Por G1 RS e RBS TV


Quarta-feira (15) foi marcada pelas manifestações no RS

Quarta-feira (15) foi marcada pelas manifestações no RS

Algumas escolas e universidades do Rio Grande do Sul não tiveram aula nesta quarta-feira (15). A suspensão das atividades é uma forma de protesto contra a decisão do governo federal de bloquear verbas das instituições de ensino federais. Veja abaixo manifestações realizadas pelo estado.

Em abril, o Ministério da Educação divulgou que todas as universidades e institutos federais teriam bloqueio de recursos. Em maio, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) informou sobre a suspensão da concessão de bolsas de mestrado e doutorado.

De acordo com o Ministério da Educação, o bloqueio é de 24,84% das chamadas despesas discricionárias — aquelas consideradas não obrigatórias, que incluem gastos como contas de água, luz, compra de material básico, contratação de terceirizados e realização de pesquisas. O valor total contingenciado, considerando todas as universidades, é de R$ 1,7 bilhão, ou 3,43% do orçamento completo — incluindo despesas obrigatórias.

Em 2019, as verbas discricionárias representam 13,83% do orçamento total das universidades. Os 86,17% restantes são as chamadas verbas obrigatórias, que não serão afetadas. Elas correspondem, por exemplo, aos pagamentos de salários de professores, funcionários e das aposentadorias e pensões.

Segundo o governo federal, a queda na arrecadação obrigou a contenção de recursos. O bloqueio poderá ser reavaliado posteriormente caso a arrecadação volte a subir. O contingenciamento, apenas com despesas não obrigatórias, é um mecanismo para retardar ou deixar de executar parte da peça orçamentária devido à insuficiência de receitas e já ocorreu em outros governos.

Porto Alegre

Protesto na Esquina Democrática, em Porto Alegre, contra bloqueio de verbas — Foto: Léo Saballa Jr./RBS TV

Na Capital, manifestantes se reuniram na Esquina Democrática, no Centro da cidade, para um protesto marcado para o fim da tarde contra o bloqueio no orçamento da educação. De acordo com a Brigada Militar, por volta das 16h30, cinco mil pessoas participavam do ato. Conforme os organizadores, eram 20 mil apoiadores.

Segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), que acompanha os protestos desde o fim da manhã, os manifestantes saíram em caminhada pela Borges de Medeiros, Rua Demétrio Ribeiro e Av. Loureiro da Silva até a UFRGS.

Manifestantes caminham em direção ao Túnel da Conceição, que foi bloqueado — Foto: Jonas Campos/RBS TV

Pela manhã, houve uma confusão entre manifestantes e a Brigada Militar, na Rua Sarmento Leite, em frente à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Conforme a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), um grupo bloqueou a via por cerca de meia hora. O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Luciano Moritz, informou que ocorreu uma "dispersão induzida". Foram utilizados gás lacrimogênio e bombas de efeito moral.

"Estavam manifestando, a Brigada Militar promovendo todo o apoio e segurança. Em dado momento, bloquearam a via, colocamos em prática o protocolo de desobstrução de vias, não obtivemos sucesso, e foi necessário então uma dispersão induzida para desobstruir a via e permitir que o coletivo pudesse ter trânsito", explica Moritz.

Na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), que fica na mesma rua, estudantes realizaram um abraço coletivo em volta da instituição.

Alunos deram 'abraço' na UFCSPA — Foto: Estêvão Pires/RBS TV

A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informou que ainda está contabilizando o número de escolas impactadas no estado. De 248 escolas de Porto Alegre, 44 estão paradas, 43 têm funcionamento parcial, e 63 têm operação normal.

Na UFRGS, a paralisação é parcial. A Faculdade de Educação (Faced), a Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico), Letras, Instituto de Artes, bibliotecas, Arquitetura, Agronomia e Hospital Veterinário pararam totalmente. Questionada, a instituição informou que não sabe quem realmente vai paralisar, por isso não consegue mensurar o possível impacto.

Já a PUCRS informou que "as atividades acadêmicas serão mantidas nesta quarta-feira. A universidade acompanha com atenção os movimentos em favor da educação e da ciência no país e reitera a relevante contribuição das Instituições de Ensino Superior Brasileiras na formação de recursos humanos, produção do conhecimento e desenvolvimento social".

Manifestantes carregam cartazes durante caminhada em Porto Alegre — Foto: Jonas Campos/RBS TV

A Unisinos relatou que "mantém sua conduta habitual de assegurar a normalidade e preservação de suas atividades acadêmicas, mas está atenta ao cenário atual de mobilização e aos temas que afetam à educação brasileira".

A UniRitter informou que "considera legítimo o direito de todo cidadão a fazer uma manifestação pacífica, mas informa que segue com as aulas mantidas para os alunos e professores que não aderirem ao movimento".

Estudantes mobilizados para iniciar caminhada rumo ao Centro de Porto Alegre para manifestação contra bloqueios na educação — Foto: Jonas Campos/RBS TV

Santa Maria

Alunos e professores bloqueiam entrada da UFSM — Foto: Juliano Castro/RBS TV

No município da Região Central, pelo menos 50 escolas municipais e estaduais amanheceram sem aulas.

Alunos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) realizam um bloqueio na entrada da instituição, na Avenida Roraima, desde as 7h. Participam do ato integrantes do Diretório Central de Estudantes (DCE), funcionários da instituição e professores. Há trânsito lento no local.

Rio Grande

Protestos contra bloqueio de recursos para a educação ocorrem em vários pontos de Rio Grande — Foto: Fábio Eberhardt/RBS TV

Alunos, professores e servidores da Universidade Federal de Rio Grande (FURG) e da instituição federal do município decidiram interromper as atividades nesta quarta. Na universidade, 12 mil estudantes estão sem aula.

A concentração dos grupos começou por volta das 7h. Pela manhã, manifestantes fizeram panfletagem no Centro da cidade e explicaram a motivação do ato para a população.

Por nota, a FURG informou que a mobilização em defesa das universidades e institutos federais é organizada por entidades de classe e pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). "A administração da universidade não tem como dimensionar o envolvimento de professores, estudantes e técnicos neste ato", explica.

A secretaria municipal de Educação avisou que 46 escolas pararam totalmente as atividades, 22 pararam parcialmente, e oito não pararam.

Uruguaiana

Em Uruguaiana. na Fronteira Oeste, manifestantes carregavam cartazes durante protesto — Foto: Reprodução/RBS TV

Em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, estudantes, professores e servidores da educação se uniram em um protesto contra o contingenciamento de verbas anunciado pelo governo federal. O ato começou por volta das 13h30 e seguiu até as 16h.

Integrantes do Instituto Federal Farroupilha, da Unipampa, de escolas estaduais e municipais, e do Cpers Sindicato participaram da mobilização, que começou no entroncamento das ruas Setembrino de Carvalho e Duque de Caxias e percorreu a cidade.

Os manifestantes carregavam balões, tinham os rostos pintados e seguravam cartazes com frases de repúdio.

Caxias do Sul

Uma escola amanheceu totalmente fechada em Caxias, mas 28 realizam mobilizações, segundo Cpers — Foto: RBS TV/Reprodução

Segundo o Cpers-Sindicato, 28 escolas participam da mobilização. Uma das maiores escolas da cidade, o Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza, que tem mais de mil alunos, amanheceu de portas fechadas. Esse é o único colégio da cidade que está totalmente fechado nesta manhã.

O Cpers-Sindicato e o Sindicato dos Professores do Ensino Privado do estado (Sinpro) convocaram na terça-feira (14) estudantes e educadores para as mobilizações devido os bloqueios de verbas na educação.

Panambi

Estudantes foram em caminhada até o Centro, onde há exposição de trabalhos — Foto: Gerson Muller/IFFAR

Lideranças do Grêmio Estudantil Farrapos do Vale se concentraram em frente ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFAR) para uma caminhada até a praça central do município, onde estão expostos alguns trabalhos produzidos pelos discentes de diversos cursos.

A intenção da atividade é demonstrar parte do trabalho realizado na instituição e também dialogar com a população sobre os efeitos do bloqueio orçamentário na educação. A atividade é organizada pelo Grêmio Estudantil e a adesão dos discentes é voluntária.

​A direção do Campus informou que as atividades letivas estão mantidas normalmente nestes dias.

Cruz Alta

Em Cruz Alta, serviços de saúde e escolas estão paralisados — Foto: Lahis Welter/RBS TV

Em Cruz Alta, no Noroeste do estado, das 20 escolas municipais de ensino fundamental, 18 estão paralisadas. Das 23 escolas municipais de educação infantil, apenas as turmas de pré-escola de uma instituição estão com aulas.

No município, o serviço de saúde também foi afetado. Das 21 unidades de Estratégia Saúde da Família (ESF) da cidade, nove estão totalmente paralisados, e cinco estão com atividades parciais. Os Centros Clínicos de Atendimento Psicológico (Caps) também foram afetados, dos três que têm na cidade, dois estão com paralisação parcial e um total.

Santo Ângelo e Santo Augusto

Alunos do IFFAR de Santo Augusto também fizeram um ato durante a manhã com um abraço simbólico no campus e uma aula na Praça Pompílio Silva — Foto: IFFAR/divulgação

Protestos também foram realizados em Santo Ângelo, onde dezenas de pessoas fizeram um ato em defesa do Instituto Federal Farroupilha. O grupo se reuniu na Praça Ricardo Leônidas Ribas.

Alunos do IFFAR de Santo Augusto também fizeram um ato durante a manhã com um abraço simbólico no campus e uma aula na Praça Pompílio Silva.

Santa Rosa

Na Região Noroeste, o ato reúne desde o começo da manhã professores, alunos e funcionários de escolas estaduais de dois núcleos do Cpers em Santa Rosa. Eles estão em frente ao Centro Cívico Cultural. Cerca de 40 colégios estaduais estão sem aulas na região. O protesto é contra a reforma da previdência, o corte de verbas para educação e devido o parcelamento dos salários.

O manifesto ganha apoio também dentro de algumas instituições da rede municipal que seguem com as aulas normalmente.

Pelotas

Estudantes e professores protestam em frente ao Mercado Público de Pelotas — Foto: Patrícia Porciuncula/RBS TV

No Sul do estado, em Pelotas, centrais sindicais, estudantes, professores e servidores da área da educação protestam na tarde desta quarta-feira em frente ao Mercado Central da cidade, no Largo Edmar Fetter.

De acordo com os organizadores, aproximadamente sete mil pessoas participam do ato na cidade contra o bloqueio no orçamento das universidades e institutos federais e a reforma da Previdência. A reportagem não conseguiu contato com a Brigada Militar.

"A faculdade de Odontologia, ela é responsável por metade dos atendimentos em saúde bucal da cidade de Pelotas. Com esse corte, vai ficar praticamente impossível, após agosto, que a gente compre os materiais de insumo, materiais para restauração e para tratamentos altamente especializados, que só a faculdade de Odontologia faz através dos seus estudantes", justifica o estudante universitário Victor Romero.

Aulas foram canceladas na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Instituto Federal De Educação, Ciência e Tecnologia Sul Rio Grandense (IFSul), na Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e em todas as escolas municipais e estaduais do município. Somente as escolas da rede privada mantiveram o dia letivo nesta quarta.

Manifestantes caminham pelas ruas de Pelotas — Foto: Luiza La-Rocca/RBS TV

Erechim

Manifestantes protestam com cartazes em Erechim — Foto: RBS TV

No Norte do estado, em Erechim, alunos e professores se reuniram na Praça dos Bombeiros, no Centro da cidade, onde fizeram um ato. De lá, com faixas e cartazes contrários aos cortes na educação, eles seguiram em caminhada pela principal avenida do município e se concentraram em frente à prefeitura municipal, onde ocorreu um aula pública.

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