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Por Flávio Dilascio e Thierry Gozzer — Rio de Janeiro

Arenas fechadas, cenário de abandono em alguns locais, disputas judiciais, gestões conflitantes e um parque público sem previsão de abertura. Este é um resumo da situação dos equipamentos esportivos construídos para a Rio 2016. Chamado de o "Coração dos Jogos", o Parque Olímpico tem sido pouco utilizado desde o fim da Paralimpíada - neste fim de semana, o local recebe o Gigantes da Praia, desafio de vôlei de praia no Centro Olímpico de Tênis. Do lado de fora, há muito entulho e lixo acumulado. Materiais como cabos de ferro e fios de cobre têm sido depositados junto às grades. A gestão do Parque é dividida. Há áreas administradas pelo Ministério do Esporte, Prefeitura do Rio, Concessionária Rio Mais e Comitê Rio 2016, o qual já teve a sua estrutura física desativada, mas ainda possui responsabilidade sobre as áreas conhecidas como IBC e MPC.

Erguido a um custo inicial de R$ 2,34 bilhões (R$ 1,67 bilhão de parceria público-privada e R$ 666,3 milhões do governo federal), o Parque Olímpico fica aberto para a população apenas nos fins de semana. Inaugurada no último dia 21 de janeiro pelo prefeito Marcelo Crivella, a área de livre circulação chamada de Via Olímpica tem sido uma opção de lazer para os cariocas, principalmente para os moradores da região. A área de visitação está compreendida num grande espaço livre entre as arenas.

O legado do Parque, porém, para por aí. Chamadas de instalações permanentes, as Arenas Cariocas 1, 2 e 3 estão fechadas desde o fim da Rio 2016. Com capacidade para 16 mil espectadores, a Arena 1 faria parte do Centro Olímpico de Treinamento (COT), projeto do Ministério do Esporte que segue sem previsão de início. A Arena 2, que já recebeu uma final do Novo Basquete Brasil (NBB), também deveria servir como centro de treinamento, enquanto a 3 seria transformada em escola, sem previsão para a inauguração. O Velódromo, que deveria receber projetos sociais voltados para o esporte, também está fechado.

Velódromo é uma das arenas olímpicas fechadas e sem previsão de reabertura — Foto: André Durão

Palco do handebol da Olimpíada, a Arena do Futuro será completamente desmontada para dar origem a quatro escolas públicas. O prazo é o segundo trimestre deste ano, mas a estrutura está praticamente intacta. Erguido a um custo de R$ 225,3 milhões, o Estádio Aquático está em processo de desmontagem. O prazo é até março, mas, ao menos externamente, o local continua com a sua aparência original, embora o fluxo de operários seja grande - o GloboEsporte.com não teve acesso à parte interna do estádio.

Parque Olímpico da Rio 2016 tem entulho e sinais de abandono — Foto: Thierry Gozzer

O entorno do Parque Olímpico apresenta diversos problemas. Bueiros destampados são uma realidade nas vias que contornam a área. Boa parte do material utilizado na Rio 2016 como placas de sinalização e cones estão abandonados e se deteriorando. Poças de água parada - possíveis focos de mosquito Aedes Aegypti - também fazem parte do cenário, tanto interno quanto externo. Durante uma das visitas à área, o GloboEsporte.com flagrou funcionários de uma das empresas que opera no Parque jogando cabos de ferro para fora da grade. O Ministério do Esporte disse desconhecer o fato.

Órgãos apresentam as suas versões

Após o cancelamento da licitação do Parque Olímpico, o Ministério do Esporte assumiu a gestão das arenas no fim de dezembro prometendo dar utilidade aos equipamentos. Segundo o órgão, uma equipe de transição começou a trabalhar no local apenas no último dia 23 de janeiro. O escritório funciona dentro do Velódromo e tem como finalidade executar os projetos prometidos para as Arenas Cariocas 1 e 2, para o Estádio Olímpico de Tênis e para o próprio Velódromo. O Ministério esclareceu que não tem qualquer responsabilidade sobre as áreas externas, às arenas, muito menos com a desmontagem do Estádio Aquático e da Arena do Futuro. A pasta informou também que fará uma licitação para manutenção e gestão das quatro instalações sob sua responsabilidade.

Cabos de ferro e outros materias têm sido descartados fora do Parque Olímpico — Foto: Flávio Dilascio

Prefeitura e Concessionária Rio Mais manifestaram-se em conjunto através da Subsecretaria de Projetos Estratégicos e Cdurp-Porto Maravilha do Rio. Os dois órgãos lembraram que o "Parque Olímpico está em processo de adaptação, desmobilização e desmontagem, portanto o cenário de obra em alguns trechos é inevitável". A nota ressaltou também que a Rio Mais é quem faz a manutenção das áreas públicas de uso comum do Parque Olímpico e que a Comlurb "reforçará o trabalho no local para agilizar a retirada de materiais inutilizáveis", apresentados pela reportagem do GloboEsporte.com.

Entrada de um dos prédios utilizados pela imprensa na Rio 2016: cenário diferente do da época dos Jogos — Foto: Thierry Gozzer

O Comitê Rio 2016, que ainda administra o MPC e o IBC não respondeu às perguntas enviadas durante a semana. Em rápido contato com o GloboEsporte.com, o diretor de excutivo de comunicação da entidade, Mário Andrada, confirmou que há areas dentro do Parque ainda sob responsabilidade do Comitê, entretanto, ele não soube precisar se o MPC e o IBC ainda estão sob cuidados do Rio 2016.

Parque Radical está fechado; campo de golfe opera normalmente

Do outro lado da cidade, em Deodoro, o cenário é bem parecido com o do Parque Olímpico da Barra da Tijuca. Construído dentro de uma área militar, o Estádio de Deodoro já foi completamente desmontado. Outras instalações como Centro de Tiro seguirão como legado para futuras competições de civis e militares. Palco do basquete feminino e do pentatlo moderno da Olimpíada, a Arena da Juventude está fechada. O local será usado como uma das bases do Centro Olímpico de Treinamento, ainda não lançado.

Estádio de Deodoro já foi desmontado — Foto: André Durão

Na parte Norte do Complexo de Deodoro, o Parque Radical está fechado desde o último dia 7 de dezembro. O local, que abrigou o Estádio Olímpico de Canoagem, o Centro Olímpico de BMX e o Parque Olímpico de Mountain Bike, funcionava como parque público para a população desde o fim da Rio 2016. O motivo alegado pela prefeitura para o fechamento foi a troca de governo. A empresa que geria o equipamento teve o seu contrato finalizado e "hoje o Parque Radical não oferece as condições necessárias de segurança para que seja reaberto". Segundo a prefeitura, a Casa Civil devolveu a administração do Parque esta semana, e existe uma possibilidade de o equipamento abrir somente aos domingos, "até que se possa discutir o melhor método de administração".

O fechamento do Parque Radical desagradou bastante a população carioca, principalmente os moradores de Ricardo de Albuquerque, bairro vizinho à principal entrada do equipamento. Segundo o motorista Carlos Luiz, o Parque Radical poderia servir à comunidade com escolinhas e projetos sociais para crianças.

- Sou vizinho do Parque e achei um absurdo o fechamento. Era uma oportunidade enorme de deixarem um legado da Olimpíada, tirando crianças da rua e colocando-as para praticarem um esporte - lamentou.

Carlos Luiz reclamou do fechamento do Parque Radical — Foto: André Durão

Um dos poucos legados olímpicos que realmente está funcionando é o Campo de Golfe. Alvo de protestos durante a sua construção por ter sido erguido em uma área ambiental na Barra da Tijuca, o local está aberto diariamente podendo ser utilizado por qualquer pessoa. O campo funciona num sistema de aluguel com o praticante trazendo o seu próprio equipamento. Durante a semana, o preço de uma partida completa (18 buracos) sai a R$ 250. Nos finais de semana, o valor sobe para R$ 280.

Apesar de estar funcionando normalmente, o Campo Olímpico de Golfe enfrenta problemas judiciais. A Progolf Brasil cobra da Confederação Brasileira de Golfe (CBG) uma dívida de R$ 1,125 milhão. A empresa era responsável pela infraestrutura do espaço de 389 mil metros quadrados - o equivalente a 43 gramados do Maracanã.

Campo de Golfe opera normalmente, apesar de ser alvo de disputa judicial — Foto: André Durão

Decisão da Juíza Maria Cecília Pinto Gonçalves, da 52ª Vara Cível do Rio de Janeiro, do dia 9 de dezembro, impede a suspensão do contrato para que a CBG deposite caução idônea no valor do débito - fora o R$ 1,125 milhão, não estão computados o mês de dezembro e os 12 dias de janeiro, período final da Progolf no campo olímpico. Durante a visita do GloboEsporte.com, a administração do Campo de Golfe não quis conversar sobre o assunto.

Estádio Aquático está com a sua estrutura quase inteira — Foto: Thierry Gozzer

Via Olímpica só abre nos finais de semana — Foto: André Durão

Bueiros destampados no Parque Olímpico são comuns — Foto: Flávio Dilascio

Arena do Futuro ainda não foi desmontada — Foto: Thierry Gozzer

Prefeitura prometeu acionar Comlurb para retirar restos de materiais utilizados na Rio 2016 — Foto: Flávio Dilascio

Cabos de cobre têm sido descartados do lado de fora do Parque — Foto: Flávio Dilascio

Parque Radical de Deodoro está fechado desde dezembro — Foto: André Durão

Arena da Juventude também não vem sendo utilizada — Foto: André Durão

Campo de golfe olímpico tem entrada controlada — Foto: André Durão

Centro olímpico de hipismo é uma das instalações construídas em área militar — Foto: André Durão

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