BRASÍLIA — O governo do presidente Jair Bolsonaro decidiu retirar o Brasil da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos ( Celac ). Fontes com conhecimento no assunto disseram que a medida se deve, entre outros motivos, à presença de ditaduras no bloco, como Cuba e Venezuela — esta última representada na Celac por Nicolás Maduro . A nova posição foi comunicada na última terça-feira aos associados.
Criada em fevereiro de 2010, durante uma reunião de cúpula do Grupo do Rio, no México, a Celac tem 33 membros. Na época, o presidente do Brasil era Luiz Inácio Lula da Silva, hoje um dos maiores adversários políticos de Bolsonaro.
Um dos idealizadores da Celac, o então presidente do México, Felipe Calderón, defendia que a comunidade tivesse como objetivo projetar globalmente a região em temas como o respeito ao direito internacional, a igualdade entre Estados, o respeito aos direitos humanos e a cooperação. Os principais pilares eram a solidariedade, a inclusão social e a complementaridade.
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Desde então, o contexto político na América Latina mudou. O Brasil e vários países da região, por exemplo, não reconhecem o governo do venezuelano Nicolás Maduro. Apoiam o autoproclamado presidente interino da Venezuela, o deputado Juan Guaidó.
O regime comunista cubano também é rechaçado por Bolsonaro. O presidente já adotou várias medidas contra Havana, sendo os mais conhecidos o fim do programa Mais Médicos e o apoio ao embargo econômico americano a Cuba na ONU.
A saída brasileira da Celac se dá no momento em que o México assume a presidência rotativa da organização. O país tem hoje um governo de centro-esquerda, tal como a Argentina.
Araújo se pronuncia
Nesta quinta-feira, dia 16 de janeiro, o chanceler Ernesto Araújo escreveu sobre a saída em uma rede social. Segundo Araújo, a Celac servia apenas como palco para regimes que não adotam a democracia. Ele citou os regimes socialistas cubano, nicaraguense e venezuelano. "A Celac não vinha tendo resultados na defesa da democracia ou em qualquer área. Ao contrário, dava palco para regimes não democráticos", disse.
Araújo enfatizou que o Brasil pretende trabalhar com todas as democracias da região, seja bilateralmente, ou junto a organismos como a Organização dos Estados Americanos (OEA), o recém-criado Prosul (Progresso e Desenvolvimento da América do Sul) e o Mercosul. Ele acrescentou que o objetivo é ter uma agenda de "liberdade, prosperidade, segurança e integração aberta".