Edição do dia 30/07/2017

30/07/2017 07h52 - Atualizado em 31/07/2017 15h01

Estoque de soja impede recebimento da safra de milho em armazéns de MS

Silos-bolsas têm sido opção para agricultores guardarem a produção do grão do estado. Essa forma de armazenamento é mais cara.

Flávia GaldioleSão Gabriel do Oeste - MS

Falta espaço para guardar o milho em Mato Grosso do Sul. Os armazéns ainda estão lotados de soja, o que impede o recebimento da safrinha.

As máquinas não param na propriedade do agricultor Cláudio Balzan, em São Gabriel do Oeste. Ele já colheu 40% da área de 2,1 mil hectares de milho safrinha. Mas até agora não comercializou nada. Nessa mesma época do ano passado já tinha vendido 70% da produção. O problema é o preço pago pela saca que não está agradando.

"Hoje, São Gabriel está rodando R$ 16. Você tem um custo de cerca de R$ 1de armazenagem. Então, você está recebendo R$ 15 na verdade. No ano passado estava R$ 28 nessa época da colheita", compara Balzan.

 

Essa situação se repete em todo estado. Enquanto as máquinas aceleram para retirar a produção do campo, a comercialização dos grãos segue em ritmo lento. Até agora apenas 27% da safra foi vendida. Nessa mesma época no ano passado a comercialização passava de 58% da produção.

Com o mercado desaquecido, o milho que sai da lavoura é estocado. Essa é uma preocupação para os produtores. Já falta espaço nos armazéns da região, ainda lotados com soja. A opção é usar esses silos-bags. Só em um armazém da região, até o fim da safra 30 mil toneladas de milho serão guardadas nesses bolsões. Essa forma de armazenamento é mais cara.

"É em torno de 50% o custo a mais de que o normal seria. E é muito mais trabalhoso. Nós temos que secar e esfriar o produto para ir para ir para dentro do silo-bag", diz Gustavo Amaral, gerente do armazém.

Uma cooperativa que atende mais de 50 produtores da região tem capacidade para receber 72 mil toneladas de grão. Até o fim da safrinha eles devem receber mais de uma milhão de sacas de milho. Sem espaço, já estão recusando novos clientes.

“Infelizmente, não está conseguindo receber. Só se tiver com contrato para adiantar com retirada imediata”, diz o auxiliar administrativo Luiz Fernando Teló.

Essa semana a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab disponibilizou seis armazéns públicos em Mato Grosso do Sul com capacidade de 90 mil toneladas para as empresas interessadas.