Por Bom Dia Rio


Moradores do Rio reclamam da falta de água

Moradores do Rio reclamam da falta de água

A Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) retomou por volta das 9h desta terça-feira (4) a produção de água na Estação de Tratamento do Guandu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

A produção havia sido interrompida no fim da tarde de segunda (3) por causa de análises laboratoriais que apontaram a presença de detergentes na água que chega à estação de tratamento.

Em consequência de cerca de 15 horas de interrupção, torneiras secaram em boa parte da área coberta pelo Guandu. Por redes sociais, moradores relataram falta d'água em suas casas (veja no vídeo acima).

A reabertura das comportas do canal principal da estação ocorreu após técnicos da companhia constatarem que não havia risco à operação.

A Cedae ressalta que em alguns locais, como ruas altas, o abastecimento pode levar até 72 horas para se restabelecer completamente.

Relembre a crise da água

Este não foi o primeiro problema com qualidade da água este ano. Desde o começo de janeiro, moradores do Rio de Janeiro têm reclamado do cheiro e gosto da água que chega às torneiras.

A Cedae atribuiu os problemas à presença da enzima geosmina, liberada por microalgas que, em contato com microorganismos, altera a aparência da água, mas informou que ela não prejudica a saúde.

Para solucionar o problema, a empresa aplicou carvão ativado e argila nas águas.

Estação de Tratamento do Guandu na manhã desta terça-feira (4) — Foto: Reprodução/TV Globo

Falta d'água

Moradores de bairros das zonas Norte e Oeste da capital fluminense reclamam que as torneiras já estão secas. A estação abastece cerca de 80% da população da cidade do Rio. Quem vive na Baixada Fluminense, região mais próxima à estação, também reclama de problemas no fornecimento.

Segundo professor Júlio César da Silva, chefe do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da Uerj, as áreas mais próximas ao Guandu são as mais afetadas.

“O que acontece é que a rede de distribuição de água é diferente. Então há locais onde vai faltar água mais rápido e locais onde vai demorar mais, de acordo com a quantidade de água que existe no sistema de distribuição. As regiões de mais curto percurso vão sentir mais falta desta distribuição. As áreas mais distantes vão sentir falta depois, provavelmente", contou o professor.

Polícia chega à Estação do Guandu para investigar presença de detergente na água

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Polícia volta ao Guandu

Na manhã desta terça, equipes da Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD) voltaram à estação. A Polícia Civil já havia sido acionada e esteve no local no dia 16 de janeiro para investigar uma suspeita de sabotagem, citada pelo próprio governador do Rio, Wilson Witzel.

Funcionários, ex-funcionários e o próprio presidente da Cedae, Hélio Cabral, foram ouvidos. O inquérito, no entanto, ainda não foi concluído e ainda não há a confirmação de sabotagem.

Inea

Além da polícia, técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) estiveram no Guandu nesta manhã para vistoriar e coletar amostras da água que vem do rio Poços, que passa pelo Distrito Industrial de Queimados e deságua no Guandu. Também foram coletadas amostras da entrada da estação de captação. O resultado deve ser divulgado 24 horas após a coleta.

A coleta foi acompanhada por integrantes do Grupo de Apoio Técnico Especializado (GATE), do Ministério Público do Rio.

O professor Júlio César da Silva cobrou mais transparência da empresa.

“A Cedae deveria demonstrar bastante transparência nesse processo todo, nos problemas, no dia a dia, para que a população volte a confiar nessa água tratada”, destacou o professor.

Captação de água é suspensa após Cedae identificar detergente no Guandu

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Saneamento adequado

O professor destacou que os rios Poços e Queimados, alguns dos responsáveis por grande parte da poluição na área de captação do Rio Guandu, passam por regiões de parques industriais e recebem resíduos.

“A gente vê as imagens da espuma ao longo da bacia de captação e isso é proveniente, possivelmente, dessa presença de detergentes e pode ser do Rio Poços, do Rio Queimados. O próprio Inea vai verificar a procedência”, explicou Júlio César.

O professor Paulo Canedo, da Coppe-UFRJ, também destaca que o problema só será resolvido com o saneamento dos rios que despejam a maior parte dos dejetos.

“Nós temos uma fragilidade intensa que são três rios poluídos chegando ao Rio Guandu, próximo à estação. Enquanto essa região não for saneada corretamente, não teremos solução. Vamos ficar sempre andando na corda bamba”, contou Canedo.

Funcionários da Cedae e agentes da Polícia Civil na Estação de Tratamento de Guandu, na Baixada Fluminense — Foto: Reprodução/ TV Globo

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