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Maioria dos ataques a profissionais de imprensa em 2019 partiu de Bolsonaro

Maioria dos ataques a profissionais de imprensa em 2019 partiu de Bolsonaro

Um relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) revelou que o presidente Jair Bolsonaro foi responsável por mais da metade dos ataques a profissionais de imprensa em 2019.

O levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas revela que os ataques a jornalistas e a veículos de comunicação cresceram 54% em 2019. Foram 208 casos contra 135, em 2018.

Em 2020, o relatório da Fenaj incluiu a descredibilização da imprensa. A categoria foi criada por causa dos ataques sistemáticos à imprensa e aos jornalistas feitos pelo presidente Jair Bolsonaro.

O relatório se baseou em discursos e entrevistas do presidente e também nos posts feitos por ele em redes sociais, ao longo de 2019.

Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas, os políticos foram os principais autores de ataques, quase 70% do total, e o presidente Jair Bolsonaro foi responsável sozinho pela maioria desses ataques à imprensa, quase 60% do registrado em todo o ano de 2019.

“Quando o chefe maior de uma nação faz um trabalho sistemático para descredibilizar o trabalho da imprensa, isso afeta diretamente a democracia. Por quê? Porque a democracia precisa da imprensa, do jornalismo, dos jornalistas para se efetivar. É por meio das notícias que o cidadão e a cidadã se informam sobre o que está acontecendo no país e podem se posicionar sobre os fatos, os acontecimentos”, disse a presidente da Fenaj, Maria José Braga.

O relatório também mostrou que o número de jornalistas assassinados aumentou em 2019. As duas vítimas eram jornalistas de Maricá, na região metropolitana do Rio. Já o número de agressões a jornalistas caiu um pouco, na comparação com 2018. Ainda assim, foram 20 agressões verbais e 15 agressões físicas.

A pesquisa da Fenaj identificou o Sudeste como a região onde ocorreu o maior número de casos de violência contra jornalistas em 2019. Na violência por gênero, os homens são as maiores vítimas, principalmente aqueles profissionais que estão mais em evidência durante uma reportagem, como repórteres fotográficos, por exemplo, e repórteres cinematográficos.

Ainda que os números da pesquisa sejam considerados alarmantes, a presidente da Fenaj alerta para a subnotificação dos casos.

“O nosso esforço a cada ano é para que mais profissionais façam a denúncia formal, no caso, na polícia, registrando boletins de ocorrência, e nos procurem para que a gente possa apoiá-los e tomar as medidas cabíveis, inclusive cobrando políticas públicas de proteção aos jornalistas”.

O Palácio do Planalto não quis se manifestar sobre o relatório da Fenaj, mas, no fim da tarde, num discurso durante a cerimônia da troca de comando da Operação Acolhida, que recebe venezuelanos no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar a imprensa.

O presidente disse: “A nossa imprensa tem medo da verdade, deturpam o tempo todo e, quando não conseguem deturpar, mentem descaradamente”.

Bolsonaro estava se referindo ao livro “Tormenta”, sobre o primeiro ano do governo dele, e chamou a autora, a jornalista Thaís Oyama, de japonesa.

Bolsonaro disse: “Esse é o livro dessa japonesa que não sei o que faz no Brasil, que faz agora contra o governo”.

Thaís Oyama, porém, é brasileira nata e disse que não vai comentar as declarações de Bolsonaro sobre o livro dela.

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