Por Marina Pinhoni, G1 SP


Atendimentos na Cracolândia passam de 40 mil, em 2016, para 56 mil, em 2018

Atendimentos na Cracolândia passam de 40 mil, em 2016, para 56 mil, em 2018

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), lançou nesta segunda-feira (20) a segunda fase do Programa Redenção, que prevê 300 bolsas de trabalho de R$ 698 a usuários de drogas na Cracolândia.

Segundo a Prefeitura, os inscritos receberão capacitação profissional e deverão cumprir uma carga de quatro horas diárias e 20 horas semanais.

As bolsas já foram oferecidas no Programa Braços Abertos, criado pela gestão de Fernando Haddad (PT). O modelo foi criticado por opositores, entre eles o sucessor de Haddad e agora governador, João Doria (PSDB), que consideravam que o dinheiro poderia financiar o vício.

Segundo Covas, a justificativa para a volta da bolsa é que ela será oferecida apenas para quem já estiver na fase final do tratamento.

"Na gestão anterior [Haddad] a bolsa era vista como parte do tratamento. Agora a gente vê como uma ação já na fase de reinserção na vida social. Antes era vista como uma 'bolsa droga', agora é uma porta de saída", disse.

Investimento

Praça Princesa Isabel, no Centro de SP, neste sábado (27), tomada por usuários de crack após ação da Cracolândia — Foto: Paulo Toledo Piza/G1

A nova fase do Redenção prevê investimento de R$ 276,1 milhões em ações de prevenção, atendimento e reinserção social de usuários de drogas até 2020.

De acordo com a Prefeitura, a novidade será a criação do Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (Siat), que oferecerá ações em três etapas: abordagem, acolhida temporária e profissionalização.

Também criticada pela gestão de João Doria, a abordagem de Redução de Danos, implantada por Haddad no Programa Braços Abertos, está prevista para continuar na nova fase do Redenção.

O foco é internações voluntárias, que não forcem a abstinência imediata em todos os casos. "A abstinência é um tipo de tratamento, mas há outros disponíveis para cada caso específico", disse Covas.

Nova lei

O prefeito também assinou nesta segunda-feira uma lei que institui a Política Municipal Sobre Álcool e Outras Drogas, após discussão do texto em audiências públicas na Câmara Municipal.

"Se trata de um problema crônico de saúde pública, que não se resolve da noite para o dia. É necessária uma política de médio e longo prazo para que a cidade possa enfrentar esse tema", afirmou Bruno Covas.

A Cracolândia paulistana existe há 25 anos e, inicialmente restrita à região da Nova Luz, hoje está diluída no Centro histórico de São Paulo. Gestões diferentes já tentaram resolver o problema do consumo de drogas, sem sucesso.

Balanço da primeira fase

O programa Redenção foi implantado em maio 2017 pelo então prefeito João Doria. Além de ações de assistência, ele foi acompanhado de uma série de operações policiais que terminaram por dispersar os usuários de crack. Na época, Doria chegou a dizer que a Cracolândia tinha acabado.

Bruno Covas afirma que as ações não acabaram com a Cracolândia, mas fizeram com que a Prefeitura pudesse voltar a prestar assistência no local.

"Com a ação desenvolvida em 2017, nós pudemos comemorar o fim de áreas controladas pelo tráfico. O poder público era impedido de entrar em algumas áreas da Cracolândia até mesmo para fazer a coleta de lixo. Tínhamos no fluxo algo em torno de 4 mil pessoas por dia e hoje temos algo em torno de 400 durante o dia e 1.500 durante a noite", disse o prefeito.

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