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Livro-Lixo-Planeta

No processo civilizatório, livro e lixo se igualam em conteúdo.

O Lixo, o Planeta e o Livro

Um dia você chega no escritório e está uma confusão danada no prédio ao lado. Um caminhão de lixo parado, um monte de gente ao redor. Eu me aproximo e vejo um dos lixeiros sendo socorrido. Cortou o mão porque tinha uma garrafa de azeite, grande, misturada, aos dejetos normais. Ele errou, estava sem luva. Pegou o saco de mal jeito, a garrafa explodiu. Foi um corte feio. Foi a doméstica que não fez a seleção do lixo, disseram. O morador do 201, seu patrão, disse que já ensinou mil vezes e ela não aprende. Ou seja, ele terceirizou o o seu conhecimento, a sua experiência. Passou a responsabilidade da coleta seletiva do lixo para a sua funcionária. E não acompanhou. Deu no que deu. 

O mesmo está acontecendo com a leitura, hoje em dia. Os pais acham que leitura é coisa de professor. Não é. Pelo menos não é só, do professor. Para fazer com que seus filhos gostem de ler você deve, também, gostar de ler. Pelo menos os seus filhos devem entender que você considera isso importante. Não dá para terceirizar para a escola o amor que seus filhos devem ter pelos livros. Vocês, pais, são autores de um obra inacabada, um livro que está sendo escrito. A diferença é que este livro é livre, se movimenta - é um ser humano. E que tem, no livro, este físico, bem durável, o seu mais importante instrumento de aprendizado.

Nós temos muito que aprender, ainda, com o livro e com o lixo. Os dois são conteúdos, em direções contrárias. O livro deve ser absorvido, para virar conhecimento. O lixo, cuidado, separado, tratado, para que este planeta tenha futuro. O livro é o início, o lixo, o final. Os dois se encontram no processo civilizatório. No processo que transforma crianças e jovens em cidadãos. Verdadeiros cidadãos. Aqueles que sabem a importância de ler, ser lido, e conservar o planeta para o seus filhos, nossos netos e bisnetos. No mínimo. 

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