Por G1


Manifestantes passam pela Times Square, em Nova York, após início do toque de recolher na noite de segunda-feira (1º) — Foto: John Moore / Getty Images via AFP

Horas após a ameaça feita pelo presidente Donald Trump de forças armadas para "dominar as ruas", cidades dos Estados Unidos foram tomadas por cenas de mais violência que ofuscaram protestos pacíficos contra o racismo na segunda-feira (1º). Esse sétimo dia de manifestações aconteceu em um momento que 40 cidades do país impuseram um toque de recolher para tentar conter novos confrontos.

EUA enfrentam onda de protestos contra o racismo após morte de George Floyd

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- Em Nova York, manifestações pacíficas registram alguns incidentes: foram quebradas vitrines de lojas perto do Rockefeller Center e da loja Macy na 34th Street. A polícia chegou a algemar dois homens que foram retirados da Macy. Um carro passou perto de um grupo de agentes de segurança e deixou pelo menos dois feridos.

- Na Filadélfia, policiais usaram armas não letais para dispersar um grupo de manifestantes que ocupou uma rodovia interestadual depois do toque de recolher.

- Em Washington, os arredores da Casa Branca registraram confrontos entre forças de segurança e manifestantes durante o discurso de Trump. Helicópteros sobrevoaram os manifestantes. A prefeita de Washington, Muriel Bowser, antecipou em quatro horas o início do toque de recolher, que começou às 19h (21h de Brasília). Depois deste horário, dezenas de manifestantes foram detidos.

- Em St Louis (Missouri), o choque entre manifestantes e as forças de segurança deixaram quatro policiais baleados. Eles foram hospitalizados, mas não correram risco de morrer.

Policial prende manifestante perto da Times Square, em Nova York, na noite de segunda-feira (1º) após início de toque de recolher — Foto: John Moore/Getty Images/AFP

- Em Las Vegas (Nevada), um policial foi baleado no confronto com manifestantes.

- Em Los Angeles (Califórnia), houve registro de um incêndio criminoso em uma rua comercial.

- Em Atlanta (Geórgia), policiais usaram gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes.

Manifestantes são detidos depois do início do toque de recolher em Atlanta, nos Estados Unidos, na segunda-feira (1º) — Foto: Curtis Compton/Atlanta Journal-Constitution via AP

- Em Nashville, mais de 60 policiais da Guarda Nacional colocaram no chão os seus escudos contra motins a pedido de manifestantes pacíficos que se reuniram em frente ao Capitólio do estado do Tennessee para homenagear George Floyd.

Tropas da Guarda Nacional colocam seus escudos no chão a pedido de manifestantes em Nashville, no Tennessee, na segunda-feira (1º) — Foto: Kimberlee Krkuesi/AP

As manifestações desta segunda ocorrem uma semana após a morte de George Floyd, um ex-segurança negro morto em Minneapolis após um policial branco ajoelhar sobre seu pescoço durante abordagem (leia mais abaixo).

A onda de manifestações, algumas violentas, atingiu várias importantes cidades americanas. Trump criticou a abordagem policial e a violência que marcou as manifestações no anoitecer de todos os dias da última semana. O mandatário americano defendeu que protestos legítimos não podem ser suplantados por uma "multidão raivosa".

Nesta segunda, o presidente americano ameaçou enviar as Forças Armadas para as cidades onde estivessem acontecendo os protestos caso os governadores e prefeitos não contivessem a violência.

"Se os estados ou cidades não tomarem as ações necessárias para proteger a vida e a propriedade de seus moradores, eu vou chamar as Forças Armadas dos EUA para rapidamente resolver o problema por eles", declarou Trump, em pronunciamento na Casa Branca.

Morte por asfixia

George Floyd estava sub custódia policial quando foi morto por agente branco — Foto: AFP/Facebook / Darnella Frazier

Ainda na segunda-feira, dois novos laudos de autópsias declararam que Floyd foi morto por asfixia, causada pela pressão do joelho do policial Derek Chauvin sobre seu pescoço por mais de 8 minutos.

Ambas conflitam com a autópsia inicial, apresentada pela cidade de Minneapolis, que dizia que não havia "nenhum achado físico que suporte o diagnóstico de asfixia traumática ou estrangulamento".

Chauvin foi detido e acusado de homicídio culposo (sem intenção de matar) e assassinato em terceiro grau (quando é considerado que o responsável pela morte atuou de forma irresponsável ou imprudente). Novas imagens mostraram que os outros policiais que participavam da abordagem também ajudaram a imobilizar Floyd, aumentando a pressão popular para que eles também sejam detidos.

'Votem'

O irmão de George Floyd, Terence, pediu o fim da violência durante uma homenagem ao irmão. "Não parem de protestar, mas levantem um símbolo da paz", disse, durante um ato no local onde a detenção aconteceu. "Parem de pensar que nossas vozes não importam e votem."

Protestos em tempos de pandemia

Os protestos ocorrem em um momento em que mais de 100 mil pessoas morreram nos Estados Unidos por complicações da Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. As medidas tomadas para mitigar a pandemia acertaram um forte golpe na economia americana em um ano eleitoral.

A epidemia teve um impacto devastador na comunidade negra e alguns estudos mostram que esta população corre até três vezes mais riscos de morrer da doença do que os brancos.

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