Ação com tropas federais teve mais anúncios do que resultados no Rio
Foram muitas as promessas das autoridades federais e estaduais para um efetivo combate à violência no Rio de Janeiro. Mas, há meses, o estado tem sofrido com a atuação desenfreada de criminosos.
A eclosão do confronto nesta sexta-feira (22) na Favela da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul, é mais um capítulo de uma tragédia diária já conhecida da população fluminense.
Em maio, por exemplo, nove ônibus e dois caminhões foram incendiados em importantes vias do estado; atos que foram realizados a mando de traficantes. Em resposta, na época, o então ministro da Justiça, Osmar Serraglio, disse que o governo federal iria "exteriorizar" uma conduta contra os ataques.
Já o secretário de Segurança fluminense, Roberto Sá, afirmou que aceitaria a ajuda de tropas federais porque "haveria demanda para isso". E o reforço veio com a oferta de 300 homens da Força Nacional, o que representa menos de 1% do efetivo da Polícia Militar do estado.
Não houve melhora. Os problemas crônicos de violência seguiram. Com o estado falido, não havia nem como o governo pagar pela manutenção de viaturas da PM, ou mesmo combustível. Passados dois meses, em julho deste ano, um novo encontro entre o governador Luiz Fernando Pezão e do presidente Michel Temer resultou em mais uma promessa de ação coordenada.
"Não há notícias bombásticas, pirotécnicas, não é isso o que nós buscamos. Nós estamos trabalhando e continunando na aplicação de um plano nacional de segurança pública", disse o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen.
No mesmo dia, Pezão anunciou como novidade o reforço da Força Nacional, que já estava previsto. O governador, no entanto, disse a jornalistas que "não sabia" dos militares. Em seguida, no fim do mesmo mês, foi a vez de Temer defender a atuação das tropas federais no estado.
"A primeira conclusão que se teve é que já diminuiu nesses dois, três dias, enormemente, o número de criminalidade. Especialmente no tópico do roubo de cargas", comemorou o presidente. Naquele mês, um decreto de Garantia da Lei e da Ordem assinado por Temer autorizou a ida para as ruas do estado 10 mil homens das Forças Armadas.
O resultado foram quatro grandes operações, mas nenhum chefe do tráfico foi preso e poucas armas foram apreendidas. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, reafirmou que não desistiria de enfrentar a criminalidade no estado.
Há dois dias, Pezão afirmou que não seria necessário o uso das Forças Armadas durante o conflito iminente na Rocinha. Em seguida, a Secretaria de Estado de Segurança mostrou uma mudança no entendimento e pediu que militares patrulhassem 103 pontos considerados críticos na Região Metropolitana do Rio.
Raul Jungmann, a princípio, disse que negaria o pedido. Mas nesta quinta-feira (21), o ministro afirmou que iria esperar o pedido oficial do governador para decidir. O "telefone sem fio" entre as autoridades transparecem falta de sintonia dos poderes. Enquanto isso, o desencontro acabou "atropelado" pela gravidade da situação na Rocinha.
Ainda assim, mais uma vez, as autoridades garantiram que estão dialogando e "trabalhando harmonicamente".