Rio

Vídeo: Cauã Reymond encontra sofá em visita às lagoas poluídas da Barra

Ator estava junto com a filha e fez um passeio de barco a convite do biólogo Mário Moscatelli
O ator Cauã Reymond fez um passeio de barco a convite do biólogo Mário Moscatelli para visitar as lagoas da Barra da Tijuca. O cenário encontrado por ele foi o pior: até um sofá foi visto boando nas águas poluídas da região.
O ator Cauã Reymond fez um passeio de barco a convite do biólogo Mário Moscatelli para visitar as lagoas da Barra da Tijuca. O cenário encontrado por ele foi o pior: até um sofá foi visto boando nas águas poluídas da região.

RIO - "Olha só, filha, como o povo é sujo! Joga o sofá na lagoa! Isso mata o peixinho, o jacaré, a capivara… Por isso, papai fala que não pode jogar lixo no chão", explicava da forma mais didática possível, o ator Cauã Reymond para sua filha Sofia, de 5 anos, durante um passeio pelas poluídas lagoas da Barra da Tijuca. A convite do biólogo Mario Moscatelli, o galã se impressionou com tanta sujeira boiando sobre as águas turvas e esverdeadas do complexo lagunar da Baixada de Jacarepaguá. Pelo caminho, encontrou geladeira, televisão e até sofás. O mau cheiro era tanto, que o barco precisou dar meia volta ao chegar no Rio Arroio Fundo, perto da Avenida Ayrton Senna..

—  Me considero um ignorante, mas interessado nas questões ambientais. Fico preocupado com as próximas gerações e com vontade de dar visibilidade para esta situação, replicando a mensagem para que surjam parceiros para dar voz às pessoas que estão lutando por essa causa. Queria conhecer melhor a situação aqui e fiquei bem chocado — disse Cauã, que passou a se interessar pela preservação do meio ambiente quando assistiu ao documentário “Uma verdade inconveniente”, apresentando por Al Gore, ex-presidente dos Estados Unidos.

Morador do Itanhangá, o ator contou, durante o passeio, que ficou indignado ao ver uma reportagem sobre uma língua negra ao lado do Quebra-Mar. Postou em suas redes sociais e, desde então, vinha conversando com o biólogo Mario Moscatelli, que agora pretende chamar outros artistas e influenciadores para que a causa ambiental seja replicada e ganhe mais notoriedade. Há mais de duas décadas lutando pela recuperação do complexo, confessa que já está perdendo forças diante de tantas promessas não cumpridas e da falta de mobilização da sociedade.


Ator Cauã Reymond em passeio de barco com biólogo Mário Moscatelli Foto: Reprodução
Ator Cauã Reymond em passeio de barco com biólogo Mário Moscatelli Foto: Reprodução

— Hoje, a desculpa é a crise, mas o Brasil andou bombando na crista da onda nos últimos dez anos. A crise é momentânea, mas a degradação é permanente, independentemente de o Brasil estar bombando ou na crise. Repito: dá para recuperar. Em pouco tempo, em dez anos, podemos transformar essa lata de lixo num grande parque temático ambiental, gerando emprego, serviços, vida. Isso é possível. E não vai sair caro. Sai muito mais barato do que foi gasto com a reforma do estádio do Maracanã, que está abandonado. Com R$ 1 bilhão, transformamos isso numa Disney. É uma questão de prioridade — afirmou Moscatelli.

A recuperação de todo o sistema lagunar da Barra e de Jacarepaguá foi um dos compromissos assumidos pelo governo do estado para os Jogos Olímpicos no Rio. Mesmo presente no dossiê de candidatura do Rio 2016 e no Plano de Políticas Públicas, o legado ambiental ficou de fora da festa, só no papel, e segue à deriva, sem nenhum plano para a retomada das obras, envolvidas em polêmicas desde a sua concepção, com denúncias de fraude na licitação e ausência de estudo ambiental completo. Orçado em R$ 673 milhões, deveria ter sido concluído no segundo semestre do ano passado. No ano passado, o contrato foi suspenso.

Em nota, a secretaria estadual de Ambiente não respondeu por que o projeto não foi concluído nem quanto foi gasto. Limitou-se a dizer que o contrato foi suspenso, fruto da crise financeira do estado. Já a secretaria municipal de Conservação e Meio Ambiente afirmou que não tem nenhum plano para recuperar aquela região, já que a gestão do complexo lagunar é atribuição do estado.

Após o passeio, Cauã estuda a possibilidade de levar adiante alguma ação ou projeto para recuperar a região, alertando as pessoas sobre o potencial turístico que ela poderia ter.

— Se eu estou aprendendo, as pessoas também podem aprender. É uma área que poderia ser aproveitada de outra forma. Então, dá um pouco de dó o nosso dinheiro, pagando nossos impostos, sendo usado de forma errada, sendo roubado, enquanto a gente transformar esse lugar para as próximas gerações. Não dá para ficar da forma como está: poluído e degradado — criticou.