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Michael Munro, vice-presidente de compliance da Odebrecht (Foto: Sebastião Moreira/EFE)

Michael Munro, vice-presidente de compliance da Odebrecht (Foto: Sebastião Moreira/EFE)

O cumprimento normativo sob os padrões internacionais e a trajetória empresarial são algumas das apostas da Odebrecht para superar o impacto dos escândalos de corrupção que envolvem a empreiteira, apontou neste sábado um alto executivo do grupo.

"Estamos implementando uma melhoria significativa de controles sob os padrões mundiais que nos permitirão grandes mudanças amparadas nas normas globais", apontou à Agência Efe Michael Munro, vice-presidente de compliance da companhia.

O executivo americano, que chegou ao grupo em 2016 para oferecer sua experiência de 25 anos em "compliance" (cumprimento normativo) no momento mais crítico da empresa, disse que a Odebrecht admitiu erros, se comprometeu com acordos e deve satisfações a uma "grande lista" de clientes, bancos e governos.

"Vamos fazer as coisas acertadamente, com normas eficazes e anticorrupção, sem descuidar do ambiente de segurança e dos nossos funcionários", ressaltou Munro, que presta contas diretamente ao Comitê de Conformidade da companhia e não ao presidente, nem ao Conselho de Administração.

A Odebrecht assinou acordos de delação premiada em troca de reduções nas condenações de 77 dos seus executivos, que aceitaram confessar os esquemas de corrupção na construtora.

As confissões permitiram à justiça a abertura de dezenas de investigações sobre a participação da Odebrecht no financiamento ilegal de campanhas eleitorais, no pagamento de propinas a autoridades para obter contratos de obras públicas e em operações financeiras irregulares.

O escândalo tomou dimensão internacional no final de 2016, quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, com o qual a Odebrecht também fez um acordo, revelou que a empreiteira admitiu ter pago US$ 788 milhões em propinas em 12 países da América Latina e da África.

Para Munro, muitas empresas não seguiram as normas no Brasil, em outros países da América Latina e em muitos lugares do mundo, mas não é tarde para implementar "um modelo e exemplo de segurança, com normas ambientais, e por isso estamos comprometidos a ter um grande modelo com um programa específico e positivo".

Nesse sentido, desde que começou o seu desafio para melhorar a imagem institucional da construtora e recuperar a confiança externa da mesma, o executivo iniciou uma série de diretrizes internas baseadas em princípios éticos e nos quais "a comunicação faz parte do treino".

Esse treino foi adotado de acordo com as condições locais em cada um dos países em que a companhia atua, com o objetivo de "conseguir um 'feedback', uma comunicação de duas vias" e também por isso a aposta é em "investimentos para as comunicações".

"As empresas podem mudar e vamos pagar pelas penalidades e assumir responsabilidades. É reconhecer, mas também entender que há novas oportunidades e ter sucesso", ressaltou Munro.

A trajetória empresarial, amparada na alta qualificação técnica da empreiteira e no reconhecimento internacional na execução dos seus projetos, são pilares para o "reposicionamento" da Odebrecht.

"Estamos fazendo a nossa parte interna e qualquer processo de licitação deve ser transparente", disse Munro, que também é advogado.

Não obstante, o executivo admitiu que "cada país tem suas regras. Vemos como vão presos no Panamá ou na República Dominicana, como um acordo na Colômbia foi mais difícil, e a situação em Angola é completamente diferente. Por isso vai levar tempo reconstruir a confiança, mas faremos todo o possível".