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MP pede saída de Eurico Miranda da presidência do Vasco

Dirigente é acusado de contratar membros de organizada e acobertar crimes
Eurico Miranda pode ter mandato cassado Foto: Antônio Scorza
Eurico Miranda pode ter mandato cassado Foto: Antônio Scorza

O Ministério Público do Rio de Janeiro pediu o afastamento de Eurico Miranda da presidência do Vasco. O órgão acusa o mandatário de contratar integrantes de torcidas organizadas como seguranças em São Januário e de acobertar crimes praticados por membros dessas facções.

A informação foi divulgada pelo "Bom Dia Brasil", da "TV Globo", que teve acesso à denúncia apresentada pelo Juizado do Torcedor. Na ação, promotores afirmam que o Vasco descumpre itens do Estatuto do Torcedor contra a violência no futebol ao proteger as organizadas. Baseado no artigo 37, o MP pede também o afastamento de outros membros da diretoria, como o vice-presidente Silvio Aquiles Hildebrando Godoi, além do pagamento de uma multa de R$ 500 mil por danos morais coletivos.

A ação se baseia em relatórios do Grupo Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) sobre o clássico contra o Flamengo, em 8 de julho, quando São Januário foi palco de cenas de violência após o apito final. Segundo o MP-RJ, um integrante da Força Jovem, Sidnei da Silva Andrade, conhecido como "Tindô", foi contratado pelo clube para trabalhar como segurança particular na partida. Identificado com um crachá do Vasco e colete refletivo, ele ficou responsável por controlar a principal entrada de organizadas do clube, o que teria permitido a confusão generalizada que se deu ao fim dos 90 minutos.

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Por conta do episódio, São Januário chegou a ser interditado. À época, Eurico Miranda alegou que o tumulto havia sido arquitetado por seus opositores. No sábado passado, o clube já enfrentou o Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro, em seu campo, porém sem a presença da torcida.

Para o MP, os episódios de violência no estádio são estimulados pelo apoio do clube a organizadas como a Força Jovem, proibida desde 2014 de comparecer a qualquer arena esportiva, que seria dona de um camarote em São Januário. A confusão teria resultado inclusive na morte do torcedor vascaíno David Rocha Lopes, de 27 anos, baleado no tórax nas imediações do estádio após o clássico.

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A ação indica ainda que o clube mantém, em seu quadro de funcionários, outro integrante da Força Jovem. Rodrigo Granja dos Santos, conhecido como "Batata", atua como segurança particular. O próprio torcedor confirmou o vínculo em depoimento prestado ao Juizado do Torcedor. Sua presença em São Januário é ratificada por fotos obtidas durante a investigação.

Eurico Miranda afirmou, via assessoria de imprensa, que a denúncia é "absurda" e motivada por interesses pessoais. Garantiu ainda que irá prestar esclarecimentos. Já a Força Jovem, maior organizada cruz-maltina, disse que não tem vínculo com o clube e negou que seja dona de camarote no estádio.