Mortos em chacina em Maricá (da esquerda para a direita): Sávio Oliveira, Mateus Bittencourt, Matheus Baraúna, Marco Jhonathan e Patrick da Silva — Foto: Facebook/Reprodução | Arquivo Pessoal
Os cinco jovens mortos em uma chacina em Maricá (RJ), neste domingo (25), participavam de projetos culturais ligados à cultura do rap. Segundo parentes, eles davam aulas de hip hop para crianças de 8 a 10 anos na área comum do Condomínio Carlos Marighella. As aulas aconteciam na quadra, ao lado da churrasqueira, onde eles foram executados.
Local onde jovens foram mortos fica ao lado da quadra onde davam aulas de rap — Foto: Márcio Gleik/Inter TV
"Quando a roda não era naquela quadra do C era na quadra do D. Eles foram mortos perto da churrasqueira da área comum, que fica do lado da quadra. Não voltei pra casa ainda a ficha não caiu, tô sem forças", disse a mãe de Marco Jhonatan.
Segundo a Prefeitura, três dos jovens faziam parte da Roda de Rima, projeto das secretarias de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher e da Cultura.
Em uma postagem na rede social, o rapper Projota desabafou sobre a chacina. Os rapazes haviam voltado do show horas antes de serem mortos. Na postagem desta segunda-feira (26), o cantor reflete sobre a situação de desigualdade social e falta de segurança no país.
"Gente sem voz, povo acuado e fragilizado, até quando??? Até quando???" [...] Promoviam eventos e rodas de rima e tinha o mesmo sonho que eu. Hoje a quebrada chora... [sic]."
Postagem do rapper Projota sobre a morte de cinco jovens em Maricá — Foto: Facebook/Reprodução
O G1 traz abaixo os perfis das vítimas, de acordo com informações passadas por parentes das vítimas.
Ações culturais e políticas
Matheus Bittencourt, 18 anos
Era DJ e participou de um ato por eleições diretas para presidente, em Maricá. Ele participava da roda cultural Darcy Ribeiro, realizada de quinze e quinze dias em Itaipuaçu.
Marco Jonathan, 17 anos
Era dançarino e participou de projetos da Prefeitura. Ganhou o duelo do passinhos e se preparava para ser MC, com algumas músicas de rap prontas.
Sávio Oliveira, 20 anos
Era compositor, produtor e mestre de cerimônia das batalhas de rimas, estava gravando um CD de hip hop com os amigos ligados ao movimento. O Sávio foi mestre de cerimonia da Roda Cultural no ato contra a condenação do Lula no Circo Voador
Matheus Baraúna, 16 anos
Era membro da Nação Hip Hop e, junto com Marco Jonathan e Patrick da Silva, faziam parte da Roda do Bronx, que era no Condomínio Carlos Marighella. A roda era direcionada às crianças com idades de entre 8 e 10 anos.
Patrick da Silva (Idade não divulgada)
Membro da Roda Cultural do Bronx, no Conjunto Habitacional Carlos Marighella. Envolvido em projetos de hip hop na cidade.
O caso
Moradores do Conjunto Habitacional Carlos Marighella, onde ocorreu a chacina no domingo (25), fizeram uma manifestação para pedir mais segurança no local na noite desta segunda-feira (26). O policiamento foi reforçado no local, de acordo com a PM.
Moradores fizeram ato após chacina em Maricá, no RJ — Foto: Márcio Gleik/Inter TV
Na tarde desta segunda-feira (26) foram enterrados Sávio de Oliveira, de 20 anos, Marco Jhonata, de 17, e de Patrick da Silva Diniz. Os corpos das duas outras vítimas, Matheus Bittencourt, de 18 anos, e de Matheus Baraúna, de 16, foram levados para Magé e para o Rio de Janeiro.
Amigos fizeram cartazes em manifestação em praça de Maricá — Foto: Roberto Nogueira/Inter TV
Os jovens mortos na chacina faziam parte de um grupo de dança em Itaipuaçu, de acordo com parentes. A Prefeitura de Maricá decretou luto oficial de três dias.
A investigação
Segundo a Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), os cinco jovens mortos foram obrigados a deitar no chão antes de serem baleados. A polícia já tem o perfil de um suspeito de participação do crime e trabalha com a hipótese deles terem sido vítimas de milicianos.
Enterro das vítimas da chacina foi em Maricá — Foto: Laila Hallack/Inter TV
"Mandaram deitar e atiraram nas cabeças. Foi execução. Não houve nem resistência nem tentativa de fuga. Todos os tiros partiram de uma arma só, pois havia projéteis de uma mesma arma deflagrados no local [...] Ainda não há identificação de suspeito, mas indicações fortes. Há reclamações da atuação de milícias no local. Comprovadamente, eles não estavam fazendo nada de ilícito na área de convivência do conjunto habitacional", disse a delegada Bárbara Lomba ao G1.