Política Eleições 2018

Haddad evita culpar Maduro e critica oposição venezuelana

Candidato do PT reconhece que país 'não vive um processo de normalidade' e não endossa declaração do partido
Fernando Haddad durante entrevista ao Jornal da Globo Foto: Reprodução/Tv Globo
Fernando Haddad durante entrevista ao Jornal da Globo Foto: Reprodução/Tv Globo

RIO - O candidato do PT à Presidência , Fernando Haddad , evitou culpar o regime de Nicolas Maduro pela crise na Venezuela , em entrevista ao "Jornal da Globo" na noite desta quarta-feira. O petista reconheceu que o país atravessa uma crise, mas apontou vários atores, inclusive a oposição, como responsáveis pela situação.

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- A Venezuela não vive um processo de normalidade, não vive. Por que há contestação sobre o ambiente democrático, não se reconhece resultado eleitoral, a oposição contesta quando um plebiscito é chamado,  as eleições não são respeitadas. O clima alí é de conflagração. Inequívoco.

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Haddad também não comentou declaração de seu partido de que o país vizinho é um "exemplo de democracia".

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- Eu não vi essa declaração oficial, a posição do PT pode ser essa, mas eu estou falando da posição de um eventual governo do PT comigo à frente. O papel do Brasil tem que ser reconhecer que as coisas não andam bem por lá, a situação é conflagrada; inclusive nós estamos tendo a repercussão disso na fronteira com Roraima. Nós precisamos resolver isso lá - disse.

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A crise política e econômica na Venezuela já levou ao menos 1,6 milhão de pessoas a deixar o país — de acordo com números oficiais, mais de 30 mil se refugiaram no Brasil. Líderes de oposição foram presos, e a repressão a protestos já deixou dezenas de mortos. A economia está em colapso há anos, e a inflação deve bater em 1.000.000.000% neste ano, com queda de 15% no PIB.

Para Haddad, a mediação dos conflitos locais, com apoio de organismos internacionais, é o primeiro passo para resolver a crise no país vizinho.

- O papel do Brasil pela sua importância, pela sua liderança, não é tomar partido na Venezuela situação,  é junto aos organismos internacionais. Inclusive, o próprio Fernando Henrique, ao seu tempo, criou grupos de apoio à Venezuela em função da instabilidade política. É buscar mediação reconhecendo que o ambiente não é o mais saudável.

Fernando Henrique Cardoso articulou, em 2002, um grupo em defesa do mandato do então presidente, Hugo Chávez, alvo de uma tentativa de golpe. Desde então, no entanto, com a crescente degradação da situação na Venezuela, o tucano tem se tornado cada vez mais crítico do regime. No ano passado, o ex-presidente afirmou que "as instituições democráticas foram postas em xeque diretamente pelo governo" e "falar em democracia no país é um abuso de expressão".