Por G1 SP — São Paulo


Ala do hospital Emílio Ribas, em São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo

Mais de 90% dos médicos em atividade no estado de São Paulo não foram submetidos a testes para saber se foram infectados pelo novo coronavírus.

O dado faz parte de uma pesquisa realizada pela Associação Paulista de Medicina com cerca de dois mil médicos das redes de saúde pública e particular.

A pesquisa foi feita entre os dias 9 e 17 de abril. Dos entrevistados, 65% trabalhavam em hospitais e prontos-socorros que recebem pacientes com COVID-19; enquanto 59% haviam atendido alguém desse grupo. Já 34% afirmaram haver assistido pessoas com confirmação da doença. E 13% relatam que acompanharam enfermo que veio a falecer.

Desse montante, 35% dos profissionais entrevistados pertencem a algum grupo de risco, são diabéticos, hipertensos, obesos ou têm alguma doença cardiovascular.

O levantamento também revela que a classe médica de São Paulo está preocupada com as condições de trabalho: 76% disseram que o clima nos hospitais, clínicas e consultórios é de apreensão.

Ainda segundo a pesquisa, 50% relataram falta de máscaras do tipo N95, que são as mais seguras; 66% apontaram falta de testes e apenas 15% dos entrevistados disseram ter recebido treinamento específico e portanto se sentem capacitados para atender vítimas da Covid-19, em qualquer fase da doença.

Na semana passada, segundo revelado pelo G1, conselhos que representam os profissionais de medicina e de enfermagem de São Paulo registraram 1.639 queixas que vão da falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) às condições de trabalho em unidades de saúde públicas, privadas e filantrópicas do estado em tempos de coronavírus. Também foram feitas denúncias sobre "'fluxo inadequado" de pacientes, falta de funcionários, casos de violência contra eles.

Profissionais de saúde fazem ato contra falta de equipamentos de proteção em SP — Foto: Cecília Figueiredo/Sindsep

Mortes e casos

O número de mortes por coronavírus no estado de São Paulo subiu para 1.825 nesta segunda-feira (27), segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde. Foram 125 novos registros em 24 horas. O total de casos confirmados da Covid-19 chegou a 21.696 no estado.

Antes concentrada na capital, a doença se espalha cada vez mais por outras regiões do estado. Das 645 cidades de São Paulo, 131 já têm registro de uma ou mais mortes. A doença também já infectou pessoas em 288 cidades.

Ainda de acordo com a secretaria, Interior, litoral e Grande São Paulo já respondem por 1 a cada três mortes por Covid-19. Esses locais somam 653 óbitos (35,7% do total) e 7.707 casos (35,5%).

Hoje, há cerca de 8 mil pacientes internados por suspeita ou confirmação de Covid-19, um aumento de mais de 500 pessoas nas últimas 24h. São 3.106 pacientes em UTI e 4.810 em enfermaria.

Também houve crescimento na ocupação dos leitos de UTI para atendimentos ao novo coronavírus. Nesta segunda, a taxa está em 59,8% no estado de São Paulo e 78,4% na Grande São Paulo.

Durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira, o prefeito Bruno Covas (PSDB) prometeu entregar 1.361 novos leitos de UTI na capital até maio. No entanto, o Governo de São Paulo estima que serão necessários pelo menos 2,7 mil novos leitos no estado se o isolamento social permanecer em 50%.

Neste domingo (24), a taxa de isolamento do estado de São Paulo foi de 58%, o menor índice registrado em um domingo desde o início da quarentena. Nos últimos dias úteis da semana passada, o índice se manteve em 48%.

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