RIO — “É a dança chegando pela primeira vez no Rock in Rio”, anunciou Zé Ricardo, diretor do Palco Sunset, cinco minutos antes de Fernanda Abreu dar o ar de sua graça. Foi ela, a dança, origem artística da cantora bailarina, que permeou a apresentação suingada e cheia de groove, por uma hora exata.
Começou com os dez dançarinos da Focus Cia de Dança, bem coreografados por Alex Neoral, e terminou já em clima de baile, com a inclusão da turma do Dream Team do Passinho, no hino carioca “Rio 40 graus”.
Com banda azeitada, de destaque para o baixo alto e cheio de groove de André Carneiro e para o carisma e a habilidade de Donatinho no teclado (com direito a solo de keytar em “Double love amor em dose dupla”), Fernanda mostrou a boa forma na voz e na aparência, fazendo qualquer um duvidar dos 56 anos que seu R.G. mostra.
Das coreografias ao setlist, a cantora e sua turma fizeram um show de ensaio caprichado, começando com faixas de “Amor geral”, seu elogiado sexto disco de estúdio lançado no ano passado, e passando belo bloco de hits com “Veneno da lata”, “Garota sangue bom”, “Baile da pesada” e “Kátia Flávia, a godiva do Irajá”.
O público, já em bom número no fim de tarde, respondeu e ajudou a criar o clima de baile, tanto nas palminhas quanto na cantoria. A turma foi à loucura com o beijaço promovido pelos dançarinos da Focus na potente “Saber chegar”, de “Amor geral”, com direito a beijo giratório, gay e troca-troca, dialogando com a sensualidade proposta pelo show.
Já na reta final, a participação do Dream Team do Passinho, porém, não chegou a ornar tão bem no baile de “Amor geral”. O microfone baixo dos integrantes da trupe atrapalhou no começo e o medley em homenagem a Michael Jackson soou sem propósito. Mas o grupo empolgou no funk “De ladin”, seu principal sucesso.
“Carioca, brasileira e vascaína”, como fez questão de ressaltar no fim do show, Fernanda Abreu aproveitou bem a oportunidade e a boa vontade do público para mostrar que a renovação artística proposta em “Amor geral” a mantém atual e relevante.
Sopros inflamados, peripécias rítmicas, belas jogadas melódicas, muitas mudanças de clima... nem tudo atraiu a atenção do público, mas, da luta do cantor com as suas pretensões, alguns momentos memoráveis foram presenciados.
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Alicia Keys
A cantora nova-iorquina de 36 anos uniu sua competência musical ao carisma, à simpatia e à segurança de uma artista completa. Ao piano, comandou uma banda azeitada em sucessos e músicas menos conhecidas, recebeu o Dream Team do Passinho e ainda se engajou na luta pela preservação da Amazônia.
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Walk the Moon
Indie pop colorido do Walk the Moon demora mas engata no Rock in Rio. Quarteto americano conquistou os descrentes com o hit 'Shut up and dance'.
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Nile Rodgers & The Chic
Em um dos melhores shows de 2017 no Rio, Nile Rodgers faz sua primeira apresentação no Brasil com um espetáculo vibrante, junto a uma banda recriada sem detrimento à Chic original, embalada por clássicos como "Le freak", "Good times" e "Everybody dance".
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Frejat
Em show impecável, ex-vocalista do Barão Vermelho mergulha em parcerias com Cazuza, como "Pro dia nascer feliz", "Malandragem" e "Ideologia", interpretada pelo cantor pela primeira vez ao vivo. O show também abriu espaço para uma homenagem a Luiz Melodia, morto em agosto, com uma versão de "Negro gato".
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O sol escaldante não impediu o sucesso do encontro. Ecoando Ney Matogrosso, o performático Hooker e sua banda - destaque para os solos do guitar hero Felipe Rodrigues - iniciaram a apresentação com tempero nordestino de "Touro" e do carimbó "Corpo fechado", com participação de Gaby Amarantos.
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HMB, Carlão e Virgul
Sob o sol domingueiro que frita a Cidade do Rock, eles instauraram um clima de Chic tropical - funk e soul com sotaque português e temperos africanos, testemunhando a influência das antigas colônias sobre o que melhor se produz na música de Portugal hoje.
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Maroon 5
A diferença mais significativa para o show de sexta é que, no começo acústico do bis, o Rio foi poupado de "Garota de Ipanema" e ouviu "Lost stars", música solo de Adam Levine para o filme "Mesmo se nada der certo" (2013). Lady Gaga deve agora pelo menos dois shows no próximo Rock in Rio.
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No fim, Shawn recorreu a um hit próprio, "Treat you better", que deu um fecho conveniente ao espetáculo de um artista que vive sob as ameaças diversas de um mundo pós-internet: é melhor, sempre, confiar no coração que nas ilusões.
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A escalação do Skank para seu terceiro Rock in Rio em quatro edições gerou muitos - e talvez justos - narizes torcidos, pela falta de variedade. Mas poucas bandas, brasileiras ou estrangeiras, seguram um Palco Mundo com a firmeza dos rapazes das Alterosas.
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Miguel
Eis que surgiu o paulistano Emicida. "Eu estou há dois dias andando com esse moleque gente fina que estava preocupado se vocês conheciam ele", disse o rapper. Ao vivo, "Oasis", com os versos de valorização a mulher negra de Emicida, deu o punch que faltava para valorizar de vez a apresentação memorável do americano.
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Rael e Elza Soares
Depois da forte primeira impressão de "A carne" (na qual Rael inseriu "Negro drama", dos Racionais MCs), a cantora e o rapper emendaram "Hoje é dia de festa" e uma precisa "Maria de Vila Matilde" - que renovou-se com a pegada da banda, fora do universo de estranheza-Passo-Torto da gravação original.
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Blitz
Saltitante e fazendo malabarismos com uma pandeirola, Evandro Mesquita, de 65 anos, já chegou com uma multidão respeitável em frente ao Sunset — que foi crescendo ao longo do show de uma hora.
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Tributo a obra de João Donato
Com belas projeções ao fundo do palco, retratando Donato e seus cenários, as cantoras se revezavam com segurança no vocal principal, desfiando canções exemplares de uma obra fundamental.
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Não foi tarefa fácil, diante da expectativa nos píncaros do público de Gaga. Mas o grupo tinha seus trunfos - um bom punhado de hits e um bem testado roteiro - para cumprir a missão. Viu-se um espetáculo morno, em boa parte, longe de arrebatar, mas que teve lá os seus momentos.
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5 Seconds of Summer
Considerada uma banda de pop punk, o 5 Seconds of Summer não se mostra nem pop, com sucessos prontos para serem cantados por multidões (o que não aconteceu em nenhum momento da apresentação no Rio), nem punk, com atitude e rebeldia no palco.
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Pet Shop Boys
O show não era, portanto, de uma banda que se mantém ativa (apesar de músicas como "Inner sanctum" e "Vocal", de 2016 e 2013, respectivamente, serem ótimas). O que importava ali - e "Go west", "Domino dancing", "Always on my mind" e a incendiária "It's a sin" - era a volta aos primeiros bailes.
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Ivete Sangalo
Mostrando a inscrição com o nome do filho, Marcelo, que cobria sua retaguarda, ela seguiu adiante, sensual e incansável, com o arrasa-quarteirão de "Festa"-"Sorte grande"-"Abalou". E lembrou que a noite era de rock, ao homenagear Cazuza (com "Pro dia nascer feliz") e a sua própria Banda Eva, do começo da carreira, com "Eva".
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Homenagem ao Samba
A Marrom Alcione, em plena forma, como o piston do clássico da gafieira, tirou a surdina e pôs as coisas no lugar, com "Gostoso veneno" e "Exaltação à Mangueira", entregando a tocha fervendo para Jorge Aragão, que pôs mais lenha no fogueira, atiçando a banda a pisar no acelerador.
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O público, já em bom número no fim de tarde, respondeu e ajudou a criar o clima de baile, tanto nas palminhas quanto na cantoria. A turma foi à loucura com o beijaço promovido pelos dançarinos da Focus na potente “Saber chegar”, de “Amor geral”.
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Céu e Boogarins
Pelo contrário, o groove quente/frio (orgânico/digital) do "Tropix" encontrou harmonias possíveis no clima do verão/inverno carioca, derretendo bem, como espuma de chope. Quando ela cantou "Tardes de veraneio/ (...) Anunciando a noite neon" (versos de "Varanda suspensa"), tudo fez sentido.
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SG Lewis
Pilotando teclados, guitarra, voz e parafernália eletrônica, SG Lewis e sua banda - de óculos escuros, bermudas, boné - pareciam à vontade com seu som leve e dançante, que prendeu um par de centenas de pessoas à frente do palco e provocou dancinhas diversas no público que adentrava a Cidade do Rock.
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