Edição do dia 30/07/2017

30/07/2017 08h14 - Atualizado em 31/07/2017 15h11

João Neto e Frederico investem na criação de gado de elite em GO

Fazenda é a realização do sonho de infância da dupla de sucesso no universo sertanejo que decidiu investir no agronegócio.

Ana Dalla PriaGoiânia - GO

A dupla sertaneja João Neto e Frederico nasceu na cidade, mas tem um pé na roça. Agora, além da música, eles estão se dedicando à criação de gado de elite.

Eles lotam shows pelos quatro cantos do país e são estrelas do chamado sertanejo universitário, além de autores de muitas canções de sucesso que levam fãs à loucura.

Para usar um jargão do mundo da música, dá para dizer que os cantores têm o lado B. João é veterinário. Frederico é agrônomo. Agora, eles estão começando uma parceria de sucesso também no setor da pecuária.

João Neto e Frederico nasceram em Goiânia e cantam desde a infância. A paixão pela música vem de família. Foi herdada dos avós e do pai, seu Gil Nunes.

O seu Gil formou uma dupla de seresta, que fazia shows pelo estado. Foi nessa época que o Frederico, com cinco anos de idade, decidiu que também queria cantar. “Comecei pedindo o nosso pai para ir nos shows dele, que ele fazia. E ele um dia deixou subir no palco lá e cantar com ele”, lembrou.

 

João Neto, dois anos mais velho que Frederico, teve que ser convencido a fazer dupla com o irmão. “Eu insisti com ele. Dizia: filho vamos cantar com papai aqui vocês dois juntos. E ele dizia: não pai, não quero não”, recorda seu Gil.

“Um dia meu pai estava em casa, numa reunião, a gente não lembra bem o que era, e diz: vem cá canta uma música. Eu fui cantar a música e já cantei de segunda, fazendo junto com o Fred. E meu pai ficou assim de boca aberta”, diz João Neto.

Assim a música entrou na vida dos meninos. Mas para decolar a carreira de artista foi preciso uma ajudinha de toda família.

"A gente fez até uma rifa de um boi para comprar um sonzinho pra gente começar a fazer shows”, conta João Neto.

Mas, por decisão do seu Gil, os meninos só se tornaram profissionais depois de concluírem os estudos. “A única coisa que pobre, na realidade, pode dar pra filho é educação. Então, eu não liberei meus meninos pra mexer com música porque eu tinha essa preocupação”, explica.

Assim que botou a mão no diploma, além de cantar, Frederico começou a compor. A primeira música foi ‘Pega Fogo, Cabaré’. O seu Gil não gostou nem um pouco dessa ideia. Mas, os meninos insistiram, gravaram e a música virou um enorme sucesso. Agora, sucesso mesmo fez a música ‘Le, Le, Le’.

Desde a infância, João Neto e Frederico tinham o sonho de criar gado nelore, assim como fazia o avô deles. A oportunidade surgiu meio por acaso, no consultório do pediatra que cuida do João Pedro e da Laura, filhos do João Neto, e das gêmeas Eloisa e Bárbara, filhas do Frederico.

“A gente na emergência teve que ir lá levar elas uma vez pra consultar e conhecemos os meninos lá”, diz Frederico.

Os meninos, no caso, são os médicos Humberto e Manuel Garrote, donos de uma fazenda que fica a poucos quilômetros de Goiânia. Eles também são criadores de nelore e só trabalham com genética de alta qualidade.

O plantel da fazenda tem cerca de 100 animais de elite. A maioria são vacas doadoras de material genético para a produção de embriões através de FIV, fertilização in vitro, repassados aos criadores através de um sistema de parceria.

A veterinária Márcia Carneiro, especialista em FIV, é a responsável pela coleta de oócitos, células reprodutivas da vaca usadas na fertilização. O material coletado na fazenda vai para o laboratório em Goiânia, onde os oócitos são selecionados e fertilizados com o sêmen do touro escolhido pelo criador. O embrião pronto é implantado no útero de uma vaca receptora.

Os embriões da parceria foram levados para receptoras na fazenda que a dupla comprou no ano passado. A propriedade fica no norte do estado, a cerca de 300 quilômetros de Goiânia.
A fazenda de João Neto e Frederico ainda está em fase de formação de pastagens, construção de casa e da estrutura necessária para alojar os animais de elite. O objetivo da dupla é primeiro formar um plantel de alta qualidade genética para, depois, criar e vender tourinhos. Os melhores animais nascidos das transferências foram levados para a Fazenda Garrote, onde são preparados para competições da raça nelore e leilões de elite.

Hoje, João Neto e Frederico correm para a fazenda sempre que têm uma folga. Mas, no dia-a-dia, enquanto fazem shows pelo país, seu Gil toma conta da propriedade. A parceria entre pai e filhos segue em perfeita harmonia na música, nos negócios e na vida.

Essa história de cidadãos urbanos que viram agricultores ou pecuaristas é mais comum do se pensa. Explicação não falta: campo é negócio, mas também é saúde, é alimento, é ar puro. Campo é beleza e natureza.