Por G1 — São Paulo

Acumular coisa demais pode virar problema de saúde pública

Acumular coisa demais pode virar problema de saúde pública

Qual o limite de um ‘estocador saudável’ e o acumulador em desequilíbrio? Quando guardar vira doença? Organização demais também pode ser doença? O Bem Estar tirou todas essas dúvidas nesta terça-feira (22) com o psiquiatra e psicoterapeuta Fábio Martins Fonseca e o psiquiatra e consultor Daniel Barros.

Tem gente que convive no meio de tanta bagunça que acaba se perdendo e perdendo o controle da própria vida: são os acumuladores, um transtorno psiquiátrico de quem junta tudo compulsivamente e se recusa a jogar qualquer coisa fora.

De 2% a 6% da população pode sofrer desse distúrbio. As pessoas que sofrem dessa doença têm um olhar distorcido sobre objetos. Para elas, mesmo a peça que parece mais insignificante e feita tem valor de uso, estético, sentimental ou representa algo que é valorizado pelo indivíduo e que ele associa ao objeto.

O autônomo Antônio Ribeiro, de 57 anos, é um acumulador. Ele tem de tudo: estrado de cama, madeira compensada, pneus, lonas, geladeiras, ferragem, cabeceira de cama, restos de madeira, fogão, tonéis. Isso tudo do lado de fora. A casa virou um depósito. Todos os cômodos estão abarrotados de coisas que ele juntou ao longo de 18 anos.

Mulher passa por transformação após vencer transtorno de acumulação

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Já a aposentada Ana Célia Pedrosa, de 67 anos, conseguiu se curar da disposofobia. Ela passou 26 anos guardando tudo que encontrava pela rua. O transtorno começou por causa do acúmulo de decepções – primeiro a morte dos pais, depois o fim de um relacionamento, e para piorar a demissão do emprego de professora. A tristeza fez a aposentada se afunda no meio da sujeira. Era tanto lixo e entulho que ela mal conseguia andar pela casa.

Nos últimos anos, a professora já não tinha mais lugar para dormir. A casa foi interditada por causa do risco de desabamento. A prefeitura retirou 10 caminhões lotados de lixo. Com a ajuda de uma amiga e dos médicos, Ana Célia se curou. Hoje tem só o necessário e mantém tudo bem organizado.

O distúrbio é um problema de saúde mental do indivíduo, mas também ameaça sua saúde física com alergias, asma, e a saúde pública. Lixo atrai insetos, inclusive o mais perigoso, o Aedes aegypti, por exemplo. Ratos, escorpiões, outros animais que podem transmitir outras zoonoses também estão na lista.

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Desorganizado, colecionador, acumulador?
Uma pessoa pode ser bastante desorganizada, por exemplo, pela quantidade de tarefas. Existem pessoas com casas desorganizadas que são extremamente ativas e funcionais. O limiar entre bagunça ‘normal’ e a que é sinal de um distúrbio é o quanto essa desorganização afeta a vida diária.

No entanto, os que sofrem com o transtorno da acumulação têm uma relação claramente distorcida com os objetos que permite que esses objetos necessários, adorados, literalmente ocupem o lugar da pessoa em seu espaço, o que leva a outras pessoas se afastarem. Já os colecionadores, na prática, têm uma relação saudável com os objetos que valorizam, ordenam de forma a evidenciar as qualidades, exibem, trocam, ganham dinheiro com a coleção, atraem pessoas.

Você acumula demais?
Veja quais os sinais de alerta: ansiedade severa ao descartar itens; sentir-se sufocado ou envergonhado pelo acúmulo; suspeitar de que pessoas mexem nos itens; e perda de espaço físico e conflitos por causa dos objetos.

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Reveja o programa desta terça:

Bem Estar - Edição de terça-feira, 22/08/2017

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