Por Elida Oliveira, G1


Estados adotam plataformas online e aulas na TV aberta para transmitir conteúdo em tempos de pandemia. — Foto: Annie Spratt/Unsplash

A suspensão de aulas para conter o avanço do novo coronavírus levou escolas e professores a se adaptarem e encontrarem formas de manter a aprendizagem dos alunos em tempos de pandemia.

Aulas pela TV e internet, já comuns na redes privadas de ensino, estão sendo implementadas também nas redes estaduais – um avanço que deverá permanecer e complementar a aprendizagem após o fim do isolamento social.

Um levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) aponta que até esta quarta-feira (8) ao menos 10 estados adotam exclusivamente plataformas online com conteúdo educativo para transmitir aulas neste período. Outros 3 usam as plataformas online e aulas pela TV aberta.

Em meio ao avanço da pandemia, o governo federal determinou que as instituições de ensino estão isentas de cumprirem o mínimo de dias letivos, mas manteve a carga horária necessária para completar o ano de estudo. Uma das formas de atender esta previsão é adotar a educação a distância, seja pela TV, pela internet, ou ainda adaptando trabalhos escolares escritos para aqueles que não têm acesso à tecnologia.

"Não há dúvidas de que haverá perdas na aprendizagem, se comparado ao período normal, sem pandemia. Mas cabe o compromisso a cada secretaria de educação de pensar nesse retorno dos estudantes para resgatar o que foi perdido", afirma Cecilia Motta, presidente do Consed e secretária de educação do Mato Grosso do Sul.

"Nada substitui professor com o aluno na sala de aula. Com todo esforço, estamos falando em um momento de exceção e vamos fazer o melhor possível. A tecnologia veio para ficar, não vai parar depois [da pandemia], mas vai ser como um complemento, em reforço no contra turno escolar", afirma Rossieli Soares, ex-ministro da Educação e atual secretário da Educação de SP – o estado decretou férias escolares até o dia 20 de abril, mas já fecha parcerias para ter conteúdo na TV aberta e em plataformas online caso o isolamento seja estendido.

Confira abaixo a situação dos estados:

Plataformas online

Ao menos dez estados adotaram as plataformas online para transmitir as atividades educativas.

Teleaula na TV aberta

Outros 2 estados implementaram exclusivamente as teleaulas, transmitidas pela TV aberta. Nestes estados, as aulas pela TV vão valer como se fossem horas de dias letivos, segundo o Consed.

  • Maranhão
  • Paraná

Misto

Duas unidades da federação vão adotar aulas via internet e pela TV aberta, segundo o Consed:

No Amazonas, as aulas pela TV aberta existem há 13 anos, transmitidas ao vivo diariamente, via satélite, para as comunidades ribeirinhas e rurais. O estado também mantém um centro de mídia com conteúdo em plataformas virtuais. Com a pandemia, o formato foi ampliado.

Pela experiência acumulada, o Amazonas está fechando cooperações com outros estados do país para auxiliar na implementação das aulas remotas ou cooperar disponibilizando conteúdo. O termo já foi assinado com o estado de São Paulo e deverá ser fechado com Espírito Santo e Sergipe, segundo a secretaria de educação do Amazonas. Outros estados que buscaram consultoria com o AM foram Santa Catarina, Paraná, Pernambuco e Acre, por exemplo, além do Distrito Federal.

São Paulo também estuda um modelo misto após o fim das férias escolares (decretada devido à pandemia). O Consed não informou como os demais estados estão lidando com a suspensão das aulas durante o período de isolamento.

Avanço permanecerá após pandemia

Para Cecilia Motta, presidente do Consed, o momento será positivo para as escolas repensarem seus processos de ensino.

"Ninguém teve tempo de se preparar, mas chegou em um momento em que a gente tinha que reinventar a escola, usando tecnologia que outros países desenvolvidos já estão adotando. Há resistência dos mais antigos em usar a tecnologia, mas estou impressionada em ver grupos de diretores do interior e da capital trocando experiências e passando conteúdos de aula de um para outro. Todos estão colaborando", afirma.

Mesmo em São Paulo, que tem a maior rede de educação do Brasil – são 4 milhões de estudantes do ensino fundamental ao médio – as ferramentas tecnológicas não eram usadas no dia a dia das escolas, mas vinham sendo pensadas para entrar na formação dos estudantes a partir do segundo semestre deste ano, de forma experimental, e a partir de 2021, de forma permanente.

A pandemia fez com que contratos de parceria e cooperação fossem agilizados, de acordo com o secretário estadual de educação de São Paulo, Rossieli Soares. Empresas privadas estão fechando contrato com o governo para fornecer conteúdo, por exemplo. Outras ajudam a desenvolver plataformas – e o estado pretende arcar com os custos do acesso à internet, tornando as aulas gratuitas para toda a rede.

Enquanto os estudantes estão de férias, as plataformas são testadas. Rossieli afirma que a grade é construída a partir do perfil da criança. "Vai ter conteúdo para a educação infantil, mas voltado aos pais, para trabalhar a contação de histórias para crianças. Para o jovem do ensino médio, tem que ser conteúdo engajado: 1h ou 1h30 em frente à TV ou computador, outra 1h ou 1h30 em atividade complementar, para não cansar", avalia.

"Nas férias, estamos trabalhando com engajamento – o Enem está mantido, o estado está mantendo aulas de reforço, porque os jovens estão ansiosos para se prepararem para o exame", conta.

VÍDEO

Em março, Rossieli Soares deu entrevista ao Bom Dia São Paulo sobre as medidas adotadas na educação devido à pandemia, reveja:

Secretário da Educação explica as medidas tomadas para impedir avanço do novo coronavírus

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