíveis em duas faixas, de R$ 79 e R$ 119, vão sustentar o objetivo social, que é distribuir óculos de graça a quem não pode pagar — conta Toenjes.

Virá do fundador da OneDollarGlasses, Martin Aufmuth, aporte de € 180 mil para criar o negócio social. A meta é chegar a um milhão de óculos distribuídos e vendidos até 2021.

— O Brasil tem a maior taxa de evasão escolar entre os cem países de maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). E 22,9% da evasão estão ligados a problemas de visão. Além da falta de dinheiro, 85% dos municípios não têm oftalmologista. Então, criamos um ônibus, com médico e estrutura para fazer o exame e entregar os óculos — diz Toenjes, que tem a produção de óculos na sede da empresa, em São Paulo, a cargo do refugiado tcheco Josef Slusny.

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US$ 186 MILHÕES EM RECURSOS DISPONÍVEIS

A VerBem é exemplo de negócio social, categoria de empresas pensadas para dar solução a um problema que afeta a população de baixa renda. Devem ter rentabilidade, para serem financeiramente sustentáveis — diferentemente de ONGs ou ações sociais que dependem de doações — utilizando todo o lucro para reinvestir no projeto. Correm ao lado dos negócios de impacto social, que, mantendo o propósito social, distribuem dividendos. No Brasil, as atividades e também os recursos disponíveis para esses segmentos vêm crescendo.

— Entre 2014 e 2016, o volume de recursos disponível para o segmento cresceu de US$ 177 milhões para US$ 186 milhões (considerando o montante que fundos e investidores poderiam aportar neste segmento). Há US$ 70 milhões em investimentos já realizados — destaca Luciano Gurgel, da Yunus Negócios Sociais no Brasil, braço da organização criada em 2011 para multiplicar o conceito de negócio elaborado pelo economista bengalês e Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus.

Para capacitar, financiar e conectar as novas iniciativas a redes de parceiros e investidores, crescem as organizações dedicadas a fomentar o desenvolvimento de start-ups na área de negócios sociais. Já são mais de 400 aceleradoras e incubadoras, criando pontes entre ações, negócios sociais e de impacto social e grandes corporações. A Yunus Brasil tem parceiros como Danone, Nestlé, Ambev e Oi.

— Responsabilidade social e ambiental não é mais um departamento das empresas. Está se incorporando ao DNA das companhias. A Tesla, fabricante de carros elétricos, superou recentemente em valor de mercado a GM e a Ford, embora produza uma fração do volume das outras duas gigantes — pondera Gurgel.

Eduardo Magalhães, analista do Sebrae/RJ, explica que as companhias têm uma diversidade de opções para investir em negócios sociais:

— Podem contribuir partilhando conhecimento, conectando start-ups a parceiros, com capital, oferecendo escala a uma solução. E também com foco na busca de inovação, financiando projetos que, depois, podem ser incorporados ao seu negócio.

AUMENTO DE 600% EM PROPOSTAS DE NEGÓCIOS

A Artemisia, dedicada a fomentar negócios de impacto social no país, confirma o aumento de iniciativas nesse segmento, sobretudo com a crise econômica, diz a gerente de Relações Institucionais Priscila Martins. Em 2016, a entidade avaliou 1.300 negócios e selecionou 12 para sua aceleradora. Entre 2011 e 2015, o número de negócios que passaram pelo crivo deles saltou 600%. Em cinco anos, foram 91 negócios contemplados — 85% deles ainda ativos — recebendo R$ 65 milhões em investimento.

— As grandes empresas têm enorme poder de atuação em impacto social. Desenhamos um programa para a Caixa Econômica Federal, que busca start-ups com soluções financeiras para reduzir a inadimplência na faixa 1 do Minha Casa Minha Vida. O foco é melhorar a educação financeira do cliente de baixa renda — diz Priscila.

A Artemisia identificou 460 empresas com o perfil buscado pela Caixa. Ficaram cinco. Cada uma recebeu R$ 200 mil para testar sua solução junto ao universo-alvo de clientes por seis meses.

— As interações com negócios de impacto social começam na esteira de responsabilidade social e sustentabilidade. Mas áreas de produção e estratégia já perceberam que é uma oportunidade de promover inovação. Há executivos em busca de propósito, como os que criaram o Geekie, uma plataforma que ajuda a preparar estudantes para o Enem e que passou a ser apoiada pelo governo — diz ela.

Semana passada, a Oi, por meio do Oi Futuro, lançou o Labora, um laboratório para buscar soluções inovadoras e de impacto para as cidades. Tem como parceiros o Yunus e o Instituto Ekloos. Não inclui aporte financeiro, mas sai do papel com um primeiro ciclo de incubação de organizações e negócios sociais, com cinco projetos selecionados no Rio, em São Paulo, Belo Horizonte e Recife.

Plataforma de leitura com textos de jornais
por João Sorima Neto

Danielle Brants, fundadora da plataforma de leitura Guten - Divulgação / Agência O Globo

SÃO PAULO - Danielle Brant trabalhava no mercado financeiro quando começou a pesquisar o setor de educação. Ela logo constatou que a qualidade da leitura dos alunos brasileiros deixava o país na rabeira do ranking mundial, o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). O Brasil somou 410 pontos em leitura, 86 pontos abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

— Percebi que não estávamos fazendo a coisa certa nas escolas em termos de método. Havia uma lacuna a ser preenchida — conta Danielle.

A partir da ajuda de especialistas, Brant criou a Guten Educação e Tecnologia, plataforma de leitura que usa textos jornalísticos adequados ao público infanto-juvenil (de 8 a 14 anos). O objetivo é melhorar o aprendizado dos alunos e influenciar a formação do professor. A plataforma tem 35 mil alunos em sete estados, incluindo o Rio.

Ao lado do texto, o aluno responde a um questionário, em formato de game, sobre o conteúdo. Por meio das respostas e de uma ferramenta, o professor pode identificar pontos fortes e fracos dos alunos e melhorar o método de ensino.

A empresa recebeu aporte do fundo Omidyar Network, que investe, em países emergentes e nos EUA, em start-ups de impacto social. Ela teve o apoio da Artemisia. (João Sorima Neto)

Rede de hospedagem e foco na cultura negra

Carlos Humberto Silva, um dos fundadores da plataforma Diáspora Black - Monica Imbuzeiro / Agência O Globo

RIO - No início deste mês, uma turista sul-africana foi empurrada escada abaixo por seu anfitrião, em Amsterdã, que ainda disse insultos racistas para ela. O episódio de discriminação racial em redes de acomodação é recorrente, diz o geógrafo carioca Carlos Humberto Silva.

— Existe um índice de rejeição que dificulta ao anfitrião negro receber hóspedes e se hospedar quando viaja. Por isso, criamos uma estrutura para resolver esse problema, mas também para abrir um canal para partilhar experiências que valorizam a história e a população negra — diz Silva.

Com esse foco, nasceu a plataforma Diáspora Black, que já tem mil cadastrados entre viajantes e anfitriões em dez países e foi selecionada entre os projetos apoiados pela Oi. A meta é chegar a cinco mil em 2018, sem restrição de uso apenas a afrodescendentes.

— A demanda existe, estimula o turismo étnico. Além da hospedagem compartilhada, vamos oferecer outros serviços e experiências. A diária, hoje paga em dinheiro, poderá, mais adiante, ser paga por um valor solidário ou escambo — conta Silva, que tem o jornalista Antonio Pita como sócio na empreitada, em Salvador.

Para entrar no ar, a Diáspora Black captou R$ 15 mil por meio de crowdfunding. ( G.C. )

Sistema de cobrança para quem não tem banco

Ivan Marasco, sócio responsável pelo marketing da Moneto - Divulgação

SÃO PAULO - A Moneto é uma plataforma que permite que jardineiros, limpadores de piscina e pedreiros possam cobrar seus clientes com mais agilidade. Os três sócios fundadores da empresa perceberam que, para muitos desses profissionais, a tarefa de cobrar os clientes era mais difícil. Ivan Marasco, sócio responsável pelo marketing da empresa, lembra que muitos clientes são desbancarizados, ou seja não têm acesso aos serviços financeiros de um banco.

Na empresa, o profissional se cadastra no sistema ou baixa o aplicativo e pode enviar as cobranças por e-mail ou SMS. O cliente pode pagar com cartão ou via boleto e tem a vantagem de poder parcelar em 12 vezes. O próprio celular do prestador de serviço pode ser transformado numa maquininha virtual de recebimento.

— A gente faz inclusão de pessoas à margem do sistema financeiro — diz Marasco.

A empresa foi fundada em 2016, tem dez mil cadastrados e um tíquete médio de transações de R$ 150. Recebeu aporte financeiro de R$ 2,5 milhões do SP Ventures, fundo de investimento que aplica em start-ups de cunho social. Em 18 meses, o objetivo é ter 50 mil cadastrados. A rentabilidade vem de um percentual cobrado a cada transação. Ela teve apoio de Artemisia e Santander. ( J.S.M. )

App para dar segurança a mulheres nas ruas

Priscila Gama, uma das criadoras da Malalai Tecnologia de Segurança - Monica Imbuzeiro / Agência O Globo

RIO - Foi de um dos relatos da campanha #PrimeiroAssedio, iniciativa do coletivo Think Olga, que a mineira Priscila Gama tirou a ideia de criar o Malalai Tecnologia de Segurança. Trata-se de um aplicativo desenvolvido para garantir a segurança de mulheres nas ruas. O app já está disponível para plataforma Android, em Belo Horizonte.

— Li o relato de uma mulher que contava os detalhes de como foi traumático tudo o que ela viveu após ter sido estuprada. Se houvesse uma forma de monitorar o deslocamento dessa mulher, talvez isso não tivesse acontecido — diz a arquiteta e urbanista de 33 anos, destacando que o medo de andar sozinha, sobretudo à noite, impede a mulher de crescer e trabalhar.

O Malalai permite escolher o melhor trajeto, indicando o quão movimentada é uma rua, se tem policiamento, edifícios com porteiros, comércio aberto e dados sobre ocorrências de assédio anteriores. Permite envio automático de localização em pontos da rota a contatos previamente escolhidos. E, o mais importante: tem um botão para emergência, batizado de relicário.

— Investimos R$ 10 mil sozinhos. Entramos num programa do Sebrae para fazer a versão para iOS, recebendo R$ 24 mil e botando R$ 6 mil. Depois, vamos precisar de mais R$ 20 mil para fazer do “relicário” um acessório — diz. ( G.C. )

Quase 40% dos negócios precisam de até R$ 200 mil
por Glauce Cavalcanti e Ana Paula Ribeiro

Arquiteta da Vivenda acompanha reforma de cliente - Marcos Alves / Agência O Globo

RIO E SÃO PAULO - O primeiro retrato dos negócios de impacto social e ambiental no Brasil mostra que, apesar do potencial do segmento, o crédito ainda é o principal entrave. Pouco mais de um terço dos empreendimentos busca captar um volume de até R$ 200 mil, de acordo com mapeamento do setor feito pela plataforma Pipe.Social, que permite a conexão com investidores e aceleradoras.

— Consultamos 579 negócios para o mapeamento, que mostrou que 79% dos empreendimentos estão captando recursos. Mais de um terço (38%) precisa de até R$ 200 mil, e outros 33% buscam entre R$ 200 mil e R$ 1 milhão — diz Carolina Aranha, uma das sócias-fundadoras da Pipe.Social, destacando que o financiamento é a ajuda apontada como mais urgente por quase metade (46%) dos negócios.

Leonardo Letelier, da Sitawi Finanças do Bem, organização sem fins lucrativos que capta recursos para doações e empréstimos destinados a ONGs e negócios sociais, pondera que o empréstimo, na fase inicial do projeto, é um problema:

— No começo de um negócio social, o empréstimo é mais um peso que uma solução, pois, ainda sem receita, a empresa terá o compromisso de pagar. É preciso um capital mais paciente. A média dos investidores de impacto está disposto a botar R$ 1,4 milhão por aporte. Mas as empresas querem até R$ 200 mil ou R$ 1 milhão.

Em sete anos, a Sitawi permitiu a alocação de R$ 10 milhões em 50 ONGs e negócios sociais.

— A maior parte desses negócios não consegue dinheiro no banco por falta de garantias e acaba pagando taxas mais altas. Nós oferecemos crédito com juros reduzidos. Em dois meses, vamos fazer o primeiro piloto oferecendo garantia a projetos interessados em tomar empréstimo no mercado.

A organização vai dar início ao teste de um dos propósitos articulados pela Força Tarefa em Finanças Sociais, que congrega 22 institutos e fundações. Este ano, houve aporte de R$ 700 mil em um fundo que será usado em iniciativas de aprendizado em negócios de impacto.

— Queremos experimentar mecanismos de finanças sociais, como o garantidor de negócios sociais na tomada de crédito — diz Célia Cruz, membro da diretoria executiva da Força Tarefa.

Também o governo já caminha nesse sentido. O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços criou um grupo de trabalho em agosto, em parceria com outros órgãos do governo, para discutir formas de ampliar o número de negócios de impacto social e os investimentos no segmento, explica Igor Nazareth, diretor do Departamento de Inovação e Empreendedorismo da pasta:

— Vamos caminhar para a elaboração de uma política ou plano nacional de finanças sociais e negócios de impacto social, mas ainda não há previsão sobre quando sairá.

Rita Afonso, professora da Faculdade de Administração da UFRJ, alerta para a importância do apoio a iniciativas de impacto que não são negócios.

— A inovação social tenta resolver o que não está atendido. Depois, alguém se apropria e transforma em política pública. E isso demanda investimentos.

REFORMA DE BAIXO CUSTO

Há iniciativas que casam doação e negócio, caso da Vivenda, start-up que realiza reformas de custo reduzido em residências de famílias de baixa renda.O historiador Marcelo Coelho, o administrador Fernando Assad e o arquiteto Igiano Lima perceberam que, pela falta de recursos, essas pessoas recorriam a mão de obra não qualificada na hora de fazer obras em casa.

A Vivenda vende soluções prontas para reformas de cozinhas e banheiros, principalmente, a um custo médio de R$ 5 mil. Tudo parcelado em até 30 vezes.

— Cobramos dentro daquilo que as pessoas têm condições de pagar. A prestação fica entre R$ 150 e R$ 300 — diz Coelho.

Em paralelo, a Vivenda atende pessoas em situação de risco social, como deficientes físicos ou idosos com dificuldade de locomoção e sem acesso a benefícios sociais. Nesses casos, os projetos são executados com a ajuda de parceiros, que arcam com o custo da reforma.

— Esse modelo representa 30% das nossas reformas. E pode ser replicado para outros partes do país — conta ele.

Nova regra da CVM facilita captação de recursos
por Ana Paula Ribeiro

Greg Kelly, da EqSeed - Guilherme Leporace / Agência O Globo

SÃO PAULO - Mariana Lanzana Carturan há três anos vem trabalhando no projeto de um aplicativo que permite a troca de bens entre os usuários sem cobrança de taxa. A versão inicial do Casa247 já está em funcionamento há alguns meses, mas a empresa, que também conta com outros três sócios, precisa de recursos para desenvolver outras funções e atrair mais usuários. Como o dinheiro da fundadora acabou, a saída será buscar recursos de investidores.

— Para começarmos a obter receitas com o aplicativo, precisamos desenvolver mais funções, e o nosso dinheiro chegou ao limite. Vamos ter que buscar esses investimentos em uma aceleradora de projetos, que pode nos trazer expertise para a empresa crescer, e estudar o crowdfunding , que pode servir para algo mais pontual — avalia a empreendedora.

APORTE COLETIVO VIA INTERNET

Marcelo Godke, sócio do Godke Silva & Rocha Advogados, acredita que as novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o que é chamado de equity crowdfunding podem ajudar start-ups como a de Mariana a conseguir recursos que garantam o seu crescimento a um custo menor do que os caminhos mais tradicionais, como o crédito bancário. Nesse sistema, plataformas credenciadas pela autarquia vão permitir que investidores aportem recursos, de forma coletiva, em uma empresa. Em troca, terão uma participação acionária que, no futuro, quando a companhia ganhar musculatura, pode ser vendida.

Antes, as plataformas existentes já conseguiam oferecer esse tipo de intermediação, mas boa parte dos investidores, sem uma regulamentação da CVM, não se sentia seguro. Havia ainda uma limitação por parte das empresas, que precisavam estar enquadradas nas regras do Simples (faturamento de até R$ 3,6 milhões) para fazer uma captação de recursos sem registro na autarquia. Agora, pode fazer uso dessa ferramenta quem fatura até R$ 10 milhões ao ano.

— Os juros no mercado de crédito bancário são elevados. Ao menos 5% ao mês em uma linha de capital de giro. Esse custo pode inviabilizar um negócio. Além disso, algumas empresas nem têm acesso ao crédito bancário. O equity crowdfunding pode virar esse intermediário e, além de start-ups , empresas do setor tradicional também podem acessar essas plataformas para ter dinheiro mais barato para crescer — explica.

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IMPULSO PARA O MERCADO

Uma dessas plataformas é a EqSeed, que vai passar pelo processo de autorização junto à CVM para começar a fazer rodadas de captação de recursos para empresas nas novas regras. Greg Kelly, sócio fundador da plataforma, acredita na expansão dessa forma de captação, ainda limitada a poucas dezenas de empresas.

— Essa nova regra vai ajudar a impulsionar o mercado e a ganhar escala — diz Kelly.

O maior caso de empresa de sucesso de equity crowdfunding no mundo é a da cervejaria escocesa Brewdog. Em seus dez primeiros anos de atuação, ela se financiou por meio desse sistema e, atualmente, é avaliada em 1 bilhão de libras.

— Quem investiu nas primeiras rodadas conseguiu retornos expressivos e permitiu o crescimento da empresa — conta Kelly.

Em quantidades mais modestas, outras empresas estão com rodadas de investimento em andamento, uma vez que iniciaram o processo antes da publicação das novas regras da CVM. A Cotexo utiliza a EqSeed para levantar R$ 600 mil em troca de 15% de suas ações. A ideia é dar impulso a sua plataforma de comércio eletrônico, que consiste na compra e venda de autopeças, ligando fornecedores a varejistas do setor.