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Entenda o que é a solução de dois Estados para Israel e palestinos

Plano defende a coexistência de dois países lado a lado

Manifestantes palestinos diante do assentamento israelense de Qadumim, na Cisjordânia
Foto: JAAFAR ASHTIYEH / AFP
Manifestantes palestinos diante do assentamento israelense de Qadumim, na Cisjordânia Foto: JAAFAR ASHTIYEH / AFP

RIO — O primeiro encontro na Casa Branca entre o presidente Donald Trump e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nesta quarta-feira, aconteceu em um momento de grande expectativa sobre a posição dos EUA sobre o conflito entre israelenses e palestinos. A solução mais indicada por órgãos internacionais seria a criação de dois Estados. Mas o que isso significa? Veja algumas respostas para entender a política que o governo Trump diz já não ser a única solução para a região.

DOIS ESTADOS

A chamada solução de dois Estados é o projeto para a criação de um Estado palestino que coexista pacificamente com o israelense. A ideia toma como base as fronteiras estabelecidas antes do conflito de 1967: a Linha Verde, que delimita a Cisjordânia; a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, reivindicada pelos palestinos como sua capital.

Em 1988, o falecido líder palestino Yasser Arafat apresentou uma declaração de independência que, pela primeira vez, falava em “dois Estados para dois povos”. Arafat reconheceu, então, o Estado de Israel e sua soberania sobre 78% da Palestina histórica. Este reconhecimento foi aceito pela Organização de Libertação da Palestina (OLP), que reúne quase todos os movimentos palestinos, exceto o grupo islâmico Hamas e o Movimento da Jihad Islâmica. Contrário à solução, o Hamas, que não reconhece Israel, reivindica um país único, palestino, para todo o território.

Desde 1947, os dois Estados estão presentes no Plano da Nações Unidas para a Partilha da Palestina, enquanto Jerusalém ficaria como uma terceira entidade sob controle internacional. Os Acordos de Oslo previam que um Estado substituísse a Autoridade Nacional Palestina, em 1993. Como a ideia acabou não se concretizando, em 2003, o Quarteto para o Oriente Médio (grupo mediador formado por Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Nações Unidas) planejou a criação do Estado Palestino em 2005.

QUEM É A FAVOR E QUEM É CONTRA?

Para a líder palestina Hanan Ashrawi, existe um “consenso global” baseado na solução de dois Estados para alcançar a paz. A ONU, que concedeu ao Estado palestino o status de Estado observador, defende esta opção, que é, também, o princípio fundamental do recomendado pela União Europeia. No final de dezembro de 2016, o então secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que esta era "a única maneira possível" de alcançar a paz.

A iniciativa de paz árabe de 2002, que propõe a criação de um Estado palestino em troca do reconhecimento de Israel pelos países árabes, também é baseada nesta solução.

No entanto, depois de mais um fracasso nas negociações de paz, o atual premier israelense Benjamin Netanyahu se pronunciou, em 2009, em seu discurso de Bar Ilan, no qual assumia pela primeira vez publicamente a ideia de um Estado palestino coexistindo com Israel. Seis anos mais tarde, porém, durante sua campanha, Netanyahu afirmou que “a realidade havia mudado”. Atualmente, o líder do governo de coalizão dominado por ultra-nacionalistas e partidários da colonização sem restrição, é pressionado pela ala mais à direita de seu governo, que defende a anexação da Cisjordânia.

Além disso, Netanyahu condiciona a criação de um Estado palestino ao reconhecimento de Israel como um Estado judeu. Um ponto que o presidente palestino recusa.

QUAIS AS ALTERNATIVAS

De acordo com pesquisas recentes, a solução de dois Estado para o conflito entre Israel e Palestina tem recebido cada vez menos apoio por ambas as partes. No final de setembro ano passado, metade dos palestinos e 41% dos israelenses eram contra.

Uma sugestão que alguns defendem seria a criação de um só Estado, binacional, onde palestinos e israelenses tivessem direitos iguais. Esta opção deixa em suspense a questão demográfica — o crescimento entre palestinos é mais acelerado do que entre isralenses.

Israel tem atualmente 17,5% de árabes-israelenses, descendentes de palestinos que permaneceram no seu território durante a criação de Israel, que afirmam ser tratados como cidadãos de segunda classe.