As instituições financeiras estudam conceder um período de carência para clientes do crédito consignado, afirmou nesta segunda-feira o presidente Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney.
A ideia, segundo ele, é "estender a prorrogação que fizemos em outras linhas para o crédito consignado, quem sabe dando uma carência".
O presidente da Febraban também afirmou que os dados mais recentes mostram um total de R$ 130 bilhões de empréstimos renegociados desde o início da crise. "Mas esse número é parcial", afirmou, destacando que acredita que os valores já estejam mais próximos de R$ 150 bilhões.
A renegociação de dívidas e a concessão de novos empréstimos já somam entre R$ 350 bilhões e R$ 400 bilhões desde o início da crise, afirmou o executivo. A declaração foi dada em live promovida pela própria Febraban, com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Na live, Sidney destacou também a importância de cumprimento de contratos durante a crise. "Choque de oferta e choque de demanda não se resolvem com quebra de contrato", disse, afirmando que possíveis descumprimentos de acordos já estabelecidos trazem "consequências severas" para a economia.
Nesse contexto, ele reforçou que os "bancos estão totalmente abertos para renegociar as dívidas". De acordo com o presidente da Febraban, caso a situação se agrave, as instituições financeiras poderão oferecer condições mais favoráveis para renegociar dívidas.
Demanda por empréstimos e efeito na liquidez e nos juros
O volume elevado de recursos que as grandes empresas vêm demandando dos bancos nas últimas semanas já têm impacto sobre a liquidez das instituições financeiras e a curva longa de juros, afirmou Sidney.
"Precisamos separar, de um lado, as pequenas e médias empresas, que estão renegociando suas dívidas", disse em live promovida pela Febraban. "Temos que separar isso das grandes empresas, que estão demandando valores muito elevados, o que impacta de forma significativa a liquidez dos bancos, com reflexo na curva de juros." Segundo ele, a crise já causa aumento da inadimplência.
Sidney também alertou que eventuais elevações de impostos sobre os bancos acabariam se traduzindo em maiores despesas estruturais para essas instituições e, consequentemente, em maiores spreads. "Não é razoável ter aumento estrutural de custos em uma recessão", disse.
Ele reforçou, no entanto, que o sistema financeiro está em uma situação confortável para enfrentar a crise. "Estamos sólidos e saudáveis", afirmou.
Ainda de acordo com Sidney, entre 80% e 90% das pequenas e médias empresas que vêm buscando empréstimos para pagar a folha salarial na linha oferecida pelo governo federal e por grandes bancos estão sendo atendidas.