Por G1 Rio


Betinho morreu em 1997 — Foto: Reprodução/TV Globo

Esta quarta-feira (9) marca 20 anos da morte do sociólogo Herbert de Souza, idealizador do movimento Ação Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida. Passadas duas décadas, o Brasil ainda lembra com saudades do famoso “irmão do Henfil”, imortalizado nos versos e música de Aldir Blanc e João Bosco. A prova disso é que várias homenagens vão marcar a data nesta semana.

Uma dos eventos acontecerá na Coppe/UFRJ, organizado com o Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep). A homenagem, que contará com a participação do filósofo e teólogo Leonardo Boff, será realizada, às 12 horas, no auditório da Coppe, Bloco G, sala 122, Centro de Tecnologia (CT), Cidade Universitária.

Como parte da programação, após o debate serão lançados um site, com informações sobre a vida e a atuação de Betinho, e o Prêmio Betinho Imagens de Cidadania, que selecionará vídeos de até três minutos que celebrem os princípios da democracia. Também será inaugurado o Jardim da Cidadania, no Espaço de Convivência do Centro de Tecnologia da UFRJ, entre os blocos F e G. A cerimônia contará com a presença de Maria Nakano, esposa de Betinho.

Para finalizar o evento, o dançarino e instrutor Hugo Oliveira fará uma apresentação do Passinho, estilo de dança ao ritmo do funk criado nas comunidades cariocas. A apresentação será realizada em frente ao Espaço de Convivência do CT.

Arrecadação de alimentos para servidores e show

No sábado é a vez da homenagem promovida na própria ONG fundada por Betinho. O evento Ocup.Ação para lembrar 20 anos do falecimento do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. A entrada será 1 kg de alimento não perecível, que será destinado aos servidores e comitês da ONG.

A celebração tem como atrações o bandolinista Hamilton de Holanda, o grupo Afroreggae e a Companhia Aérea de Dança. Durante todo o dia, haverá oficinas, apresentações de circo e teatro, rodas de conversa, contação de histórias e a exibição dos filmes “Betinho – esperança equilibrista”, de Victor Lopes, e Histórias da Fome, de Camilo Tavares.

O diretor executivo da ONG, Kiko Afonso, reforçou que a prioridade dos alimentos é para arroz, feijão, macarrão, óleo e fubá, mas também ressaltou que leite em pó e pacotes de fraldas e produtos de higiene também podem ser opções. A ação acontecerá na sede da ONG na Avenida Barão de Tefé, 75, no bairro da Saúde.

Programação

11h às 15h - Oficinas de circo, contação de histórias, rodas de capoeira e de jongo, bloquinho Afroreggae, apresentações de dança, atividades recreativas infantis e muito mais.

16hs às 20h - Orquestra de cordas do Afroreggae, Cia Aérea de Dança, Show Grupo Origens, Oficina Batuque Omolukum, Oficina de Jongo , Samba e Dança Afro, Grupo Música antiga da UFF com Circo do Porto, Coletivos Culturais e Sociais em rodas de conversa e oficinas.

21h às 23h - Show de Hamilton de Holanda & convidados

Lutas pela democracia e contra a fome

Evento marcará 20 anos da morte de Herbert de Souza, o Betinho — Foto: Reprodução

Herbert de Souza militou em causas sociais desde sua adolescência, em Minas Gerais. Formou-se em Sociologia em 1962 e engajou-se na luta pelas reformas de base do governo João Goulart.

Betinho resistiu ao golpe de 1964 e à ditadura que se instalou no Brasil. Quando a repressão intensificou-se, partiu para o exílio em 1971. Morou no Chile, no Canadá e no México.

No fim dos anos 70, a volta de Betinho, o irmão do cartunista Henfil, virou marca da campanha pela anistia por causa da música “O bêbado e a equilibrista”, de Aldir Blanc e João Bosco. Betinho retornou ao Brasil em 79 e criou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) dois anos depois, junto com os companheiros de exílio Carlos Afonso e Marcos Arruda. O instituto viria a criar o primeiro provedor de acesso a internet aberto ao público não acadêmico e não governamental no Brasil, anos depois.

Na década de 1990, Betinho tornou-se símbolo de cidadania ao liderar a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, conhecida popularmente como a campanha contra a fome. Também participou, nos anos 80, da Campanha Nacional pela Reforma Agrária.

Em 1986, depois de saber que era portador do vírus HIV, Betinho ajudou a fundar a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia). Em 1992, fez parte do Movimento pela Ética na Política.

Hemofílico, Betinho morreu de complicações provocadas pela Aids em 9 de agosto de 1997. Em 2012, a história dele foi reconhecida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como parte importante da memória mundial.

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