• Mariana Fonseca
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Jade Utsch, Tatiany Ribeiro e Jennifer de Faria, da Radarfit (Foto: RadarFit/Divulgação)

Jade Utsch, Tatiany Ribeiro e Jennifer de Faria, da Radarfit (Foto: RadarFit/Divulgação)

As empreendedoras Jade Utsch, Jennifer de Faria e Tatiany Ribeiro criaram um negócio a partir de uma dúvida: por que as pessoas deixam se seguir uma boa alimentação ou uma boa rotina de exercícios? Elas descobriram que a resposta estava na falta de gratificação instantânea.

O aprendizado fez surgir a RadarFit: um aplicativo que leva jogos e prêmios em troca de tarefas de bem-estar cumpridas. A startup já atende 30 mil usuários de 20 empresas, que usam o aplicativo como um benefício acessível de nutrição e condicionamento físico.

Após um aporte semente, a RadarFit planeja sua expansão para 200 mil usuários em 2020. O número deve ser ajudado por movimentos recentes. A RadarFit abriu seu aplicativo para qualquer usuário durante o período de quarentena causado pela pandemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus.

Ideia de negócio: jogos e prêmios em troca do bem-estar
Jade é engenheira de produção, Jennifer é administradora e Tatiany é programadora. As empreendedoras queriam montar um negócio que resolvesse o problema das pessoas com alimentação e exercícios contínuos. Elas criaram um marketplace que reunia educadores, nutricionistas, roupas de academia e chás.

"Vimos logo que não era a solução e logo fomos falar com as pessoas na rua", diz Jade. Após ouvirem 1.500 entrevistados, as empreendedoras concluíram que o problema era imediatismo: as pessoas não viam resultados rápidos depois de comer um prato saudável ou saíram de um treino. Essa sensação gera falta de disciplina e eventualmente desistência de hábitos.

O mínimo produto viável (MVP) da RafarFit foi criado em 2018, pelo mensageiro WhatsApp. Divulgando entre amigos e redes de contato, as empreendedoras criaram um grupo com 5 mil pessoas e mandavam missões diárias de alimentação e exercício. Depois, calculavam pontos ganhos por cada usuário em uma tabela de Microsoft Excel. "Recebíamos 1.000 mídias diárias pelo grupo. Concluímos que essa ideia funcionaria", diz Jade.

A RadarFit se tornou um aplicativo que usa jogos e premiações para incentivar hábitos saudáveis: comer um prato saudável, fazer uma série de exercícios em casa, beber copos de água e meditar são tarefas que geram moedas e diamantes. As moedas são trocadas por prêmios, como ingressos para o cinema ou eletrônicos. Já os diamantes são usados para definir posições no ranking do aplicativo (por tarefas cumpridas, e não emagrecimento).

Os usuários colocam objetivo físico, gênero, peso e idade ao se cadastrar. Depois, podem realizar até 14 missões por dia. O cumprimento é verificado por uma inteligência artificial que reconhece imagens e vídeos (por exemplo, um copo de água vazio). As tarefas ficam cada vez mais personalizadas a partir da perda de peso do usuário.

A startup foca em quem está dando os primeiros passos pelo bem-estar: o aplicativo cria hábitos saudáveis que depois se refletirão em uma dieta ou treino personalizados. A RadarFit atende 30 mil usuários por meio de um modelo B2B: fechou parceria com mais de 20 empresas de média e grande porte, que usam o aplicativo como benefício aos seus funcionários. O serviço custa R$ 4,90 por mês para cada membro.

A área de recursos humanos de cada empresa pode ver um ranking personalizado e acessar um termômetro de bem-estar, com dados como missões realizadas, litros de água tomados e quilômetros andados. A RadarFit também tangibiliza os resultados em diminuição da probabilidade de doenças cardíacas ou respiratórias da equipe.

Segundo Jade, há uma conversão de 76% nas empresas (porcentagem de funcionários que entram ao menos duas vezes por dia no aplicativo) e há um aumento de 20% a 25% na produtividade das equipes, com 45% menos chance de doenças cardíacas e renais e 30% menos chance de episódios de estresse e depressão.

Novo coronavírus e planos para 2020
A RadarFit captou recentemente um aporte semente milionário, de valor exato não revelado, para investir em tecnologia e equipe para expansão nacional do aplicativo. Anteriormente, a startup já havia passado por uma aceleração na Startup Farm, na cidade de São Paulo, e recebido um aporte de R$ 150 mil da aceleradora.

A expansão nacional será impulsionada também pela pandemia de Covid-19, causada pelo novo coronavírus. A RafarFit está testando um modelo B2C, liberando acesso gratuito ao aplicativo por qualquer usuário durante a quarentena. No modelo B2B, a mensalidade também se tornou gratuita por dois meses sem contrato de fidelidade.

O objetivo é atingir 200 mil usuários em 2020. A Radarfit quadruplicou seu faturamento em 2019 e espera quintuplicá-lo neste ano -- agora, com a ajuda de um exército de pessoas procurando se alimentar e se exercitar melhor dentro de casa.