Por G1 Rio


"Falta de consciência da classe política brasileira", diz vice-diretor do Museu Nacional

"Falta de consciência da classe política brasileira", diz vice-diretor do Museu Nacional

O diretor-adjunto do Museu Nacional, Luiz Fernando Dias Duarte, disse em entrevista à GloboNews que houve um "descaso" de vários governos com o museu, que foi destruído por um incêndio neste domingo (2). Segundo ele, há anos a instituição tenta verba para uma reestruturação.

"Passamos por uma dificuldade imensa para a obtenção desses recursos. Agora todo mundo se coloca solidário. Nunca tivemos um apoio eficiente e urgente para esse projeto de adequação do palácio. Para retirar a administração, arquivo e centro acadêmico do palácio."

O diretor-adjunto disse ainda que nada vai sobrar e que o palácio está completamente destruído.

"O arquivo histórico do museu, de 200 anos de história do país, foi totalmente destruído", disse Dias Duarte.

Grande parte do Museu Nacional destruída pelas chamas — Foto: Reprodução/TV Globo

A destruição atinge acervos históricos e científicos obtidos boa parte na época do império. O incêndio destruiu, de acordo com Dias Duarte:

  • Toda a coleção da Imperatriz Teresa Cristina
  • Afrescos de Pompeia
  • Trono do Rei de Maomé
  • Acervos linguísticos

"Tudo isso traz junto a destruição das carreiras de cerca de 90 pesquisadores que dedicavam a sua vida profissional dentro daquele espaço. Todo o arquivo histórico, que estava armazenado em um ponto intermediário do prédio, foi destruído. São 200 anos de história que se foram", lamentou Luiz Fernando Dias Duarte.

Liberação de dinheiro pelo BNDES

A direção do Museu Nacional havia garantido, em junho, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) o investimento de R$ 21 milhões para a revitalização do prédio histórico, seu acervo e espaços de exposição.

Na negociação com o BNDES, já estava definido que uma parcela do dinheirio seria liberada para garantir que a direção do Museu Nacional viabilizasse a retirada do prédio histórico do acervo que contém produtos inflamáveis. São animais mantidos em frascos com álcool e formol.

De acordo com Luiz Fernando Dias Duarte, parte deste acervo inflamável já havia sido retirado, mas outra parte ainda estava no interior do museu. A ideia era ter um lugar para armazenar esse material até que o prédio fosse reformado.

"Acabamos de passar por um treinamento de incêndio com todos os funcionários e alunos da instituição. Cuidaríamos da instalação de extintores, remodelação e modernização do prédio. Sobre a transferência destes produtos, parte foi retirada de lá e parte estava lá guardada", contou Dias Duarte.

Diretor-adjunto do Museu Nacional, Dias Duarte contou que a liberação total da verba, para a revitalização do prédio, aconteceria apenas após as eleições. A decisão foi tomada na reunião entre a direção do museu e representantes do banco para evitar sanções previstas na Lei Eleitoral.

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