Economia

Justiça Federal suspende atos para extinção de reserva na Amazônia

Decisão acolheu parcialmente ação popular contra decreto de Michel Temer
Rio Novo, na Floresta Nacional do Jamanxim, na Amazônia Foto: Antônio Scorza / AFP
Rio Novo, na Floresta Nacional do Jamanxim, na Amazônia Foto: Antônio Scorza / AFP

RIO - O juiz Rolando Spanholo, da 21ª Vara Federal de Brasília,  deferiu parcialmente liminar para suspender, imediatamente, todo e qualquer ato administrativo que vise a extinguir a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), que fica entre o Pará e o Amapá. No último dia 23, o Diário Oficial da União (DOU) publicou um decreto assinado pelo presidente Michel Temer extinguindo a reserva e liberando a área para exploração mineral. Na segunda-feira, o governo publicou um novo decreto, anulando o primeiro texto, mas mantendo a extinção da reserva no Norte do Brasil.

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O juiz Rolando Spanholo, da 21ª Vara Federal, suspendeu os eventuais atos administrativos que tenham base no decreto 9.142 ou qualquer medida sucessora do governo com o objetivo de extinguir a reserva, criada em 1984, ainda durante a ditadura militar. Na visão do magistrado, "não merece guarida a versão administrativa de que a extinção perpetrada da Renca não estaria sujeita aos ditames das regras que norteiam o nosso sistema de proteção ambiental".

A Advocacia-Geral da União (AGU) informou, nesta quarta-feira, que vai recorrer da decisão.

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"Em outras palavras, assiste razão ao autor popular quando sustenta que a supressão da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) somente será possível através de lei em sentido formal (...) que jamais foi editada pelo Congresso Nacional", escreveu o juiz.

A decisão do magistrado responde à ação popular proposta por Antônio Carlos Fernandes que questionou o decreto do presidente Michel Temer sobre a extinção da reserva — área localizada na divisa entre o Amapá e o Pará e preservada desde 1984. O pedido argumentava que a medida não teve autorização do Congresso, não explicitava "os reais propósitos" do Executivo e colocaria em risco a proteção do meio ambiente e das comunidades indígenas.

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O Ministério Público Federal do Amapá (MPF/AP) havia pedido, nesta terça-feira, a suspensão dos efeitos do novo decreto. Na segunda, o órgão já havia solicitado a suspensão do primeiro decreto sobre o tema, anunciado na semana passada. Após a solicitação do MPF, contudo, o governo revogou a medida, e editou um novo decreto , que manteve a extinção da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca).