Edição do dia 01/08/2017

01/08/2017 13h52 - Atualizado em 01/08/2017 15h40

Atraso nos pagamentos obriga reitoria da UERJ a adiar início das aulas

Aulas na universidade não têm previsão para começar.
Dívida do governo do estado com a instituição chega a R$ 350 milhões.

Renata CapucciRio de Janeiro, RJ

As aulas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que deveriam ser retomadas nesta terça-feira, 01, estão suspensas por tempo indeterminado. O motivo é a crise econômica do estado.

Quantos planos interrompidos de quem queria muito estar aqui. “Eu estou correndo atrás do meu sonho, mas infelizmente não estou sendo correspondido”, diz o aluno de oceanografia, Sidnei Cândido.

São quase 42 mil alunos, matriculados nas 13 unidades que fazem parte da UERJ, sem estudar.

Os problemas começaram em 2014 por causa da crise financeira do estado e o segundo semestre de 2016 só foi concluído em julho deste ano. A decisão de suspender o ano letivo de 2017 por tempo indeterminado foi tomada agora porque, segundo o reitor, não há como retomar as aulas com atrasos nos pagamentos dos salários dos funcionários e professores e também das bolsas para estudantes. Além disso, 50 empresas se recusaram a assumir o bandejão da UERJ.

A manutenção também está prejudicada pelo não-pagamento das empresas terceirizadas de limpeza, vigilância e coleta de lixo. A dívida do governo do estado com a instituição chega a R$ 350 milhões.

“Quem tinha alguma reserva já gastou. Não temos como subsistir com quatro meses faltando no nosso bolso”, fala o reitor da UERJ, Ruy Garcia Marques.

Na UEZO, Universidade Estadual da Zona Oeste, que fica em Campo Grande, o reinício das aulas também foi adiado. Não tem bandejão, lanchonete, nem campus próprio. A universidade, que só tem cursos ligados à tecnologia, funciona dentro de um colégio estadual.

Mesmo assim, os alunos acreditam em dias melhores. Nesta terça-feira (1), na UERJ, a equipe do Jornal Hoje encontrou um grupo de veteranos dando trote em calouros do curso de oceanografia. Mesmo sem previsão de retorno de aula.

“A gente quer que todo mundo seja bem recebido, bem acolhido, em casa, porque a UERJ passou isso para gente, então a gente se sente no dever de passar isso pra eles. A UERJ não morreu, a UERJ resiste e a gente vai continuar lutando por ela, sim”, diz a estudante Tatiana Ribeiro.