Por Roberta Oliveira, G1 Zona da Mata


Fluffy foi fotografada por Henrique Mangeon para o 8º ensaio 'Amor não tem raça" em Juiz de Fora — Foto: Henrique Mangeon/Amor não tem raça

Uma foto pode representar um novo futuro para um dos animais abrigados no Canil Municipal de Juiz de Fora. Campanhas investem no uso imagens em redes sociais para estimular interessados na adoção responsável.

Aproveitando o Dia Mundial da Fotografia, que foi celebrado neste sábado (19), Henrique Mangeon e Jordana Vieira falaram ao G1 sobre como se envolveram nos trabalhos e também sobre a emoção em conseguir o “clique perfeito”.

'Busco um olhar diferente de um cão sofrido'

A professora de artes, que trabalha com designer de eventos, Jordana Vieira, descobriu no trabalho voluntário como fotógrafa do canil uma forma de expressar o amor pelos cães.

“Eu tenho dois, o Rico, um basset, que comprei em uma loja e o Sexta-Feira, um shitsu, que me escolheu. O portão de casa estava aberto, ele simplesmente entrou, caminhou corredor afora, subiu a escada, deitou e dormiu. Isso foi numa Sexta-Feira da Paixão. E está aqui até hoje”, contou.

A experiência mudou a forma dela enxergar os cães abandonados. “Eu não sei se o Sexta-Feira fugiu. Pela condição em que ele estava quando chegou, acho que ele foi abandonado e ficou muito tempo vagando. Então, meu olhar se tornou ainda mais sensível, aberto e atento para isso”, afirmou.

Jordana Vieira é fotógrafa voluntária no Canil Municipal de Juiz de Fora — Foto: Jordana Vieira/Arquivo Pessoal

Ela disse que visitou o canil preparada para ser forte diante de um cenário triste e recebeu amor de volta, o que a levou ao voluntariado.

“Quando cheguei lá, os cachorros fizeram tanta festa que nem tive tempo de pensar em emoções ruins. Foi quando tive a ideia de oferecer para fazer fotos de ensaios e eventos de adoção. Já que eu não poderia ser a dona deles, que ajudasse a achar donos. Quando eles saem das baias para as fotos, eles se jogam na grama se divertem e aquilo me motiva para que eles possam ter mais momentos como estes na vida”, relatou Vieira.

A fotógrafa disse que escolheu os cães que ficam na parte de cima do canil, que recebe menos visitas, mais velhos e até com alguns que foram devolvidos após uma adoção que não funcionou. E também registra os que não foram adotados nas feiras, para que eles ganhem uma chance ao serem divulgados nas redes sociais.

“Eu busco um olhar diferente de um cão sofrido. Quero mostrar que eles buscam amor, carinho, respeito, não só do dono, mas da sociedade. Eu tiro várias fotos, mas o meu critério para escolher a melhor é deixar claro que aquele ali pode ser seu amigo para o resto da vida. Quando fico sabendo que uma foto minha ajudou um cão a ter um lar é a melhor coisa”, resumiu.

Apesar da dificuldade, Jordana indicou duas fotos como as mais marcantes. “Elas mostram tudo que eu busco neste trabalho. Foram duas fotos que não me deram trabalho. Escolhi ambas de imediato”, explicou.

Porthos foi fotografado por Jordana Vieira no Canil Municipal de Juiz de Fora — Foto: Jordana Vieira/Canil Municipal de Juiz de Fora

“O Porthos ficou com um porte tão elegante, tão bonito. A foto não tem nenhum tratamento. O pelo dele deu um brilho tão bonito no sol. O contraste do preto da pelagem com os olhos. Eu acho que esta foto diz muito dos cachorros que estão no canil”

Dengoso foi fotografado por Jordana Vieira no Canil Municipal de Juiz de Fora — Foto: Jordana Vieira/Canil Municipal de Juiz de Fora

“O Dengoso não parava de olhar a câmera, na maioria das fotos que tirei dele. Esta, eu achei linda. Ele ficou retinho, simétrico, como quem diz ‘vai lá, faz seu trabalho, que eu fiz o meu’”

'O que me marca é saber que foram adotados'

Henrique Mangeon é quem faz as fotos para o projeto “Amor não tem raça”. “Desde que comecei com a Snack Fotografia de Pet, achei que era importante ajudar os animais abandonados ou de rua que terminam indo para o Canil Municipal. Quando conheci a organização 'Amor Não tem Raça' e o programa de adoção, fizemos uma parceria e trabalhamos juntos desde então”, contou.

“Os animais do canil, que são muitos, se tornam bastante carentes. Procuro passar essa emoção aos interessados em adotá-los. É muito gratificante. Os cachorros adoram a companhia, a interação e o carinho dos seres humanos”, comentou o fotógrafo, que até o momento registrou cerca de 30 cães em três ensaios.

Mangeon diz que não tem uma foto favorita, porque o trabalho é bastante objetivo, mas ressalta que o resultado compensa. “O que me marca é saber que foram adotados”, afirmou.

Joaquim foi fotografado por Henrique Mangeon para o 8º ensaio "Amor não tem raça" em Juiz de Fora — Foto: Henrique Mangeon/Amor não tem raça

Como adotar

A campanha “Amor não tem raça” começou em 2015, usando as fotos em redes sociais e exposições como vitrines. Há alguns dias, uma publicação comemorou a adoção de cinco cachorros divulgados no projeto.

Os interessados em conhecer os animais disponíveis para adoção no Canil podem agendar as visitas pelo telefone (32) 3690-3591. O atendimento é de segunda a sexta, das 9h às 11h30 e das 13h às 15h30, na Rua Bartolomeu dos Santos, s/nº, Bairro São Damião. Outra opção é ligar para o Disque Adoção, no (32) 3225-9933.

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