Por Lorena Linhares*, Andrê Nascimento, Maria Romero e Kairo Amaral, G1 PI


Estudantes fazem manifestação contra bloqueio de recursos em Teresina

Estudantes fazem manifestação contra bloqueio de recursos em Teresina

Estudantes universitários e secundaristas de escolas públicas e particulares saíram em passeata pelas ruas do Centro de Teresina, em manifestação contra o bloqueio no orçamento da educação e contra a reforma da previdência. Protestos semelhantes ocorreram em outras cidades do Piauí, como Parnaíba, Cocal, Picos, Floriano, Pedro II, Corrente e Angical do Piauí.

O protesto iniciou na Praça Rio Branco e no cruzamento das ruas Ruy Barbosa e Areolino de Abreu. O trânsito de ônibus foi bloqueado na estação da Praça da Bandeira desde às 8h. Nem os manifestantes nem a Polícia Militar divulgou estimativa de público. A manifestação durou até às 11h30min.

Manifestação contra bloqueios na educação ocupou a Rua Areolino de Abreu, no Centro de Teresina — Foto: Murilo Lucena/ G1 PI

O grupo é formado por estudantes da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), Instituto Federal do Piauí (Ifpi), professores e servidores da educação básica e estudantes secundaristas de colégios estaduais do Centro de Teresina, como o Liceu Piauiense, e de escolas particulares.

Estudantes fazem manifestação contra bloqueios na educação em Teresina - Crédito: Laércio Caldas

Estudantes fazem manifestação contra bloqueios na educação em Teresina - Crédito: Laércio Caldas

“A manifestação é importante por que esses cortes vão abalar não só a educação superior, mas a educação básica em si. Querendo ou não, qualquer corte na universidade atrapalha o acesso das pessoas mais pobres na universidade, e também a permanência”, comentou a professora Jéssica Carvalho.

Depois de se concentrar na Praça Rio Branco, os manifestantes se dirigiram até a Rua Coelho Rodrigues e continuaram o protesto diante da Prefeitura de Teresina. A manifestação continuou, percorrendo ruas do Centro de Teresina.

Manifestação contra bloqueios na educação em frente ao Palácio do Karnak, sede do governo do Piauí, em Teresina — Foto: Lorena Linhares/ G1 PI

A passeata passou ainda pelo Palácio do Karnak, sede do governo estadual, e seguiu para a Avenida Frei Serafim. Além dos estudantes, diversas representações sindicais e entidades do movimento estudantil participam do protesto.

Manifestação bloqueou a Avenida Frei Serafim, no Centro de Teresina, nos dois sentidos — Foto: Lorena Linhares/ G1 PI

Protestos pelo Piauí

  • Cocal

Estudantes fazem manifestação contra bloqueio de recursos em Cocal

Estudantes fazem manifestação contra bloqueio de recursos em Cocal

Na cidade de Cocal, a 288 km de Teresina, um grupo formado por estudantes e professores do Instituto Federal do Piauí (Ifpi) realizou um protesto saindo da praça central da cidade e seguindo em direção ao sindicato dos professores do município, por volta de 9h30.

Maria dos Remédios Brito, diretora do campus do IFPI de Cocal informou que o local só deve manter o funcionamento até o mês de agosto, devido aos cortes que atingem o funcionamento da instituição.

Estudantes do Ifpi fizeram protesto contra bloqueio de recursos da educação em Cocal - Piauí — Foto: Maria Romero/ G1 PI

“Ao todo, um corte de 30% dos recursos nos impede de manter até mesmo a vigilância e a energia elétrica sendo pagas. Estamos nos manifestando hoje pedindo que o governo reveja esse corte. Somos o único instituto da região com cursos de graduação e pós-graduação, além de cursos técnicos e pesquisas importantíssimas para o município”, explicou a diretora.

  • Parnaíba

Estudantes fazem manifestação contra bloqueio de recursos em Parnaíba

Estudantes fazem manifestação contra bloqueio de recursos em Parnaíba

Na cidade de Parnaíba, a concentração da manifestação aconteceu em frente a Universidade Federal do Delta do Parnaíba. Além de serem contra os cortes, os manifestantes também se posicionaram contra a reforma da previdência.

Com faixas e cartazes, os manifestantes seguiram pela São Sebastião, a principal avenida de Parnaíba, em direção ao centro da cidade. Carros e motos também participaram em uma carreata. A caminhada se encerrou na Praça da Graça, no Centro de Parnaíba.

Estudantes fizeram uma passeata em protesto contra o bloqueio de recursos da educação em Parnaíba- PI — Foto: Kairo Amaral/ TV Clube

Além de estudantes, professores de universidades e sindicalistas, o movimento em Parnaíba também teve a participação de professores da rede municipal de ensino que afirmam temer novos cortes do governo na área da educação básica.

  • Angical do Piauí

Estudantes fazem manifestação contra bloqueio de recursos em Angical

Estudantes fazem manifestação contra bloqueio de recursos em Angical

Estudantes do Ifpi em Angical se reuniram por volta das 8h30min desta quarta-feira (15) diante da sede do campus e fizeram uma caminhada até a praça do centro da cidade. Na praça, estudantes de escolas municipais e estaduais se uniram ao grupo. O protesto se encerrou por volta das 11h.

O professor Robson Borges, do curso de informática, disse ao G1 que o bloqueio de recursos ameaça a oferta de aulas do Ifpi. "Com esse corte o orçamento só vai até setembro", disse.

Estudantes do campus do IFPI em Angical do Piauí fizeram passeata até o centro da cidade. — Foto: Reprodução

O professor comentou ainda que o bloqueio deve impactar ainda a economia da cidade. "Com as demissões que podem ocorrer de terceirizados e cortes de bolsas, muito dinheiro vai deixar de ser movimentado na cidade".

Contingenciamento de recursos

Em abril, o Ministério da Educação divulgou que todas as universidades e institutos federais teriam bloqueio de recursos. Em maio, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) informou sobre a suspensão da concessão de bolsas de mestrado e doutorado.

De acordo com o Ministério da Educação, o bloqueio é de 24,84% das chamadas despesas discricionárias — aquelas consideradas não obrigatórias, que incluem gastos como contas de água, luz, compra de material básico, contratação de terceirizados e realização de pesquisas. O valor total contingenciado, considerando todas as universidades, é de R$ 1,7 bilhão, ou 3,43% do orçamento completo — incluindo despesas obrigatórias.

Em 2019, as verbas discricionárias representam 13,83% do orçamento total das universidades. Os 86,17% restantes são as chamadas verbas obrigatórias, que não serão afetadas. Elas correspondem, por exemplo, aos pagamentos de salários de professores, funcionários e das aposentadorias e pensões.

Segundo o governo federal, a queda na arrecadação obrigou a contenção de recursos. O bloqueio poderá ser reavaliado posteriormente caso a arrecadação volte a subir. O contingenciamento, apenas com despesas não obrigatórias, é um mecanismo para retardar ou deixar de executar parte da peça orçamentária devido à insuficiência de receitas e já ocorreu em outros governos.

*Lorena Linhares, estagiária sob orientação de Andrê Nascimento.

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