Por G1 ES


O trabalho do neto de aluguel na casa da dona Dora — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Paciência e conhecimento das novas tecnologias se tornaram grandes aliados do engenheiro civil Aloísio Melo, que ficou desempregado e precisou usar a criatividade para se recolocar no mercado e sair da crise. Ele virou o "neto de aluguel", acompanhando e auxiliando idosos quando a própria família não pode fazer.

Aloísio foi demitido após trabalhar 12 anos na mesma empresa. Foi quando ele começou a fazer serviços como motorista, por meio de um aplicativo, e percebeu que o público idoso é carente de acompanhamento.

"Um dia parei na casa de uma senhora para deixá-la, quando chegou uma outra senhora de idade pedindo para eu baixar o aplicativo no celular dela. Com boa vontade, expliquei tudo o que ela tinha que fazer e ela disse que eu levava jeito para isso. Ela contou que os filhos não tinham paciência para explicar as coisas de celular para ela, e foi aí que me veio a ideia", contou.

A aposentada Dora Dalmásio, de 66 anos, é uma das pessoas que contratou os serviços do "neto de aluguel". Para ela, montar uma tabela no computador era um bicho de sete cabeças.

"Eu já aprendi a criar uma planilha, preencher. Eu sempre falava com meu filho, mas ele não me ajudava. Um dia ele me deu um livro grosso sobre Excel, e é claro que eu não li, desisti. O serviço que o Aloísio oferece veio a calhar", opinou a aposentada.

O serviço do "neto de aluguel" começou a repercutir de forma positiva. "A ideia é mostrar que eu posso cumprir o papel de um neto, de um filho, que posso ajudar e ensinar esse público. O tempo de raciocínio deles é um pouco diferenciado, você tem que trabalhar no tempo daquela pessoa. A paciência virou minha grande aliada", falou.

"A gente é analógico. Essa galera que já nasceu na era digital é muito mais esperta nesse aspecto. Eu falo com os meus filhos e netos; me ensinem, não façam pra mim. Mas eles vão lá e fazem, e eu não aprendo", reclamou.

Transporte de idosos

Dona Lecyr sempre é acompanhada por Aloísio até as sessões de fisioterapia — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Outro serviço do "neto de aluguel" é o transporte de idosos. Mas o Aloísio não é um simples motorista, ele tem um diferencial.

"O diferencial do meu trabalho é que eu dou toda uma assistência para a família, pego a pessoa no local, levo até onde ela precisa e ainda acompanho no que ela for fazer. Pode ser uma consulta, fisioterapia, supermercado, shopping, passeio, e trago a pessoa de volta", explicou.

Uma das clientes é a pensionista Lecyr Costa, de 87 anos, que sempre vai às sessões de fisioterapia acompanhada de Aloísio. "Ele é sempre atencioso, fica conversando. Tem calma quando eu entro no carro, quando eu saio, porque às vezes a perna tá dura", contou a idosa.

Enquanto dona Lecyr faz a fisioterapia, Aloísio fica lendo na recepção, esperando até que ela saia para levá-la de volta para casa.

A nora da pensionista falou que o serviço do "neto de aluguel" é uma mão na roda. "Ficou mais fácil, porque ele é uma pessoa que eu posso contar, a gente vai criando uma relação de confiança", disse a professora Elizabeth Costa.

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