Superintendente do Ibama fala sobre ataques a prédios do órgão no AM

Superintendente do Ibama fala sobre ataques a prédios do órgão no AM

O superintendente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no Amazonas, José Leland Barroso, classificou o ataque a prédios de órgãos de fiscalização ambiental no Sul do estado como uma barbárie e insulto ao Estado brasileiro. Ele afirma que o crime foi um ato planejado. Garimpeiros da localidade são suspeitos do ataque. A Polícia Federal investiga o caso.

A ação criminosa ocorreu na sexta-feira (27), após uma operação do Ibama apreender e incendiar balsas usadas em um garimpo. Ao todo, 37 balsas foram apreendidas durante a ação. Revoltados, garimpeiros se reuniram para protestar. Prédios do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foram destruídos. Um barco do ICMBio também foi queimado neste sábado (28).

"O prejuízo é muito maior. Eles não se contentaram em só destruir do Ibama que estava, eventualmente, envolvido como o Chico Mendes. Eles tocaram fogo no Incra, no Idam. Quer dizer, eles tentaram instalar um califado dentro de Humaitá. Foi terrorismo mesmo. O Estado brasileiro foi insultado. Veja bem, eles nos chamaram para ação. Eles sabiam que não estavam licenciados, que ali era irregular. Considero aquilo uma barbárie. Desafiaram o poder do Estado brasileiro e isso vai ter resposta, o Ibama não vai recuar”, disse Barroso.

Sede do Ibama em Humaitá foi incendiada por grupo — Foto: Raolin Magalhães/Rede Amazônica

O superintendente acredita que toda a ação foi planejada. "O que se sabe é que isso foi uma coisa premeditada. Eles compraram todos os fogos de artifícios que tinham em Humaitá, todos os foguetes. Fizeram a ação exatamente numa sexta-feira, depois do expediente das instituições, para que a gente tivesse dificuldade de nos movimentar para reagir", afirmou.

O ataque durou cerca de cinco horas. Vídeos de celulares registraram a destruição. A sede do Ibama foi a mais afetada. Sete viaturas do órgão foram destruídas. Móveis, utensílios, computadores, arquivos e processos também foram afetados.

O superintendente explicou que as embarcações foram destruídas depois que garimpeiros impediram a remoção de balsas na localidade. Segundo ele, a ação foi realizada conforme prevê a legislação. "O Ibama tentou remover as balsas para o porto de Humaitá e ficar sob a guarda da Marinha, mas os garimpeiros não deixaram que as balsas fossem rebocadas e não tinha outra maneira de fazer, senão usar o artigo 111 do decreto 6.514", explicou.

Conforme a lei, os produtos, inclusive madeiras, subprodutos e instrumentos utilizados na prática de infrações contra o meio ambiente poderão ser destruídos ou inutilizados quando a medida for necessária para evitar o seu uso em situações em que o transporte e a guarda forem inviáveis em face das circunstâncias.

Segundo o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Aldo de Campos Costa, que acompanha a situação no município, os órgãos ambientais atuaram estritamente dentro da legalidade.

Garimpeiros atearam fogo em prédios públicos em humaitá

Garimpeiros atearam fogo em prédios públicos em humaitá

Segurança reforçada

A segurança em Humaitá foi reforçada por soldados do Exército e Policiais Federais depois de ataque a prédios. Peritos da Polícia Federal de Porto Velho, Rondônia, foram deslocados para dar início às investigações. O reforço de agentes da Força Nacional de Segurança chegou ainda na sexta.

O governo autorizou o deslocamento de equipes da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), Casa Militar e Defesa Civil para o município de Humaitá. A comitiva, que seguiu viagem no fim da manhã, trabalha na assistência às famílias desabrigadas com o incêndio de balsas e no levantamento de informações sobre o ocorrido.

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