Por Jornal Nacional


Documentos suíços reforçam suspeita de caixa dois na campanha de Serra

Documentos suíços reforçam suspeita de caixa dois na campanha de Serra

O governo da Suíça enviou à Procuradoria-Geral da República documentos que reforçam suspeitas de caixa dois na campanha do senador José Serra, do PSDB, ao governo de São Paulo, em 2006.

Um dos documentos é um e-mail de novembro de 2007. Nele, a filha de José Serra, Verônica Allende Serra, autoriza a substituição do administrador de uma conta do banco suíço Arner: a conta Firenze 3026.

Essa conta, segundo os documentos enviados pelo governo suíço, pertencia a uma offshore do Panamá, a Dormunt International Inc. Quando a conta foi criada, Verônica Serra recebeu uma procuração para gerenciar os recursos.

O passaporte dela está entre os documentos vinculados à conta.

Um dos delatores da Odebrecht, Pedro Novis, que já ocupou a presidência da empresa, detalhou os repasses a José Serra. As doações ilegais teriam sido feitas quando Serra deixou a Prefeitura de São Paulo para concorrer ao governo do estado.

“Em 2006 e 2007 foram doados R$ 4,5 milhões, valores históricos, e correspondiam a 1,6 milhão de euros para a campanha de José Serra ao governo estado. Em 2006, era a própria campanha e, em 2007, uma nova solicitação que ele fez para quitar dívidas da campanha. Os pagamentos foram realizados entre junho e dezembro de 2006 e entre julho e outubro de 2007 por meio de depósitos em contas correntes bancárias no exterior”, disse Pedro Novis.

Este documento foi entregue pela Odebrecht. Registra justamente a transferência entre uma empresa offshore, usada pela empreiteira para pagamentos no exterior, e a Circle Tecnical Company Inc., no valor de 46.971,17 euros.

A Circle aparece nos documentos anexados pela Procuradoria-Geral da República. Um registro de transferência no valor de 250 mil euros feita pela empresa está no extrato da conta Firenze do banco suíço Arner, a mesma que Verônica Serra tinha procuração para gerenciar.

Os documentos chegaram ao Brasil no fim de julho e, segundo a procuradora Raquel Dodge, abrem espaço para que as investigações sobre a suspeita de caixa dois continuem. O inquérito sobre o senador José Serra está no STF, mas Raquel Dodge quer que vá para a Justiça Federal de São Paulo porque não tem relação com o mandato dele de senador.

O senador José Serra declarou que rejeita a possibilidade de haver qualquer ilegalidade envolvendo o nome da filha; que jamais recebeu vantagem indevida ao longo da carreira política; e que espera que o caso seja esclarecido para evitar que prosperem acusações falsas.

Verônica Serra declarou que não faria comentários por não ter ciência dos documentos e dos pretensos fatos, mas que considera injustiça e equívoco a menção ao nome dela.

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