Macau muitas vezes lembra o cenário de um filme. É como se a cidade tivesse sido construída para realizar sonhos. Foi a forma que Macau encontrou de competir com a poderosa Hong Kong, que fica pertinho, do outro lado do rio.
Mas foi em Hong Kong que um brasileiro realizou o seu sonho e conquistou a fama. Hoje, o jóquei João Moreira vive uma história de sucesso, mas o começo, no interior do Paraná, foi bem diferente.
"Minha família é uma família bem simples, bem humilde. Quando nós perdemos meu pai, meu pai deixou a gente sem ter nem mesmo onde a gente morar. Eu acabei me envolvendo com drogas, mas eu tive o apoio da minha família. Se não fosse pelo apoio do meu irmão, de me tirar das drogas, me tirar do mundo das ruas e me colocar para trabalhar em uma fábrica onde ele conseguiu emprego para mim, eu tenho certeza que eu não teria conseguido nada na vida. Eu não teria chegado a lugar nenhum”, lembra.
Foi com os amigos que fez no tempo em que trabalhava na fábrica que João teve a chance de aprender a montar. “A primeira vez que eu vi um cavalo, independentemente de ser cavalo de corrida ou não, eu já tinha uma paixão muito grande por eles", diz.
João teve que se mudar para São Paulo para se tornar um jóquei profissional, mas não conseguia grande vitórias. Um convite para competir em Cingapura mudou a vida dele.
“Tudo foi muito difícil. Eu tive que largar a minha profissão, tive que largar a minha família, eu nunca tinha saído do Brasil. Nunca tinha feito nenhuma viagem internacional, e logo de cara fazer uma viagem de 30 horas. E se mudar com família, filho pequeno, Miguel não tinha nem completado um ano”, lembra a enfermeira Taciana Moreira, mulher de João.
O sucesso foi tão grande que João foi convidado para trabalhar em Hong Kong. Ele soube aproveitar bem a oportunidade. Ganhou dois dos três campeonatos que disputou e até bateu recorde: é o jóquei com mais vitórias em uma única temporada em Hong Kong.
Com 33 anos, ele não pensa em voltar para o Brasil. Pelo menos agora. A família cresceu. A filha menor, Marina, está com quatro anos. Miguel, de oito, já está aprendendo a montar. O idioma não é mais um problema. Num lugar onde o turfe atrai tantos fãs, João está vivendo seu momento de glória. "Eu nunca deixei de olhar para trás e lembrar de tudo que eu vivi", diz João.
