Economia Defesa do Consumidor

Empresa de segurança diz que celulares têm software malicioso instalado

Multilaser está investigando possibilidade de hacker ter infectado servidor de aparelhos
Plataforma de segurança detectou dois milhões de tentativas de transações fraudulentas no Brasil e no país asiático de Mianmar em aparelhos da Multilaser Foto: Reprodução
Plataforma de segurança detectou dois milhões de tentativas de transações fraudulentas no Brasil e no país asiático de Mianmar em aparelhos da Multilaser Foto: Reprodução

RIO - Diferentes modelos de celulares da marca Multilaser, no Brasil, estão sendo vendidos com um software malicioso pré-instalado. De acordo com a plataforma de segurança Secure-D, da empresa Upstream, o sistema "com.rock.gota" permite o recolhimento e a transferência de informações pessoais para uma base de dados, em Cingapura. Além disso, realiza cobranças indevidas em aparelhos pré-pagos e reduz a frequência de dados móveis do aparelho.

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Em novembro do ano passado, a plataforma detectou dois milhões de tentativas de transações fraudulentas no Brasil e no país asiático de Mianmar. A Secure-D informou que o malware pode vir instalado, ou o proprietário do aparelho pode ser induzido a instalá-lo sem saber, porque apresenta os dizeres "atualização de software" ou "cuidados com o celular".

Procurada, a Multilaser esclareceu que seus modelos não têm qualquer instalação que realize cobranças indevidas. Mas informou que está apurando a possibilidade de um hacker ter infectado o servidor da GMobi, o que pode ter favorecido a coleta de dados. A empresa declarou ainda que, nas próximas semanas, todos os smartphones Multilaser serão atualizados automaticamente com o novo sistema. E ressaltou que há três décadas oferece produtos de qualidade a seus clientes e parceiros.

Tentativas de fraudes

Ainda segundo a plataforma de segurança Secure-D, das tentativas de fraudes no Brasil, 45% vieram de celulares da Multilaser, apesar de esta ter baixa participação de mercado.

O problema, segundo o diretor de Operações da Secure-D, Dimitris Maniatis, é que nem sempre os consumidores sabem que seus aparelhos estão infectados. Além disso, um usuário leigo não sabe como desinstalar um malware.

— Como o celular já vem infectado de fábrica, nem sempre o consumidor percebe o problema. Para remover o malware do aparelho, é preciso ter acesso ao sistema operacional Android, que é bem complexo. Então, muita gente vira refém disso — explica Maniatis.

Os usuários de aparelhos pré-pagos são os maiores alvos desse tipo de fraude, porque é mais fácil descontar os créditos sem que o cliente perceba, o que seria impossível em planos pós-pagos. De acordo com Maniatis, esse tipo de malware é mais comum em aparelhos de baixo custo. Porém, os equipamentos mais caros não estão totalmente livres desse tipo de infecção:

— Os malwares são comuns em aparelhos mais baratos, mas, em muitos casos, os usuários podem ser induzidos a baixar e instalar o aplicativo com malware sem perceber, independentemente de o aparelho ser caro ou não.

Os modelos afetados

A equipe de analistas de segurança virtual da Upstream comprou um conjunto de celulares dos modelos MS55, MS45S, MS40S, MS60 e MS5.V2. Durante os testes, foi detectado que, em todos os aparelhos, o "com.rock.gota" foi pré-instalado e acionado assim que os telefones foram ligados pela primeira vez, transmitindo dados criptografados para um servidor em Cingapura operado pela Gmobi. Mesmo sem ter aceito os termos e as condições do malware, o rastreamento de rede analisou inúmeros pedidos de download de banners publicitários em segundo plano, sem torná-los visíveis para o usuário, mas que são difusores de fraudes.

A Gmobi se autointitula "uma plataforma de anúncios que possibilita a monetização de conteúdo e aquisição de usuários globais”. No passado, o aplicativo pré-instalado foi identificado pelo antivírus "Dr. Web" como coletor de informações de celulares, incluindo e-mail e localização de GPS, ou seja, dados que podem ser usados para identificar o proprietário do aparelho.