Economia

Mais de 40 milhões de pessoas no mundo vivem sob escravidão, diz OIT

Uma em cada quatro vítimas são crianças

Taube Hmeid, da Mauritânia, já viveu sob escravidão. Rafael Marchante/Reuters/21-11-2006
Taube Hmeid, da Mauritânia, já viveu sob escravidão. Rafael Marchante/Reuters/21-11-2006

GENEBRA - Mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo viviam sob escravidão em 2016, segundo levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Walk Free Foundation divulgado nesta terça-feira. Uma em cada quatro vítimas eram crianças, ou cerca de dez milhões. No conceito de escravidão moderna, estão incluídos tanto os casos de trabalho forçado — 24,9 milhões — quanto os de casamento forçado — 15,4 milhões.

Mulheres e crianças são maioria absoluta entre os que sofrem como escravos modernos: são 28,7 milhões ou 71% do total. Entre os 15,4 milhões submetidos a casamentos forçados, mais de um terço eram crianças no momento em que se casaram. Ao todo, 6,5 milhões desses casamentos ocorreram nos últimos cinco anos — entre 2012 e 2016.

Dos 25 milhões em trabalho forçado, 16 milhões estavam no setor privado — especialmente em trabalho doméstico, construção e agricultura —, cinco milhões em situação de exploração sexual e mais de quatro milhões (ou 16% do total) viviam sob trabalho forçado pelas autoridades estatais.

Um segundo estudo também divulgado pela OIT mostra a dimensão mundial do trabalho infantil: são 152 milhões de crianças (com idade entre 5 e 17 anos), ou uma em cada dez no mundo. Mais da metade delas estão na África (72,1 milhões), seguida por Ásia e Pacífico (62 milhões), Américas (10,7 milhões) e Europa e centro da Ásia (5,5 milhões). Das crianças entre5 e 14 anos que trabalham, um terço está fora das salas de aulas.

— A mensagem que a OIT envia hoje, junto com seus parceiros, é clara: o mundo não vai alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável a não ser que se aumente dramaticamente os esforços para lutar contra esses flagelos. As novas estimativas globais podem ajudar a desenvolver intervenções para prevenir o trabalho forçado e o trabalho infantil — afirmou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

— O fato de que como sociedade ainda temos 40 milhões em escravidão moderna nos envergonha a todos. Se considerarmos os dados dos últimos cinco anos, 89 milhões de pessoas viveram algum tipo de escravidão por algum tempo, seja de dias ou a cinco anos. Isso mostra a discriminação e as desigualdades no mundo hoje, ao lado de uma chocante tolerância à exploração. Isso precisa parar. Todos temos um papel para mudar a realidade — apontou Andrew Forrest, fundador da Walk Free Foundation.