• por Bianca Alves
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INTEGRAÇÃO | No projeto do escritório GAM Arquitetos, a integração é chave. A área comum, antes dividida em quatro ambientes foi transformada em uma única região que acomoda diferentes funções, mas sempre com muita interação (Foto: Rodrigo Melo/ Divulgação)

No projeto do escritório GAM Arquitetos, a integração é a chave. A área comum, antes dividida em quatro ambientes foi transformada em uma única região que acomoda diferentes funções, mas sempre com muita interação (Foto: Rodrigo Melo/ Divulgação)

Viradas de década, geralmente, marcam uma transformação ligeira de cenários. Não é a toa que ao falar dos anos 1950, 1960, 1970 e 1980, imagens muito distintas se formam na mente. Apesar de acontecer de forma orgânica, o sucesso de determinadas tendências forma retratos da vida em um determinado período. Para você já imaginar como será a foto do ano de 2020, convocamos arquitetos e designers de interirores para explicar quais tendências de decoração e arquitetura vão bombar nos próximos meses ou até anos.

1. Ambientes monocromáticos 
Escolha uma cor e desmembre-a em vários tons. Essa técnica estará com tudo em 2020, segundo o arquiteto Edgar Sacchi. "Além de moderno, o efeito monocromático tem um quê de fantasioso e surreal que garante uma atmosfera fora dos padrões e cheia de estilo".

Morar- Atitude rosa (Foto: Carol Spercel / Editora Globo)

O rosa predomina no living, com paredes, poltronas, cadeiras e até o teto na mesma cor (Foto: Carol Spercel / Editora Globo)

2. Mix de estampas geométricas e colagens nas paredes
"As formas geométricas estão presentes na arquitetura há décadas nos tapetes, sofás e revestimentos. Mas em 2020, o mix de formas geométricas retorna com cores e estampas mais ousadas, atingindo um público menos conservador", aponta Edgar. Vale apostar em azulejos estampados e até em jogos entre os móveis. "O mesmo acontece com as colagens, que aplicadas de forma harmoniosa, tornam o ambiente mais ousado e sofisticado",  completa o arquiteto.

COPA | Mesa de refeições Maria Redonda, assinada pelo Estudiobola, da Way Design, cadeiras Masters, assinada por Phillippe Starck para a Kartell, da Novo Ambiente, revestimento da parede ao fundo modelo Bambu, da JHenrique azulejos, pendente Beijo, assina (Foto: Juliano Colodeti/ MCA Estúdio/ Divulgação)

Mesa de refeições Maria Redonda, assinada pelo Estudiobola, da Way Design, cadeiras Masters, assinada por Phillippe Starck para a Kartell, da Novo Ambiente, revestimento da parede ao fundo modelo Bambu, da JHenrique Azulejos (Foto: Juliano Colodeti/ MCA Estúdio/ Divulgação)

3. Azulejos coloridos
Ainda dentro da tendência geométrica, os azulejos se tornarm protegonistas do décor. 
"Os azulejos geométricos podem ser usados com mescla de estilo. Para um ambiente com o estilo moderno, podemos aplicar de forma harmoniosa azulejos retrô em áreas específicas, como uma única parede, acima da bancada da pia ou até mesmo em uma faixa no piso, sem agredir o estilo predominante", aconselha Edgar.

BANHEIRO INFANTIL | Marcenaria desenhada pelo Studio 3.7 e executada pela Marcenaria Silva Suzuki, revestimento Lurca Azulejos, box Millennium Vidros e banheira e nicho Mont Blanc Mármores, roupa de cama Zara Home, produção Dpot (Foto: Gisele Rampazzo/ Divulgação)

No banheiro infantil, marcenaria desenhada pelo Studio 3.7 e executada pela Marcenaria Silva Suzuki, revestimento Lurca Azulejos, box Millennium Vidros e banheira e nicho Mont Blanc Mármores (Foto: Gisele Rampazzo/ Divulgação)

3. Baixa do minimalismo
O "menos é mais" tem saído de cena cada vez mais. Ainda que seja difícil eliminá-lo do panorama decorativo, devido a sua versatilidade, o minimalismo tem dado lugar a peças com maior personalidade e menos regras."Hoje, estamos usando na decoração o estilo moderno e contemporâneo, captando sempre o estilo e o perfil do cliente, trazendo mais personalidade. A ideia é brincar com uma cor que o cliente gosta, trazer referências de viagens, do livro preferido, da comida", afirma a designer de interiores Giseli Koraicho, da Infinity Spaces. Ela também destaca que isso dá mais exclusividade ao projeto e acaba indo contra ao minimalismo sóbrio.

"O estilo minimalista faz as pessoas seguirem regras: poucos móveis, linhas retas, poucos objetos, as cores sóbrias... Hoje, as pessoas querem adaptar os espaços a elas, já que descobriram e entenderam que não precisam ser refém de um estilo", concorda Erika Mello, arquiteta que comanda o escritório Andrade & Mello Arquitetura, junto ao sócio, o arquiteto Renato Andrade.

A estante funciona como uma biblioteca e os livros colorem a decoração (Foto: Indecora/ Reprodução)

Estilo pessoal: estante funciona como uma biblioteca e os livros colorem a decoração (Foto: Indecora/ Reprodução)

4. Maximalismo
"Ele voltou pra ficar. O maximalismo na decoração significa uma explosão de combinações e carrega muita ousadia e singularidade em seu design, por isso vem fazendo tanto sucesso", conta a designer de interiores da Infinity Spaces. Porém, não se pode deixar levar pela aval para deixar o ambiente mais carregado. "É necessário ter um consenso e cuidados básicos, como sempre pensar na circulação, na organização e se a disposição faz sentindo", alerta Giseli.

Os profissionais do escritório Andrade & Mello Arquitetura concordam com a volta do estilo, porém não acreditam que ele entra para substituir seu antagonista, o minimalismo. "Tudo é uma questão da composição do espaço e tem muita relação à personalidade da pessoa. No nosso ponto de vista, ainda que seja trabalhado cores e contrastes com paletas diferentes, é necessário ter um lado artístico e mais apurado para conseguir fazer isso sem que fique extravagante", opina Erika.

"Se existe, eu coleciono" - casa em Tiradentes (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

A cozinha tem pia e torneira que vieram dos Estados Unidos. Nas prateleiras superiores, coleção de peças de cobre. Sob a bancada da pia, cortina feita com panos de prato da Williams Sonoma — presente da madrinha de morador (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

5. Estilo hipster
Para Isadora Araújo, arquiteta do Panapaná Estúdio de Projetos, o estilo é definido como um "maximalismo mais contido". Segundo a profissional, o movimento hipster está na preferência por marcas autorais, brechós e feirinhas. Entram, então, no jogo da decoração malas vintage, terrários, crochês, bicicletas na parede, mesas e estantes de livros, efeitos de pintura nas paredes, cadeiras de balanço, letreiros em neon e carrinhos de chá.

No alto, os antigos vidros de laboratório são de uma fábrica no Brás, e os coolers em formato de abacaxi vintage trazem charme ao espaço (Foto: Lufe Gomes / Editora Globo)

No alto, os antigos vidros de laboratório são de uma fábrica no Brás, e os coolers em formato de abacaxi vintage trazem charme ao espaço (Foto: Lufe Gomes / Editora Globo)

6. Artesanato
Fazendo coro como o estilo hipster e com o maximalismo, é a vez do artesanato. "Quando trabalhamos com itens mais orgânicos ou que se afastam das coisas mecanizadas e industrializadas, de certa forma nos aproximamos do maximalismo", explica Erika.  "Quando voltamos para as cestarias, começamos a dar valor para essas coisas feitas à mão", completa.

Sala | O morador expõe bichos de madeira e serigrafias do artesanato brasileiro na estante de madeira, criada pelos arquitetos e fixada na parede com cimento. Poltrona da Tok & Stok. Bancos da Arte e Ofício. Tapete da Leroy Merlin (Foto: Joana França/Divulgação)

O morador expõe bichos de madeira e serigrafias do artesanato brasileiro na estante de madeira, criada pelos arquitetos e fixada na parede com cimento. Poltrona da Tok & Stok. Bancos da Arte e Ofício. Tapete da Leroy Merlin (Foto: Joana França/Divulgação)

7. Mobiliário curvo
Típicos da decoração midcentury, os mobiliários curvos vieram para dar um formato mais orgânico às peças decorativas. Porém, para aplicar essa tendência, é preciso de cuidado com a proporção. "O mobiliário com formas orgânicas se torna mais arriscado porque, além do design mais ousado, ele ocupa mais o espaço do que um móvel com linhas retas. A dica para quem tem espaço limitado é investir em itens com dimensões menores e que não interfiram na circulação, como mesa de centro, poltrona, luminárias ou esculturas", detalha Edgar.

Relax. O sofá curvo onde Duddu lê foi herdado da irmã de Sérgio, de décadas passadas. Na parede, quadro de Guilherme Dable, e, à dir., luminária adquirida na Casiere Interiores sobre mesa desenhada por Sandro Clemes (Foto: Mariana Boro / Editora Globo)

O sofá curvo onde Duddu lê foi herdado, de décadas passadas. Na parede, quadro de Guilherme Dable, e, à dir., luminária adquirida na Casiere Interiores sobre mesa desenhada por Sandro Clemes (Foto: Mariana Boro / Editora Globo)

8. Design Sustentável
"Este ano será marcado pela saída do convencional e entrada de uma decoração criativa, alegre e, sobretudo, sustentável. Também acredito que a decoração empregará, cada vez mais, materiais naturais como pedra, bambu, madeira, barro, cerâmica, palha e vime", detalha Giseli. Ela afirma que está cada vez mais comum encontrar tetos com revestimentos de madeira e móveis que utilizam materiais reciclados. 

Quintal. As espreguiçadeiras da Greenhouse ganharam uma moldura natural criada pela composição de tumbérgia com bela-emília. Piscina de pedra Hijau, da Palimanan (Foto: Alessandro Guimarães / Divulgação)

As espreguiçadeiras da Greenhouse ganharam uma moldura natural criada pela composição de tumbérgia com bela-emília. Piscina de pedra Hijau, da Palimanan (Foto: Alessandro Guimarães / Divulgação)

9. Visual criativo e design sensorial
"Quanto mais inovador, melhor, seja na escolha de um material, um tom inusitado, uma mistura incomum, um uso fora do convencional", destaca Giseli. Edgar concorda e ainda destaca que a criatividade na seleção dos itens para casa passam a ter caráter sensorial, para estimular os sentidos dentro de casa. Isso vale para texturas, acabamentos, aromatizações, truques de iluminação e uso das cores, que são responsáveis por trazer personalidade.

A sinestesia na arquitetura e decoração também usa a tecnologia sob um viés bastante afetivo, gerando uma atmosfera que mescla modernidade com elementos da natureza e estética retrô. Além disso, a brincadeira entre brilhos e outros detalhes estimulam o tato e outros elementos como a acústica, com o uso de vitrolas, são utilizados para jogar com a audição.

Projeto do Estúdio Penha, o banheiro tem ladrilhos táteis, da Ladrilar, evocando o universo sensorial (Foto: Edu Castello / Editora Globo)

Projeto do Estúdio Penha, o banheiro tem ladrilhos táteis, da Ladrilar, evocando o universo sensorial (Foto: Edu Castello / Editora Globo)

10. Design Thinking
Muito além de definir um estilo, há uma tendência que veio para ficar. Longe dos certos e errados, está na hora de pensar na casa ideal para cada tipo de morador. "Tem uma diferença muito grande entre fazer arquitetura se preocupando com o estilo e fazer uma arquitetura para quem vai fazer o uso dela", destaca Renato. Ele aponta que, muitas vezes, o arquiteto, ao se render a um pedido do morador, mesmo que não seja "ideal" para o projeto, vai muito além do ato de ceder. "Não estamos preocupados mais com o estilo, mas sim com quem vai fazer o uso dele", completa. 

MORADORES | O casal, que ganhou um bebê durante o finalzinho da obra, vive com o Golden Retriever, que é o xodó da casa. A presença do pet fez com que o arquiteto pensasse em revestimentos práticos e de fácil limpeza (Foto: Evelyn Muller/ Divulgação)

O casal, que ganhou um bebê durante o finalzinho da obra, vive com o Golden Retriever, que é o xodó da casa. A presença do pet fez com que o arquiteto pensasse em revestimentos práticos e de fácil limpeza (Foto: Evelyn Muller/ Divulgação)

11.  Estilo americano
Talvez pela praticidade ou por gerar uma sensação mais íntima entre os moradores da casa, a integração do estilo americano veio para ficar. "Entra a bancada como mesa, servindo de ilha para o fogão, pia ou somente um apoio. Nesse estilo, as cores que mais recebem destaque nesse estilo são: branco, tons pastel e o cinza claro. A madeira, por sua vez, possui um papel muito importante na decoração, com bastante destaque no piso e nos móveis", explica a arquiteta.

Pensada pelo arquiteto Daniel Bolson, a ilha com mesma altura para cozinhar e sentar permite uma área maior de trabalho e elimina separações criadas por diferentes níveis  (Foto: Cristiano Bauce/Divulgação)

Pensada pelo arquiteto Daniel Bolson, a ilha com mesma altura para cozinhar e sentar permite uma área maior de trabalho e elimina separações criadas por diferentes níveis (Foto: Cristiano Bauce/Divulgação)

12. Tropicalismo
O bem-estar como base para decorar e projetar trouxe de volta o contato com a natureza que, não precisa, necessariamente, estar presente em vasos e canteiros. "O estilo tropical acompanha a alta das 'selvas urbanas'. Papéis de parede com temáticas tropicais, paleta alegre de cores e repleta de tons diferentes, muitas plantas e elementos com brasilidade são alguns exemplos", diz Isadora.

Não sabe o que fazer com retalhos de tecido? Um painel estampado pode ser uma solução. Forre placas de madeira e encaixe na parede. Folhagens e flores ficam bem juntas. Para quebrar o clima tropical, aposte em listras. Produção de Mario Mantovanni (Foto: Cacá Bratke/Casa e Jardim)

Não sabe o que fazer com retalhos de tecido? Um painel estampado pode ser uma solução. Forre placas de madeira e encaixe na parede. Folhagens e flores ficam bem juntas. Para quebrar o clima tropical, aposte em listras. Produção de Mario Mantovanni (Foto: Cacá Bratke/Casa e Jardim)